GENOCÍDIO PURO
O Darfur é uma vastíssima região árida no Oeste do Sudão. Por razões que não são claras para quem está de fora, o Governo de Cartum trava uma guerra sangrenta contra o seu povo. Um conflito estranho.
Nas últimas décadas, Cartum gastou milhões de dólares e sacrificou centenas de milhares de vidas na luta contra o Sul. Muitos classificaram a guerra civil como um choque de religiões: Islão contra Cristianismo. Na realidade, a guerra não foi religiosa, mas pelo controlo dos enormes recursos do Sul.
Os confrontos no Darfur têm um cariz diferente. Neste caso, são muçulmanos e as milícias Janjaweed – apoiadas pelo Governo de Cartum – atacam-nos enquanto rezam nas mesquitas. Mas até as imagens de vítimas inocentes misturando o seu sangue com as palavras do Alcorão que rezavam não comovem a população islâmica. Os Janjaweed atacam com toda a impunidade, recebem armas e informações do Governo e não têm pejo em matar não combatentes como mulheres e crianças.
Esta guerra tem que ver com a arabização do Sudão. Os naturais do Darfur podem ser muçulmanos, mas mantêm-se negros e o Governo de Cartum quer marginalizar e aniquilar os não muçulmanos e os não árabes no Norte.
Quando a situação parecia descontrolada, a União Africana interveio com uma força de paz de 7700 militares. Os soldados não estavam preparados, eram menos que os Janjaweed e as tropas sudanesas e muito poucos para patrulhar uma área do tamanho do Quénia. A violência aumentou. Desde Junho que o Governo de Cartum bombardeia aldeias no Darfur e, nas últimas semanas, enviou mais tropas e armas para a região.
Jan Egeland, responsável da ONU para as Questões Humanitárias, referiu-se ao conflito no Darfur como «o pior que temos visto nos últimos anos». Até as conversações de paz de Abuja, Nigéria, apoiadas pela ONU e pela União Africana, foram um fiasco. A ONU admitiu que o grupo chamado para assinar o acordo era o «errado» e que a conferência de Abuja dividiu ainda mais os três grupos rebeldes que lutam contra o governo central.
O que se passa no Darfur é genocídio puro. Doze anos atrás, a comunidade internacional assistiu à matança no Ruanda e pouco fez. Hoje, a situação no Oeste do Sudão é semelhante. O Conselho de Segurança da ONU aprovou um plano para enviar 17 300 soldados, mas decidiu pedir autorização a Cartum. A resposta foi um rotundo não. O que o Governo quer é muito simples: que os observadores deixem o Darfur para terminar a limpeza étnica sem ser perturbado.
O Sudão está resolvido a seguir o seu caminho e a comunidade internacional não se decide. Os países ocidentais estão, de uma maneira ou de outra, interessados em explorar as vastas reservas sudanesas de petróleo, urânio e outros recursos. As matérias-primas para as suas economias são mais valiosas que as vidas dos inocentes, que não contam nas estratégias geopolíticas.
A África também tem de ser responsabilizada. A União Africana decidiu distrair-se do que se passa no Sudão e noutros países. A democracia e a paz estão em perigo na Costa do Marfim, na RD Congo e no Uganda. A resposta eterna de que os países africanos não têm fundos para apoiar uma operação maior no Darfur é um falso argumento. A realidade é que não há vontade para intervir com força para prevenir um novo genocídio. Se não actuarmos, todos somos culpados por não ouvirmos o grito dos que estão a ser exterminados.
O Darfur é uma vastíssima região árida no Oeste do Sudão. Por razões que não são claras para quem está de fora, o Governo de Cartum trava uma guerra sangrenta contra o seu povo. Um conflito estranho.
Nas últimas décadas, Cartum gastou milhões de dólares e sacrificou centenas de milhares de vidas na luta contra o Sul. Muitos classificaram a guerra civil como um choque de religiões: Islão contra Cristianismo. Na realidade, a guerra não foi religiosa, mas pelo controlo dos enormes recursos do Sul.
Os confrontos no Darfur têm um cariz diferente. Neste caso, são muçulmanos e as milícias Janjaweed – apoiadas pelo Governo de Cartum – atacam-nos enquanto rezam nas mesquitas. Mas até as imagens de vítimas inocentes misturando o seu sangue com as palavras do Alcorão que rezavam não comovem a população islâmica. Os Janjaweed atacam com toda a impunidade, recebem armas e informações do Governo e não têm pejo em matar não combatentes como mulheres e crianças.
Esta guerra tem que ver com a arabização do Sudão. Os naturais do Darfur podem ser muçulmanos, mas mantêm-se negros e o Governo de Cartum quer marginalizar e aniquilar os não muçulmanos e os não árabes no Norte.
Quando a situação parecia descontrolada, a União Africana interveio com uma força de paz de 7700 militares. Os soldados não estavam preparados, eram menos que os Janjaweed e as tropas sudanesas e muito poucos para patrulhar uma área do tamanho do Quénia. A violência aumentou. Desde Junho que o Governo de Cartum bombardeia aldeias no Darfur e, nas últimas semanas, enviou mais tropas e armas para a região.
Jan Egeland, responsável da ONU para as Questões Humanitárias, referiu-se ao conflito no Darfur como «o pior que temos visto nos últimos anos». Até as conversações de paz de Abuja, Nigéria, apoiadas pela ONU e pela União Africana, foram um fiasco. A ONU admitiu que o grupo chamado para assinar o acordo era o «errado» e que a conferência de Abuja dividiu ainda mais os três grupos rebeldes que lutam contra o governo central.
O que se passa no Darfur é genocídio puro. Doze anos atrás, a comunidade internacional assistiu à matança no Ruanda e pouco fez. Hoje, a situação no Oeste do Sudão é semelhante. O Conselho de Segurança da ONU aprovou um plano para enviar 17 300 soldados, mas decidiu pedir autorização a Cartum. A resposta foi um rotundo não. O que o Governo quer é muito simples: que os observadores deixem o Darfur para terminar a limpeza étnica sem ser perturbado.
O Sudão está resolvido a seguir o seu caminho e a comunidade internacional não se decide. Os países ocidentais estão, de uma maneira ou de outra, interessados em explorar as vastas reservas sudanesas de petróleo, urânio e outros recursos. As matérias-primas para as suas economias são mais valiosas que as vidas dos inocentes, que não contam nas estratégias geopolíticas.
A África também tem de ser responsabilizada. A União Africana decidiu distrair-se do que se passa no Sudão e noutros países. A democracia e a paz estão em perigo na Costa do Marfim, na RD Congo e no Uganda. A resposta eterna de que os países africanos não têm fundos para apoiar uma operação maior no Darfur é um falso argumento. A realidade é que não há vontade para intervir com força para prevenir um novo genocídio. Se não actuarmos, todos somos culpados por não ouvirmos o grito dos que estão a ser exterminados.
José Caramazza Director de New People
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