© JVieira
As ondas da liberdade de informação estão a sofrer fortes
interferências no Sudão do Sul.
Há cerca de um mês as autoridades do estado do Nilo Superior
chamaram a diretora da rádio católica Voz do Amor, que emite em Malakal, para
lhe manifestar o grande desagrado a por uma notícia que criticava a reforma
geográfica ilegal levada a cabo pelo Governador do Estado. À irmã Elena foi
dito que a rádio católica não se devia meter em política. A notícia tinha sido
escrita em Juba pela redação central da Rede de Rádios Católica e reportava uma
conferência de imprensa do secretário-geral do partido dominante, Pagan Amum, Shilluk,
que protestava contra um série de medidas administrativas levadas a cabo pelo
Governador Simon Kun Puoch, nuer, contra o povo shilluk, que são a maioria em
Malakal, a capital do Nilo Superior.
Há duas semanas dois jovens não identificados sovaram o
diretor de Good News, a estação católica que emite em Rumbek. O padre Don Bosco
teve que receber tratamento médico em Nairobi onde se encontra a recuperar da
experiência traumatizante. Entretanto, o administrador da diocese – o bispo
faleceu de ataque cardíaco há mais de um ano – recebeu uma mensagem no
telemóvel para manter o diretor longe de Rumbek senão teriam de o assassinar
porque – acusam – teve relações com uma rapariga local.
Entretanto, no condado de Tonj-South, o comissário Mario
Monydhiath Gor proibiu a estação local – Rádio Don Bosco – de cobrir qualquer acontecimento
na cidade e deu ordem aos serviços de segurança de fazer cumprir a proibição. O
vice-ministro da informação do estado de Warrap veio a Tonj tentar de bloquear a
situação, mas a animosidade do comissário tem sido mais forte. Agora que o
ministro da informação regressou pode ser que o bloqueio informativo se
levante.
Finalmente, hoje os serviços de segurança da república chamaram
o diretor da Rádio Bakhita, a estação católica de Juba, e exigiram que «dispensasse»
o apresentador Mading Ngor que literalmente fritou ao vivo e em direto o
negociador-chefe do Sudão do Sul nas negociações com o Sudão. Pagan Amum – que também
é o secretário-geral do partido no poder – foi à Bakhita para explicar à
audiência da manhã os nove acordos que o Sudão do Sul assinou com o Sudão e
parece que a sua prestação não correu nada bem e agora querem a cabeça de Ngor.
Ngor disse-me que tanto o ministro como o vice-ministro da informação estavam a
leste da exigência dos serviços de segurança. Gostei da resposta do
secretário-geral em exercício da arquidiocese: o padre Abe mandou uma carta aos
serviços de segurança dizendo têm que apresentar as queixas a ele e não ao
diretor da rádio, porque a estação pertence à diocese.
Uma nota final: a administração norte-americana colocou o
Sudão do Sul numa lista de países com acesso a ajudas especiais – se mantiverem
a liberdade de informação no país!
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