© Lomayat
O petróleo volta a jorrar das entranhas do Sudão do Sul depois de
16 meses de alta tensão entre Juba e Cartum com as duas economias a sofrer
fortemente pela falta do dinheiro da venda do ouro negro.
Stephen Dhieu Dau, o ministro do petróleo do Sudão do Sul,
no sábado, 6 de Abril, carregou no botão que reiniciou a produção de crude em
24 poços no campo de Thar Jath, no estado de Unity.
Em Janeiro de 2012, o Governo do Sudão do Sul suspendeu a
exportação de crude porque não chegava a acordo com o Governo do Sudão sobre as
tarifas a pagar pelo uso da infraestrutura sudanesa para exportar o crude: o oleoduto
e o porto de Port Sudan. O fechar das torneiras provocou uma crise económica
profunda e os dois países estiveram à beira da guerra.
Thar Jath vai produzir cerca de dez mil barris diários e o
crude deve chegar ao mercado internacional via Port Sudan em Maio. O ministro
Dhieu disse que o primeiro dinheiro da venda do petróleo deve entrar em Julho
nos cofres do Estado.
Os campos de Robkona e Pariang, também em Unity, devem
reiniciar a produção dentro de dias enquanto os de Fauloj em Upper Nile estão
mais atrasados porque a infraestrutura necessita de reparações urgentes para
evitar derrames.
O reinício da produção de petróleo marca uma nova etapa nas
relações entre o Sudão do Sul e o Sudão e injeta dinheiro fresco para as duas
economias que lutavam com a falta de liquidez: a inflação em Cartum ronda os 50
por cento e em Juba o Governo não tem dinheiro para pagar à função pública, provocando
a insegurança na capital e por todo o país com uma onda de roubos violentos.
Com o reinício da produção de crude o Governo do Sudão do
Sul pode abandonar o orçamento de austeridade que estava a asfixiar a economia
do país e usar o dinheiro para investir nas estradas, escolas, sistema de
saúde, indústria e agricultura para relançar a economia e permitir aos cidadãos
finalmente usufruir dos dividendos da independência.
Entretanto, o ministro Dhieu anunciou que os estudos para a
construção de novos oleodutos entre os poços do Sudão do Sul e/ou os portos de Lamu,
no Quénia, e Djibuti, via Etiópia, deviam estar prontos em Julho para os
trabalhos começarem em Outubro. A saga do novo oleoduto tornou-se num sem fim
de começos falhados como a construção de refinarias no país. Em seis anos foram
anunciadas pelo menos uma meia dúzia de alternativas para a refinação de crude,
mas o país continua dependente dos combustíveis vendidos pelo Quénia.
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