16 de outubro de 2018

PÃO PARA TODOS



Hoje celebra-se o Dia Mundial da Alimentação, uma boa ocasião para tomarmos consciência da realidade de hoje em termos de comida e da falta dela.

Uma em cada 11 pessoas passa fome: 815 milhões numa população de 7,6 mil milhões. Os dados são das Nações Unidas.

Mas não tem necessariamente de ser assim: a Terra produz alimentos suficientes para todos.

A FAO diz que uma pessoa para viver precisa de cerca de 2500 quilocalorias (kcal) por dia e o mundo produz uma média de 2790 kcal por dia por pessoa.

Se o que a terra produz em termos de comida é mais do que o necessário, então porque é que há fome no mundo?

As razões são variadas: distribuição inadequada de recursos, perda de alimentos devido a armazenamento e transporte deficientes (cerca de um terço), desperdício de comida (mais um terço é estragada), uso de culturas para a produção de energia (os chamados combustíveis vedes), açambarcamentos de terras, insegurança, mudanças climáticas, etc.

O papa assinala-o na encíclica Laudato si’: «O aquecimento causado pelo enorme consumo de alguns países ricos tem repercussões nos lugares mais pobres da terra, especialmente na África, onde o aumento da temperatura, juntamente com a seca, tem efeitos desastrosos no rendimento das cultivações» (LS 51).

As grandes multinacionais agroindustriais proclamam os organismos geneticamente modificados (OGM) e transgénicos como o milagre para aumentar a produção alimentar e resolver o problema da fome.

É verdade? É pura propaganda.

As sementes transgénicas que colocam no mercado são híbridas e não dão para semear segunda vez. O que eles querem controlar é o mercado mundial das sementes. Depois, ainda não se sabe dos efeitos dos OGM na biologia e no organismo humano.

Jesus propõe-nos a partilha do que temos como princípio de solução do problema da fome. O milagre da multiplicação dos pães ensina isso (Marcos 6, 38-44).

Jesus ensinou os discípulos – e cada um de nós – a pedir «o pão nosso de cada dia nos dai hoje» (Mateus 6, 11; Lucas 11, 3).

É importante notar que Jesus não ensinou: dá-me o pão meu de cada dia; ele usa o plural: «dá-nos o nosso pão de cada dia.»

Quanto rezamos o pai-nosso estamos a pedir o pão de todos, a responsabilizar-nos pela alimentação de todos, incluindo os 815 milhões que passam fome.

Vivemos essa responsabilidade através da partilha do que temos, através de uma sobriedade feliz de vida, combatendo o desperdício e a obesidade.

Rezemos para que não falte a ninguém o pão necessário. Que a quem mais tem, menos lhe baste, e a quem menos tem, mais se lhe acrescente.

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