28 de outubro de 2006

Abrir aspas

MUNDO FAST

É sintomático do tempo em que vivemos estarmos constantemente ocupados, geralmente envolvidos em duas ou três actividades simultâneas. Achamos que é sinal de muita inteligência, muita eficácia e até de modernidade. Demonstramos assim que somos capazes de fazer bem várias coisas ao mesmo tempo, o que, na realidade, é uma utopia: não fazemos bem nem uma nem outra e acabamos por não retirar tudo o que podíamos se nos concentrássemos numa só coisa de cada vez. No entanto, continuamos a estar a meio-gás em tudo aquilo em que participamos, seja no domínio pessoal, seja no profissional. E depois, naquele tempo dito nosso, insistimos em jantar com um tabuleiro em frente à televisão, a ler um jornal ou a trabalhar no computador. Durante o noticiário, enquanto vemos uma reportagem, vamos vendo no rodapé do ecrã as manchetes dos próximos temas. Como se precisássemos de vários estímulos para nos prender a atenção, como se um bom estímulo já não nos bastasse. Até já dormimos embalados por cassetes de auto-ajuda, de aprendizagem de línguas ou técnicas de liderança. Tudo para aproveitarmos ao máximo o pouco tempo que temos.

Rita Lencastre de Sousa em Xis

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