Para o presidente da
Nigéria, a violência no seu país, na República Centro-Africana e na Síria podem
ser indicadores de que o mundo está para acabar.
No fim do ano
passado, o presidente Goodluck Jonathan visitou uma igreja de Abuja, a capital
da Nigéria, e comparou os ataques dos islamitas do Boko Haram (na foto) – que
mataram 34 pessoas, incluindo 27 cristãos, durante a quadra natalícia – às
guerras civis na República Centro-Africana e na Síria, questionando se a onda
de violência nos três países não seria um sinal do fim do mundo iminente.
«Temos desafios, sem dúvida, especialmente os ataques terroristas recentes
contra todos nós e a Igreja, que é um dos alvos principais. Poderá isto ser uma
maneira clara de nos dizerem que o fim do mundo está perto?», interrogou-se o
presidente.
A dúvida do
presidente Jonathan pode ser interpretada como reconhecimento da incapacidade
do Governo para conter as atividades violentas do Boko Haram, um movimento
radical que quer impor a lei islâmica aos cerca de 170 milhões de Nigerianos,
apesar de só metade se confessarem muçulmanos. O Governo tentou responder à
matança do Natal, atacando posições dos rebeldes islâmicos no Norte do país no
dia 1 de Janeiro, e matou 13 militantes. O ex-presidente Olugesun Obassanjo
criticou a mão dura com que o Governo está a tentar resolver a questão do Boko
Haram, que, segundo observadores, está a afetar sobretudo a população civil,
apanhada no fogo cruzado, e propôs negociações diretas com os rebeldes
islamitas.
O Boko Haram –
literalmente, educação (ocidental) proibida, expressão formada por uma palavra
hausa e outra árabe – nasceu em 2002 quando um líder radical islâmico foi
marginalizado por clérigos muçulmanos no Norte do país. O grupo começou a
recrutar simpatizantes e financiadores entre 2005 e 2008. Em Junho de 2009,
organizou um levantamento popular em que morreram mais de 800 pessoas. Em 2011,
iniciou ataques regulares contra polícias, militares e postos de venda de
bebidas alcoólicas. A primeira igreja foi atacada em Junho de 2011, e desde
então os templos – católicos e protestantes, mas também algumas mesquitas – têm
sido o alvo predileto do Boko Haram, que fontes militares e diplomáticas
ocidentais acusam de manter contactos com a Al-Qaeda do Magrebe Islâmico e o
Al-Shabab da Somália. No ano passado, matou mais de 270 pessoas.
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