As delegações dos governos de Cartum e de Juba não têm mãos a medir em Adis-Abeba com as negociações pré-independência.
Acordaram tarde, mas estão a
fazer horas extras: no espaço de menos de uma semana assinaram três acordos
sobre a desmilitarização de Abyei; arranjos políticos e de segurança nos
estados do Sul do Cordofão e do Nilo Azul; e corredor de segurança ao longo da
fronteira de mais de 2300 quilómetros entre o norte e o sul do Sudão.
O dia da Declaração da Independência
aproxima-se rapidamente e a mediação da União Africana está a tentar resolver
alguns dos assuntos ainda por negociar entre os dois governos.
Em Abyei, os dois governos
aceitaram desmilitarizar a zona, entregar a segurança a uma brigada de 4200
soldados da Etiópia e permitir aos deslocados pela guerra voltar a casa.
A ONU abençoou o acordo através
de uma resolução do Conselho de Segurança.
O acordo sobre as questões
políticas e de segurança nos estados de Cordofão do Sul e Nilo Azul foi
assinado há dois dias entre o governo de Cartum e o SPLM-Norte. Desde o
princípio do mês que a força aérea e o exército do Sudão bombardeiam partes do
Cordofão do Sul à volta da capital, Kadugli, e dos Montes Núbios. Há mais de 70
mil deslocados. Os combates começaram quando o governador decidiu desarmar à
força soldados do norte que combateram ao lado dos rebeldes do Sul durante a
guerra civil.
O acordo prevê o estabelecimento
de dois comités para resolver questões políticas e de segurança. Os soldados do
norte que combateram nas fileiras do SPLA vão ser integrados no exército do
Sudão ou reintegrados na vida civil.
Os ataques da aviação, esses
continuam a matar e a ferir sobretudo as populações naquilo que muitos consideram
um ato de limpeza étnica contra os Núbios.
Finalmente, ontem os delegados
dos dois governos aceitaram criar um corredor de segurança 20 quilómetros de
largura ao longo da fronteira de 2.200 quilómetros. Os exércitos do norte e do
sul têm dez dias para abandonar a faixa desmilitarizada.
Por negociar estão para já as
questões do petróleo – as partes têm que encontram uma fórmula de partilha dos
proventos do crude que agrade a Cartum – e a da mudança de moeda. O Sul tem
seis meses para trocar a Libra do Sudão pela nova Libra do Sudão do Sul. A que
câmbio? As negociações seguem em Adis-Abeba.
Entretanto, o porta-voz do Governo alertou para a possibilidade de o Sul vir a sofrer falta de dinheiro uma vez que Cartum vai começar também a retirar da circulação as libras.
Depois há a questão da dívida
externa de mais de 30 mil milhões de euros: o Sul pediu aos credores que perdoem
parte do débito. Contudo o Sul é peremptório: não vai pagar nem um cêntimo.
Porque não beneficiou dos empréstimos internacionais que serviram para
financiar a guerra civil e desenvolver o Norte.
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