©SAmado
Os padres sinodais
deram uma tarefa à Igreja em África: que desenvolva a (nova) evangelização no
encontro com as antigas e novas culturas.
Em Julho do ano
passado, tive de celebrar a missa Zande – em inglês – na paróquia de Nzara e
tive uma surpresa interessante: os músicos do coro conseguiram combinar o
tradicional xilofone azande feito de madeiras da floresta local com as modernas
guitarras elétricas, uma parábola cultural de como o velho e o novo podem
unir-se num casamento harmonioso.
Esta experiência
veio-me à mente quando li o que os padres sinodais pediram à África na mensagem
final do sínodo: «Nós olhamos para vós cristãos, homens e mulheres, que viveis
nos países de África e expressamos a nossa gratidão pelo vosso testemunho ao
Evangelho por vezes em circunstâncias difíceis. Exortamos-vos a reavivar a
evangelização que recebestes em tempos recentes, a construir a Igreja como
família de Deus, a fortalecer a identidade da família, a suster o empenho de
padres e catequistas especialmente nas pequena comunidades cristãs. Afirmamos a
necessidade de desenvolver o encontro entre o Evangelho e culturas velhas e
novas. Grande expectativa e um apelo forte é dirigido ao mundo da política e
aos governos das várias nações de África para que, em colaboração com gente de
boa vontade, direitos humanos fundamentais possam ser promovidos e o continente
livre de violência e dos conflitos que ainda o afetam.»
Um parágrafo que
apresenta um itinerário abrangente para uma pastoral incarnada: o caminho da
(nova) evangelização em África passa pelo diálogo do Evangelho com as culturas
tradicionais e contemporâneas e pela promoção dos direitos humanos fundamentais
como caminho para a pacificação do continente.
As novas gerações
africanas vivem entaladas entre a tradição e a modernidade e o seu sistema de
valores está a diluir-se continuamente. O Evangelho tem de guiar as novas
gerações a fazerem novas sínteses de valores. A Igreja Ortodoxa Etíope resistiu
às investidas do Islão porque traduziu a Bíblia na sua língua e inculturou a
liturgia que aprendeu da Igreja de Alexandria, no Egipto. Mais perto do nosso
tempo, a Igreja da República Democrática do Congo criou um rito próprio dando à
celebração tonalidades africanas. As Igrejas locais em África têm de
indigenizar a fé para que o Evangelho não saiba a produto importado mas seja
testemunho de que Deus também é africano, fala através das culturas africanas e
disseminou nas culturas africanas as sementes da Palavra à espera de germinar
no contacto com o Evangelho!
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