3 de outubro de 2018

FRANCISCO, O AFRICANO



O papa argentino traz a África no coração.

Francisco tem um grande amor à África: o continente está presente nas três exortações apostólicas e na encíclica Laudato si’.

Na exortação apostólica A alegria do Evangelho n.º 62 escreve: «Há alguns anos, os Bispos da África […] assinalaram que muitas vezes se quer transformar os países africanos em meras «peças de um mecanismo, partes de uma engrenagem gigantesca.»

No n.º 246 acrescenta: «Dada a gravidade do contratestemunho da divisão entre cristãos, sobretudo na Ásia e na África, torna-se urgente a busca de caminhos de unidade.»

O continente também é referido no n.º 28 da exortação apostólica A alegria do amor: «Nalguns países, especialmente em várias partes da África, o secularismo não conseguiu enfraquecer alguns valores tradicionais e, em cada matrimónio, gera-se uma forte união entre duas famílias alargadas, onde se conserva ainda um sistema bem definido de gestão de conflitos e dificuldades.»

Na carta encíclica Laudato si´ escreve no n.º 28: «A pobreza da água pública verifica-se especialmente na África, onde grandes sectores da população não têm acesso a água potável segura, ou sofrem secas que tornam difícil a produção de alimento.»

No n.º 51 acrescenta: «O aquecimento causado pelo enorme consumo de alguns países ricos tem repercussões nos lugares mais pobres da Terra, especialmente na África, onde o aumento da temperatura, juntamente com a seca, tem efeitos desastrosos no rendimento das cultivações.»

No n.º 32 da exortação apostólica Alegrai-vos e exultai, apresenta a sudanesa Bakhita como modelo de santidade: «Isto vê-se em Santa Josefina Bakhita, que, “escravizada e vendida como escrava com apenas sete anos de idade, sofreu muito nas mãos de patrões cruéis. Apesar disso compreendeu a verdade profunda que Deus, e não o homem, é o verdadeiro Patrão de todos os seres humanos, de cada vida humana. Esta experiência torna-se fonte de grande sabedoria para esta humilde filha da África”.»

O papa argentino foi ainda mais «africano» numa entrevista recente à Reuters: denunciou que «no nosso inconsciente colectivo há qualquer coisa dentro de nós que diz que a África deve ser explorada» e defendeu o investimento ordenado no continente «para criar emprego, não para ir lá explorá-la». Frisou que o subsolo africano – as riquezas naturais – ainda não é independente.

Lampedusa, uma ilha italiana ao largo da Tunísia, foi a primeira visita de Francisco em Julho de 2013. Voltou à África no fim de Novembro de 2015 para visitar o Quénia e Uganda e levar à martirizada República Centro-Africana com uma mensagem de paz e reconciliação. Aí abriu a primeira Porta Santa do Ano da Misericórdia. De volta ao Vaticano, anunciou: «A África é linda!»

Esteve no Egipto em Abril de 2017 e queria visitar o Sudão do Sul e a República Democrática do Congo em Outubro desse ano para mediar nos seus conflitos sangrentos. A viagem foi adiada devido à insegurança. Na oração pela paz nos dois países a que presidiu em Novembro do ano passado denunciou as chacinas de mulheres e crianças. Ofereceu 500 mil dólares para apoiar projectos de desenvolvimento no Sudão do Sul e deu 25 mil euros à FAO para apoiar as pessoas afectadas pela fome na África Oriental.

A África tem no papa argentino um paladino amigo incondicional.

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