16 de janeiro de 2012

NEGOCIAÇÕES

Tharjath (Unity State) – produção de crude ©JVieira


Os Governos de Juba e Cartum começam amanhã em Adis Abeba, a capital etíope, mais uma ronda de negociações sobre assuntos pós-independência numa altura em que as relações bilaterais estão cada vez mais escorregadias devido ao petróleo.
Os delegados dos dois países devem negociar durante uma semana os dossiers difíceis do petróleo, marcação de fronteiras, enclave de Abyei e o estatuto dos sulistas a viver no Sudão depois de uma alta delegação chinesa ter visitado as duas capitais.
Cartum está a exigir a Juba uma taxa de 35 dólares por cada barril de crude que o Sudão do Sul exporte através da sua infra-estrutura: oleoduto e porto de Port Sudan.
Juba, seguindo o conselho do Painel da União Africana, prefere dar uma assistência económica de 2.6 mil milhões de dólares a Cartum para compensar a perda das entradas do petróleo – o Sudão só produz um quarto do petróleo que exportava antes da independência do Sul – e pagar 74 cêntimos do dólar por cada barril. O preço médio mundial ronda os 40 cêntimos.
Na semana passada, o Governo sudanês obrigou uma empresa chinesa a carregar um navio do Sudão com 650 mil barris de crude do Sul no valor de 650 milhões de dólares sem autorização de Juba. Cartum justificou o ato como uma compensação pelas facturas que Juba não tem pagado para exportar o petróleo devido à falta de acordo entre as partes.
O estatuto de 700 mil sulistas a viver em Cartum e arredores é outro assunto a necessitar de um acordo urgente de ambas as partes. A 9 de Abril, termina o período de graça para os Sulistas a viver no Sudão e não se sabe como Cartum vai reagir.
António Guterres, o homem forte da agência da ONU para os refugiados, visitou Juba e Cartum na semana passada e pediu aos dois governos que encontrassem uma solução dignificante para transportar os sulistas que queiram regressar a casa. Atualmente têm sido transportados de barcaça e de comboio e os casos mais delicados de avião.
O Alto-comissário para os Refugiados pediu a Cartum que atribua documentos legais aos sulistas que pretendam ficar no Sudão como nacionais ou emigrantes.
O traçado final das fronteiras também necessita de um acordo rápido. Oitenta por cento dos mais de 2.000 quilómetros já estão negociados, mas as zonas em falta são ricas em petróleo, água, pastagens, ouro e outros minerais e por isso apetecidas e reclamadas por ambas as partes.

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