© WAlves
O Sudão do Sul viveu momentos espaciais em 2011. No inicio
do ano, os sul-sudaneses votaram em massa pela independência num referendo de
autodeterminação e a 9 de Julho celebraram a independência com uma festa que
varreu o pais de lés a lés.
A independência representou o fim de uma luta de mais de 50
anos pelo direito à autodeterminação com custos humanos tremendos: mais de 2,5
milhões de pessoas morreram em duas guerras civis e mais de quarto milhões
foram deslocadas pela última guerra de 1983 ate 2005. Mas a fé e a força de
vontade das gentes do Sudão do Sul venceram!
A lua-de-mel pós independência foi curta e os cidadãos e o
governo depressa tiveram que confrontar a trindade do demónio que afecta o país:
corrupção, tribalismo e nepotismo que gera violência e impede o desenvolvimento.
O Sudão do Sul apesar de estar na cauda dos índices de
desenvolvimento humano, é um país rico em gente, petróleo, solos, água,
florestas, minerais... Necessita de uma liderança que se preocupe com o bem
comum e motive as pessoas a trabalhar os campos para além da agricultura de
subsistência e a comercializar o gado.
A Rede Católica de Rádios do Sudão também viveu um ano
especial em 2011 com as nove emissoras no ar. Um trabalho árduo que levou cinco
anos de muita paciência, recursos e teimosia por parte da equipa comboniana,
dos directores diocesanos e dos muitos colaboradores das estações. A cadeia tem
também uma redacção central – a meu cargo – e um centro de produção que faz
sobretudo programas de educação cívica.
A nível dos Combonianos, desde Janeiro que temos uma
liderança nova e continuamos a fazer preparações para passar algumas obras que
atingiram a maturidade à igreja local para ficarmos livres para outros
trabalhos de fronteira. Em 2012, o Colégio de Lomin – com quase 300 alunas e alunos
internos do ensino secundário – deve passar para a administração da diocese de
Yei e a paróquia um ano mais tarde. Em final de 2013, os bispos devem nomear um
jornalista para assumir o meu trabalho e um director para substituir a Irmã
Paola na coordenação da cadeia.
Para o ano devemos abrir uma comunidade na periferia de Juba
para a formação de sul-sudaneses que queiram ser combonianos, apostolado
bíblico e assuntos de justiça e paz.
Este trabalho foi uma surpresa agradável. Eu seguia o
projecto mas nunca imaginei acabar em Juba a fazer parte da equipa fundadora da
cadeia. Tem sido um privilégio viver e trabalhar com esta gente, partilhar das
alegrias da independência e das dores do parto da nova nação. Até porque o Sudão
do Sul, juntamente com o Sudão, são a Terra Santa da família comboniana.
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