21 de março de 2018

RESISTIR É CRIAR – RESISTIR É TRANSFORMAR


Mensagem final dos membros da Família Comboniana
Participantes no Fórum Social Mundial e no Fórum Comboniano 

Ministerialidade e trabalho em rede/colaboração na Família Comboniana
e com as outras organizações 

Salvador da Bahia, 10-19 de Março de 2018 

Nós leigos, irmãs, irmãos e padres missionários combonianos, que participámos no Fórum Social Mundial (FSM) e no Fórum Comboniano (FC), saudamos-vos a partir de Salvador, terra de resistência negra e de culturas afrodescendentes, com um coração cheio de gratidão e de esperança. De 10 a 19 de Março de 2018 vivemos juntos uma experiência forte e única ao participar no FSM, que tinha como tema “Resistir é criar – resistir é transformar” e no VIII FC com o tema “Minsiterialidade e trabalho em rede/colaboração na Família Comboniana e com as outras organizações”. Agradecemos de modo particular aos nossos conselhos gerais que juntos nos escreveram uma mensagem de encorajamento pelo empenho na JPIC e pela nossa participação no FSM como experiência do vivido do nosso carisma nos desafios do mundo de hoje.

A nossa participação foi relevante e numerosa: 53 pessoas provenientes da África, Europa e América. Experimentámos a grande riqueza do nosso carisma na variedade dos nossos empenhos. Pela primeira vez participaram também representantes dos jovens em formação no escolasticado e no CIF com um seu formador. Agradecemos também pelas respostas recebidas de quatro escolásticos ao questionário que o comité central tinha enviado com o objectivo de compreender até que ponto é que os temas da JPIC estão presentes na formação. Reafirmamos o empenho de envolver sempre mais as pessoas em formação e os formadores sobre os temas da JPIC e nas dinâmicas do FSM e do FC.

No FSM apresentámos como Comboni Network quatro workshops: Land grabbing, Extracção minerária, Situação sócio-política da RD. do Congo e do Sudão do Sul, Superação da violência e discriminação de género. Isto permitiu-nos partilhar na metodologia do FSM o nosso empenho como missionários e missionárias por um outro mundo possível. Um stand, preparado por nós, permitiu-nos fazer animação missionária, encontrar e dialogar com muitas pessoas e darmo-nos a conhecer. Entre os numerosos workshops propostos pelo FSM, acompanhámos com interesse Os novos paradigmas, Teologia e libertação, Jovens, Resistência dos povos originários e afrodescendentes, e Migrações. Durante o desenvolvimento do Fórum, participámos também na assembleia mundial das mulheres. O FSM realizou-se em clima de festa, interrompido pela morte de dois activistas dos direitos humanos: Marielle Franco, no Rio de Janeiro, e Sérgio Paulo Almeida do Nascimento, em Barcarena, estado do Pará.

O Fórum Comboniano realizou-se no signo da continuidade com os encontros precedentes. As jornadas foram intercaladas por momentos inculturados de espiritualidade, durante os quais celebrámos a vida, os sofrimentos e as esperanças, em sintonia com as realidades dos Países de proveniência e com aquelas encontradas no Fórum. Interrogámo-nos sobre a necessidade de aprofundar a reflexão acerca dos novos paradigmas da missão, de consolidar esta experiência como família comboniana e de poder dar maior espaço de participação aos leigos e às leigas. Nesta reflexão fomos acompanhados e animados por Marcelo Barros, que partilhou o estado actual da teologia e libertação, e Moema Miranda, que, depois de uma análise da realidade mundial, indicou algumas luzes para o caminho propostas pela Laudato Si’. Perante um neoliberalismo sem limites, o convite lançado foi no sentido de pôr em diálogo os pobres e de consolidar a fé na presença do Espírito de Deus que caminha connosco na história.

Interpelados por aquilo que vivemos, propomos:
  • Publicar um livro que reúna a história e as esperanças destes onze anos de Fórum Comboniano, indicando caminhos para o futuro. 
  • Ampliar a coordenação do Comboni Network para um melhor serviço de sensibilização e formação sobre os temas da JPIC. 
  • Realizar um Fórum Social Comboniano continental para pôr em confronto as diversas realidades nas quais estamos empenhados. 
  • Criar um fundo económico para sustentar as actividades ligadas ao empenho da JPIC. 
  • Consolidar uma plataforma on-line onde recolher e partilhar experiências e material sobre os temas da JPIC. 
Depois desta experiência, sentimos ainda mais consistente a importância de nos reencontrarmos para uma maior colaboração entre nós, para nos confrontarmos como Família Comboniana e como pessoas empenhadas em âmbitos diversos mas unidos no empenho da JPIC para procurar novos caminhos de minsiterialidade e novos paradigmas da missão.

Salvador da Bahia, 19 de Março de 2018
Festa de São José, Operário

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