A cidade espreguiça-se pelas colinas à frente da baia
tranquila do Adriático sob a sombra ameaçadora do Vesúvio. As ruas estreitas da
cidade velha são disputadas por peões, lambretas e vendedores. Interessante o
negócio das estátuas: presépios de montar aos poucos, papas e berlusconis de
todos os tamanhos e feitios, até um Rafael Benítez em tamanho real. E inúmeros amuletos
para dar sorte e proteger do azar comandados pelo surpreendente piripiri em
muitas formas e tamanhos mas sempre encarnado vivo!
Impressiona o desmazelo a que a urbe está votada: casas a
pedir urgente restauro, ruas remendadas, desniveladas, sujas e «ajardinadas» com
urtigas e outras plantas selvagens em claro contraste com bairros chiques,
asseados e bem pavimentados.
Nos autocarros, entra-se pela porta da saída e são poucos os
que validam o título de transporte se não houver nenhum fiscal a fazer a ronda.
O desemprego é grande e a Camorra transforma os jovens sem
trabalho em passadores de droga e vendedores de tabaco de contrabando. Os lixos
urbanos são outra grande fonte de receita para o crime organizado. A violência
impera. Um aviso: não convém caminhar pelas ruas com as mãos nos bolsos, porque
podem pensar que se está armado…
Há um grande número de africanos a venderem isqueiros e
lenços de papel em esquinas e rotundas. Um pedinte chamou-me insistentemente
«dotore» à porta da Estação Central, na esperança de receber uns trocados…
Vedi Napoli e poi muori!!! Vê Nápoles e depois morre? Demasiado
dramático… Melhor mesmo é voltar!
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