2 de fevereiro de 2013

FIM DO MUNDO

Para o presidente da Nigéria, a violência no seu país, na República Centro-Africana e na Síria podem ser indicadores de que o mundo está para acabar.

No fim do ano passado, o presidente Goodluck Jonathan visitou uma igreja de Abuja, a capital da Nigéria, e comparou os ataques dos islamitas do Boko Haram (na foto) – que mataram 34 pessoas, incluindo 27 cristãos, durante a quadra natalícia – às guerras civis na República Centro-Africana e na Síria, questionando se a onda de violência nos três países não seria um sinal do fim do mundo iminente. «Temos desafios, sem dúvida, especialmente os ataques terroristas recentes contra todos nós e a Igreja, que é um dos alvos principais. Poderá isto ser uma maneira clara de nos dizerem que o fim do mundo está perto?», interrogou-se o presidente.
A dúvida do presidente Jonathan pode ser interpretada como reconhecimento da incapacidade do Governo para conter as atividades violentas do Boko Haram, um movimento radical que quer impor a lei islâmica aos cerca de 170 milhões de Nigerianos, apesar de só metade se confessarem muçulmanos. O Governo tentou responder à matança do Natal, atacando posições dos rebeldes islâmicos no Norte do país no dia 1 de Janeiro, e matou 13 militantes. O ex-presidente Olugesun Obassanjo criticou a mão dura com que o Governo está a tentar resolver a questão do Boko Haram, que, segundo observadores, está a afetar sobretudo a população civil, apanhada no fogo cruzado, e propôs negociações diretas com os rebeldes islamitas.
O Boko Haram – literalmente, educação (ocidental) proibida, expressão formada por uma palavra hausa e outra árabe – nasceu em 2002 quando um líder radical islâmico foi marginalizado por clérigos muçulmanos no Norte do país. O grupo começou a recrutar simpatizantes e financiadores entre 2005 e 2008. Em Junho de 2009, organizou um levantamento popular em que morreram mais de 800 pessoas. Em 2011, iniciou ataques regulares contra polícias, militares e postos de venda de bebidas alcoólicas. A primeira igreja foi atacada em Junho de 2011, e desde então os templos – católicos e protestantes, mas também algumas mesquitas – têm sido o alvo predileto do Boko Haram, que fontes militares e diplomáticas ocidentais acusam de manter contactos com a Al-Qaeda do Magrebe Islâmico e o Al-Shabab da Somália. No ano passado, matou mais de 270 pessoas.

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