Faz hoje 47 anos que o padre Barnaba Deng foi barbaramente assassinado
pela polícia sudanesa em Wau.
O Missionário Comboniano de etnia dinka tinha sido ordenado pouco mais de dois anos antes em Milão pelo Cardeal João Batista Montini - que viria a ser o
Papa Paulo VI – depois de terminar o curso de teologia na Itália.
O Padre Deng foi destinado à diocese de Wau sob o comando do
Bispo Ireneo Dud, o primeiro prelado sudanês.
Eram tempos difíceis: o regime de Cartum apostava na islamização
e arabização forçada dos povos negros do Sul. Impôs o árabe como língua de
ensino e o descanso semanal passou para a sexta-feira para muçulmanos e não
muçulmanos.
As autoridades moveram uma campanha de perseguição contra
intelectuais sulistas e expulsou em 1964 os missionários estrangeiros –
católicos e protestantes – do Sudão do Sul, incluindo mais de 300 missionárias
e missionários combonianos.
Esta foi a situação que o Padre Deng encontrou quando chegou
ao Sudão depois da ordenação em Milão.
E não podia permanecer calado perante tamanha injustiça
contra o seu povo. O pastor dá a vida pelas ovelhas.
As autoridades incomodaram-se com o seu ativismo a favor dos
sulistas e prenderam-no. Foi morto com um tiro no peito depois de ser brutalmente
surrado pela polícia sem dó nem piedade.
Tinha 29 anos de idade.
O P. Deng foi vítima da ditadura árabe-islâmica de Cartum
juntamente com os padres Archangelo Ali morto em Rumbek e Saturlino Ohure
assassinado na fronteira entre o Uganda e o Sudão. Padres que sacrificaram a
vida em defesa dos direitos civis e religiosos dos povos do Sudão do Sul
juntamente com muitos civis liderados pelo intelectual William Deng.
Deram a vida por ser a voz dos seus irmãos e irmãs sem voz,
espezinhados nos seus direitos porque eram negros.
O sangue dos mártires fertiliza as terras do Sudão do Sul.
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