18 de dezembro de 2018

MÃE SANTA


A FADISTA MARIZA teve um filho prematuro às 18 semanas de gestação. Chama-se Martim e, durante o primeiro ano de vida, teve que lutar muito para sobreviver. Passou muito tempo na incubadora, esteve ligado às máquinas para respirar e crescer.

«Ele faz um ano e no dia a seguir pego na minha mãe e vou para Fátima com ele ao colo e digo: “Minha Nossa Senhora, eu sou mãe, tu és mãe. Ele é teu como meu. Cuida dele que eu vou cuidar o que conseguir.” E o Martim é da Nossa Senhora, não é meu. Está aí» – a cantora contou numa entrevista.

Emocionou-me profundamente este testemunho, este diálogo entre mulheres-mães, o génio feminino, esta consagração do Martim a Nossa Senhora. Uma mãe que confia o filho à outra: «Cuida dele!»

O Papa Francisco recordou-nos três vezes na missa da canonização dos Pastorinhos, a 13 de maio de 2017, que temos Mãe! E desafiou-nos: «Agarrados a Ela como filhos, vivamos da esperança que assenta em Jesus.»

A Imaculada Conceição é a nossa mãe, porque Jesus no-la deu no Calvário num ato de amor radical: normalmente a mãe é única e partilhada só com os irmãos de sangue. Ao dar-nos como filhos à Mulher e ao amado como Mãe, Jesus faz-nos irmãos de sangue no sangue derramado na Cruz.

«Junto à cruz de Jesus estavam, de pé, sua mãe e a irmã da sua mãe, Maria, a mulher de Clopas, e Maria Madalena. Então, Jesus, ao ver ali ao pé a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe: “Mulher, eis o teu filho!” Depois, disse ao discípulo: “Eis a tua mãe!” E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua» – conta João no seu Evangelho.

A Santa Maria, a mulher forte que permanece de pé junto à cruz do Filho, é uma Mãe que cuida de nós, seus filhos; uma Mãe que nos ensina o caminho da Vida, o caminho da santidade, o caminho de todos e cada um de nós.

O Papa Francisco publicou há quase um ano uma Exortação Apostólica. Chamou-lhe Alegrai-vos e exultai. É um roteiro para viver o chamamento à santidade no mundo actual, a santidade «ao pé da porta».

O penúltimo parágrafo, nº 176, coroa as reflexões do papa argentino sobre a santidade. Apresenta Maria como modelo – não das passarelas luzidias da moda, mas dos caminhos trabalhosos da vida – «porque ela viveu como ninguém as Bem-aventuranças de Jesus»:
  •  Estremecia de júbilo na presença de Deus; 
  • Conservava tudo no seu coração; 
  • Deixou-se trespassar por uma espada de dor. 
O Papa define Maria de Nazaré como «a mais abençoada dos santos entre os santos, aquela que nos mostra o caminho da santidade e nos acompanha!»

Maria, a Virgem Imaculada concebida sem pecado, caminha connosco os caminhos da santidade: não estamos sós neste peregrinar de Deus e para Deus. Fazemo-lo juntos, como povo de Deus, fazemo-lo com ela que nos precede como Mãe e Mestra.

Francisco escreve que «ninguém se salva sozinho, como indivíduo isolado, mas Deus atrai-nos tendo em conta a complexa rede de relações interpessoais» (nº 6).

O caminho da santidade nem sempre é chão raso! «Estreita é a porta e difícil o caminho que conduzem à vida», disse Jesus.

O caminho da santidade tem altos e baixos, dificuldades, tentações, buracos… De vez em quando caímos. Somos fracos, somos frágeis. Mas a Mãe está connosco: «quando caímos, não aceita deixar-nos por terra e, às vezes, leva-nos nos braços sem nos julgar», escreve o Papa.

Como Mariza rezou em Fátima: Santa Maria é Mãe e cuida de nós; levanta-nos e leva-nos ao colo, dá-nos colo.

O Papa Francisco termina assim o breve parágrafo de 115 densas palavras: «Conversar com Ela consola-nos, liberta-nos, santifica-nos. A Mãe não necessita de muitas palavras, não precisa que nos esforcemos demasiado para Lhe explicar o que se passa connosco. É suficiente sussurrar uma vez e outra: “Ave-maria...”.»

Eis uma trindade de verbos essenciais para a nossa espiritualidade mariana: Maria consola-nos, liberta-nos, santifica-nos!

É tudo isto que apresentamos à Mãe para que ela ao escutar a nossa prece, o nosso agradecimento nos console, nos liberte e nos santifique.

A Mãe Santa ensina-nos a escutar o que Deus quer de nós através de tantos anjos que nos envia, com rostos e corações conhecidos.

Ensina-nos a admitir os nossos sentimentos perturbados, a assumir os nossos medos e angústias, a dar voz às nossas dúvidas, a reconhecer os nossos limites, o vaso de barro onde trazemos o tesouro que somos.

O mistério da anunciação de Nazaré – a evangelização de Maria, como lhe chamam os nossos irmãos ortodoxos – repete-se na história de cada um de nós.

O Papa Francisco recorda que cada um de nós é uma missão em Cristo, um caminho de santidade. Deus quer dizer hoje uma palavra concreta, uma mensagem através de cada um.

«Permite-lhe plasmar em ti aquele mistério pessoal que possa reflectir Jesus Cristo no mundo de hoje», escreve o Papa no nº 23 da exortação Alegrai-vos e exultai.

Maria ensina-nos a dizer, no fim: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra.»

Habitam-nos tantas palavras… Mas é a Palavra de Deus que quer fazer-se em nós, ser Natal em nós para celebrarmos bem o Ano Missionário, «uma ocasião de graça, intensa e fecunda, de modo que desperte o entusiasmo missionário», como desejam os nossos bispos.

Acolher Maria como nosso Mãe santa – como em nosso nome fez o discípulo amado junto à Cruz – é dizer sim como e com ela ao projeto de Deus de um mundo redimido através da encarnação, morte e ressurreição do seu Filho, triunfo da bondade de Deus sobre toda a maldade do Mafarrico.

Parece ser uma missão impossível, mas não precisamos de muitas palavras para pedir a ajuda de Santa Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe. Basta sussurrar uma e outra vez com o Anjo, com todas as filhas e filhos: «Ave-maria…»

1 comentário:

pelina disse...

Bendito sejam aqueles (as) que sabem Valorizar a Nossa Mãe do Céu...
Mãe do Céu,ampara e envolve o teu Povo com o teu manto coberto de Amor...assim o Mundo será melhor...
Avé Maria
Um abraço,
Feliz Natal
P.Anacleto