África continua a
vender bem como destino turístico exótico e erótico para quem pretende uma
experiência de vida selvagem.
Recentemente, uma
agência de viagens mandou-me uma publicidade para participar numa expedição
fotográfica de uma semana em tenda entre os Mundaris – onde os Combonianos têm
uma missão – com o valor acrescentado de que aquele povo vive isolado e mantém
as tradições, língua e roupas – ou a falta delas. Preço: 2230 euros.
O anúncio caracteriza
de certa forma a oferta do turismo africano: experiências únicas e radicais
entre povos e paisagens quase em estado puro, por um preço a condizer. Os
turistas querem ver os grandes animais nas savanas, desfrutar das praias,
monumentos, fazer experiências de imersão cultural e… sexo. O turismo sexual é
mais forte nas praias da África Oriental, onde os europeus maduros, sobretudo
italianos e ingleses, mulheres e homens, «alugam» um parceiro jovem local para
passarem umas férias eróticas.
A África continua a
atrair como destino turístico – em 2009 recebeu 58 milhões de visitantes – e os
cinco países mais visitados são Egipto, África do Sul, Marrocos, Tunísia e
Maurícias. Os visitantes vêm sobretudo da Europa e dos Estados Unidos, mas os
chineses também começam a explorar as maravilhas africanas. Voos diretos entre
Joanesburgo e Pequim ou Hong Kong ajudam.
A Organização Mundial
do Turismo, uma agência das Nações Unidas, diz que a África foi uma das regiões
turísticas que cresceram mais rapidamente na última década. Em 2012, o turismo
africano cresceu cinco por cento, acima dos quatro por cento da média mundial.
A indústria turística
e de viagens é um dos sectores vitais da economia africana. Emprega cerca de
7,7 milhões de trabalhadores – e, em 2011, gerou 36 mil milhões de euros.
Metade do produto interno bruto das ilhas Seicheles e cerca de um terço do de
Cabo Verde é gerada por fontes relacionadas com o turismo. O Ruanda, Uganda e
RD do Congo fizeram mais de 173 milhões de euros com as excursões aos
gorilas-das-montanhas.
A indústria turística
africana enfrenta alguns desafios concretos: a Primavera Árabe – que também é
africana, em 2011, gerou uma quebra de 12 por cento de visitantes no Norte de
África. O continente necessita de investir na segurança, saúde, higiene,
educação, infraestruturas, estradas e aeroportos para atrair mais visitas e
tornar os aviões e o espaço aéreo mais seguros.
Especialistas dizem
que a indústria tem de diversificar para atrair mais visitas ao continente,
passando da oferta de safaris – uma das grandes atracções da África, de norte a
sul, para um turismo de natureza e de cultura. A África é rica em paisagens
únicas e diversificadas, em ecossistemas espectaculares que podem ser
desfrutados através do ecoturismo. Na cultura, os festivais de cinema africanos
estão a atrair mais e mais participantes. Os festivais podiam ser alargados a
outras áreas culturas como a música, literatura, artes tradicionais e
gastronomia, para mencionar apenas alguns sectores promissores.
O turismo interno é
outro sector a explorar. A África é uma das economias mundiais em maior
expansão e está a gerar uma classe média com bastante poder económico. Os
operadores turísticos deviam aproveitar a maré para criar roteiros que
favoreçam a africanidade.
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