1 de março de 2018

LIDERANÇA EXCEPCIONAL


Fundação distingue ex-presidente da Libéria.


A Fundação Mo Ibrahim honrou Ellen Johnson Sirleaf, ex-presidente da Libéria, com o Prémio Ibrahim 2017 para a Excelência na Liderança Africana.

Numa citação de treze parágrafos, a Fundação explica que «confrontada com desafios renovados e sem precedentes, Ellen Johnson Sirleaf demonstrou uma liderança excepcional e transformadora» durante doze anos à frente da república mais antiga da África.

A laureada tem uma história de vida notável: nasceu há 79 anos em Monróvia, a capital liberiana; formou-se em Economia na Libéria e em Harvard, nos Estados Unidos; foi ministra das Finanças; viveu em detenção domiciliária e foi presa; foi exilada no Quénia e nos EUA; dirigiu o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento para a África; trabalhou no Banco Mundial.

Perdeu as presidenciais de 1997 para Charles Taylor e ganhou as de 2005 ao ex-futebolista George Weah, sendo a primeira presidente africana eleita. Conduziu a Libéria dos horrores de catorze anos de guerra civil (que fez 250 mil mortos) para a democracia. Conduziu o processo de reconciliação nacional, alistou a ajuda de grandes organizações humanitárias e atraiu investimento estrangeiro.

Em 2011, partilhou o Prémio Nobel da Paz com outras duas laureadas e conquistou o segundo mandato presidencial. O Comité Nobel quis distinguir a presidente Sirleaf por «salvaguardar a paz, promover o desenvolvimento económico e social e por reforçar a posição das mulheres».

É esta liderança que a Fundação Mo Ibrahim quer reconhecer e celebrar com o prémio que concedeu à ex-presidente liberiana: «Durante doze anos no cargo, Ellen Johnson Sirleaf pôs os alicerces sobre as quais a Libéria pode ser agora construída. No processo, ela restaurou a dignidade dos Liberianos e o orgulho do país.» E continua: «Manteve firmemente as suas prioridades e a sua determinação para ter êxito em nome do povo da Libéria.»

Mais benquista no exterior que no seu país, a «Dama de Ferro» africana enfrentou algumas dificuldades: apoiou numa eleição o senhor da guerra Charles Taylor; foi acusada de corrupção e nepotismo (empregou os filhos em lugares-chave do governo); dias antes de terminar o mandato, o seu partido expulsou-a, porque apoiou George Weah nas presidenciais de 2017 em vez de fazer campanha pelo seu vice-presidente Joseph Boakai. E teve de lidar com a grave epidemia do vírus de ébola que matou quase cinco mil liberianos entre 2014 e 2015 e afectou severamente a economia nacional. Mas, para a Fundação Mo Ibrahim, estes reveses não minoram a liderança de excelência da senhora Sirleaf.

Ellen Sirleaf junta-se à galeria dos líderes laureados pelo Prémio Ibrahim que inclui Hifikepunye Pohamba da Namíbia (2014), Pedro Pires de Cabo Verde (2011), Festus Mogae do Botsuana (2008) e Joaquim Chissano de Moçambique (2007). Nelson Mandela recebeu o prémio a título honorário em 2007. E embolsou cinco milhões de dólares americanos pagos em prestações durante dez anos, mais 200 mil por ano depois de dez anos.

O prémio foi instituído por Mo Ibrahim, magnata anglo-egípcio das telecomunicações, para distinguir e promover a excelência na liderança africana.

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