23 de junho de 2015

IMIGRANTES


Os imigrantes são notícia diária em Itália. Ou porque foram remidos às ondas do mar, apinhados em embarcações precárias. Ou porque foram recambiados pela França, Suíça ou Áustria porque não têm papeis. Ou porque vivem em condições miseráveis nas rochas da praia que separa a França da Itália ou nas estações centrais de principais do país à espera de uma viagem para o sonhado Norte da Europa.

Arrepia a alma e faz revolver as entranhas tanto sofrimento e tanta indiferença!

A Itália, com ilhas junto à Líbia, é a porta mais à mão da fortaleza Europa. Mas a maioria não quer ficar na «bota» italiana até porque as possibilidades de trabalho já foram tomadas pelos que chegaram mais cedo.

Os imigrantes pedem o direito de livre circulação para ir para norte para a Alemanha, Suécia e países vizinhos.

A Suíça, a Áustria e a França blindaram as fronteiras e recambiam para a Itália todos os indocumentados que apanham a tentar passar a pé através dos antigos trilhos do contrabando, de autocarro ou comboio.

Em Ventimigla, na fronteira costeira com a França, houve confrontos violentos entre a polícia e os imigrantes que esperam uma abertura para entrar na pátria da liberdade, igualdade e fraternidade de outros tempos.

O presidente italiano Sergio Mattarella pede acolhimento e solidariedade para quem foge da guerra e da fome.

O papa Francisco pediu perdão pelas pessoas e instituições «que fecham a porta a esta gente que procura vida, uma família, que procura custódia.»

Matteo Salvini, líder da extrema direita italiana, responde ao papa que não precisa de ser perdoado.

Aliás, a extrema direita agitou o fantasma da insegurança causada pelos imigrantes durante a campanha eleitoral para as eleições locais que decorreu há três semanas.

O papa propõe que em junho rezemos para que os imigrantes e refugiados sejam acolhidos e respeitados nos países onde chegam.

«Rezemos por tantos irmãos e irmãs que procuram refúgio longe da sua terra, que procuram uma casa onde possam viver sem medo para que sejam respeitados na sua dignidade», rogou o papa na audiência geral de quarta-feira passada.

16 de junho de 2015

APADRINHAMENTOS

© CGomes

Institutos de vida consagrada portugueses decidiram apadrinhar um número de religiosos e leigos a frequentar cursos de pastoral na diocese de Butembo-Beni, no nordeste da RD do Congo.

A proposta foi apresentada aos participantes da Semana de Estudos da Vida Consagrada pelo comboniano P. Claudino Ferreira Gomes, que visitou a a região em dezembro e janeiro. 

A assembleia-geral da CIRP, a Conferência de Institutos Religiosos de Portugal, fez seu o gesto solidário em abril.

O P. Artur Teixeira, presidente da CIRP, anunciou que a Conferência, depois de recolher donativos junto dos membros, decidiu pagar o curso de 11 irmãs, cinco irmãos e sete leigos/as que frequentam Ciências Religiosas nas Faculdades Africanas Bakhita da diocese de Butembo-Beni.

Cada curso curta 1500 euros e a CIRP já enviou 11.500 para pagar o primeiro ano dos 23 bolseiros.

A universidade comprometeu-se a enviar a ficha de cada bolseiro juntamente com a informação semestral sobre o seu aproveitamento escolar. 

O número de bolseiros pode aumentar.

A diocese de Butembo tem um grande número de vocações locais e de leigos dispostos a trabalhar na pastoral mas falta-lhe os recursos financeiros para os formar.

Os apadrinhamentos são um gesto de comunhão para celebrar o Ano da Vida Consagrada.

3 de junho de 2015

COMISSÃO PRÉ-CAPITULAR


A comissão encarregada de preparar o XVIII Capítulo Geral dos Missionários Combonianos iniciou os trabalhos a 1 de Junho com um encontro com a Direção Geral.

O superior geral, P. Enrique Sánchez, agradeceu a disponibilidade dos membros. Pediu que se concentrem no trabalho, pondo de lado outras preocupações.

Os membros do Conselho Geral apresentaram os termos de referência para a agenda de trabalhos.

A Comissão Pré-capitular é composta por oito membros: três superiores de circunscrição (da RD Congo, Chade e Portugal) e cinco delegados ao Capítulo (padres representantes do México, Brasil, Egito-Sudão e Espanha e um irmão da Itália).

Cabe à comissão rever os Estatutos do Capítulo, e elaborar o instrumento de trabalho e delinear o esboço do programa da reunião magna sexenal do Instituto.

Além disso, tem que compilar todos os documentos relacionados com o Capítulo (relações das circunscrições, da direção geral e dos continentes bem como contributos pessoais e coletivos enviadas pelos confrades) para os colocar à disposição dos capitulares.

Cabe-lhe também rever questões relacionadas com a logística do evento e com a semana de preparação do mesmo que decorre de 31 de Agosto a 4 de Setembro.

A comissão já terminou a análise dos Estatutos e começou a ler as relações enviadas ao Capítulo.

Hoje, começa um trabalho de dois dias com o Ir. Enzo Biemmi, facilitador do Capítulo, para acertar metodologias de trabalho.

A comissão espera ter o trabalho concluído dentre quatro a seis semanas.

O XVIII Capítulo Geral dos Missionários Combonianos decorre de 6 de Setembro a 4 de Outubro na casa generalícia em Roma sob o tema inspirador «Discípulos missionários combonianos, chamados a viver a alegria do Evangelho no mundo de hoje.»

O ato magno de governo do Instituto analisa o caminho feito nos últimos seis anos, prepara um programa geral para o próximo sexénio e escolhe a equipa (Conselho Geral) que o vai executar.

2 de junho de 2015

#todossomospessoas


Grupos católicos reagiram com indignação ao cinismo dos políticos que vêem o Mediterrâneo como fosso anacrónico da Fortaleza Europa.

Doze grupos católicos organizaram a acção #todossomospessoas a 26 de Abril, um murro na mesa da indiferença, para denunciar a morte de quase 900 pessoas afogadas no Mediterrâneo, uma semana antes, quando uma traineira se afundou com a maioria dos passageiros fechada nos porões.

O Papa Francisco pediu decisão e rapidez aos líderes europeus para travarem a tragédia sucessiva que matou 5200 pessoas nos últimos 15 meses. As vítimas «são homens e mulheres como nós, irmãos que procuram uma vida melhor, famintos, perseguidos, feridos, explorados, vítimas de guerras. Procuram uma vida melhor, procuravam a felicidade», afirmou o papa argentino.

O cardeal alemão Reinhard Max, que preside à Comissão dos Episcopados da União Europeia, declarou que «esta nova catástrofe no Mediterrâneo constitui uma derrota para tudo o que faz da União Europeia uma comunidade de valores».

O Conselho Europeu respondeu ao clamor da opinião pública disponibilizando nove milhões de euros por mês para patrulhar as fronteiras mediterrânicas e ajudar a Tunísia, Sudão e Egipto a cortarem o acesso à Líbia. É de lá que embarcam 90 por cento dos imigrantes que usam o mar para chegarem ao sonho europeu. As rotas terrestres que vão desaguar à costa líbia nascem no Gana, Nigéria, Níger, Mali, Marrocos, Argélia, Somália, Eritreia, Egipto...

Também decidiu destruir embarcações que possam ser usadas por traficantes e colocar agentes da Europol no terreno para desmantelar as redes de tráfico humano.

A resposta foi rápida mas é curta! Os líderes europeus insistem numa resposta securitária em vez de gizarem um plano humanitário que tenha em conta as situações de morte e pobreza que empurram os imigrantes para a Europa.

A Organização Internacional das Migrações contabilizou 1750 mortes no Mediterrâneo nos primeiros quatro meses de 2015, um número 30 vezes maior que no ano anterior. Nessa altura, a Itália tinha de pé a operação Mare Nostrum para patrulhar o mar e socorrer os náufragos junto à costa africana. A missão era cara e a comunidade dos 28 não quis pagar a fatura. Foi substituída pela operação Triton, que trouxe a intervenção militar para junto da costa italiana e um aumento exponencial de naufrágios e afogamentos.

Depois, quem semeia ventos colhe tempestades: os dirigentes ocidentais foram lestos no apoio à queda do regime do coronel Muamar Kadhafi, desresponsabilizando-se porém das consequências do vazio do poder. Agora o país está nas mãos das milícias e do Estado Islâmico.

Em 2014, 218 mil pessoas chegaram à Europa através do Mediterrâneo. O negócio do transporte de imigrantes ilegais gera entre 300 e 600 milhões de euros por ano. É controlado por uma parceria que junta traficantes internacionais, milícias líbias e o crime organizado italiano. Uma só embarcação pode render 80 mil euros aos passadores.

O Serviço Jesuíta aos Refugiados-Portugal teme que as tragédias no Mediterrâneo cresçam em número e gravidade e pede uma resposta «urgente e rápida» aos 28 Estados-membros da União Europeia.

O organismo católico propõe que as operações de resgate no Mediterrâneo sejam alargadas e que a vida humana se sobreponha aos imperativos de segurança. Sugere a criação de corredores seguros e legais de acesso à União Europeia, incluindo a distribuição de vistos humanitários e o combate ao tráfico de pessoas. Pede também mais solidariedade efectiva e responsabilidade entre os Estados-membros da União para acolher e integrar os imigrantes.

A resposta às tragédias constantes nas águas mansas do Mediterrâneo também passa por aí!