27 de março de 2010

FRAUDE


© JVieira

O Arcebispo de Juba alertou a comunidade para o perigo da fraude eleitoral.
Dom Paolino Lukudu Loro pediu aos católicos que rezassem para que o processo eleitoral sudanês seja limpo e transparente.
Dom Lukudu pediu aos políticos que respeitassem os resultados do sufrágio popular.
Ele disse que também em matéria de resultados eleitorais a voz do povo é voz de Deus.
Também alertou para o facto de que qualquer tipo de fraude eleitoral põe o Sudão em maus lençóis perante a comunidade internacional.
Dom Lukudu pediu aos cidadãos que nos dias 11, 12 e 13 adiram em massa às eleições e votem para o presidente da republico, do Sul do Sudão e para governador e escolham deputados para as assembleias nacional, regional e estatal.
Dom Lukudu fez estas declarações no final do Fórum dos Líderes da Igreja Sudanesa que terminou ontem em Juba.
Mais de 60 dirigentes de 14 Igrejas no Sudão reuniram-se de 23 a 26 de Março para rever a actualidade e preparar o futuro.

24 de março de 2010

SÃO ÓSCAR ROMERO


Faz hoje trinta anos que o arcebispo de San Salvador, na América Central, foi barbaramente assassinado com uma bala certeira no coração enquanto celebrava a missa.
O Arcebispo Óscar Romero era uma eminência parda dos quadros superiores da Igreja Católica salvadorenha. Vivia perdido nos seus livros, no escritório episcopal.
Até que a morte violenta de um dos seus padres lhe abriu os olhos para o pecado social matava os pobres de El Salvador.
Dom Óscar tornou-se no pai dos pobres, a voz dos sem voz. As suas homilias vieram agitar as más consciências do sistema opressor e o arcebispo acabou martirizado.
O processo da sua beatificação está parado, apesar de Dom Óscar ser um verdadeiro santo porque deu a vida pelo Evangelho.
Mas parece que no Vaticano preferem santidades mais melosas. Embora recorde o mártir de San Salvador.
Contudo, o povo já o chama de São Romero das Américas.
E a voz do povo é voz de Deus.
Em 1993, a data do martírio de Romero foi escolhida pela Igreja também como dia de oração e jejum em memória dos Missionários Mártires: bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos mortos por cumprir a missão de evangelização e promoção humana.

22 de março de 2010

ESTA DOLOROSA PROFISSÃO DE SE SER JORNALISTA

Pede-me o Francisco, jovem advogado, que escreva aqui alguma coisa sobre a actividade que há 45 anos me preenche a vida; e devo confessar-lhe que é deveras complicado.
Em 3.000 jornalistas que Você pegue, cada um lhe poderá quase que pela certa dar respostas diferentes, sintetizando as suas experiências e os seus anseios.
Por mim, comecei na altura em que Nikita Kruschev era substituído à frente da União Soviética por Leonid Brejnev e em que a China se dotava de uma bomba de hidrogénio.
Aos 20 anos embarcava para Bissau e para a Cidade da Praia, no paquete "Funchal", a fim de fazer a primeira cobertura de uma viagem presidencial, a de Américo de Deus Rodrigues Thomaz, tendo privado nessa missão com a destacada repórter fotográfica Beatriz Ferreira, com o realizador Perdigão Queiroga e com um grande homem da rádio, Artur Agostinho.
Aos 25 anos estava eu em Londres a fazer a cobertura da visita do senhor Professor Marcello Caetano, tendo ficado fascinado com o British Museum.
Ano e meio depois as contingências da vida levaram-me a passar quotidianamente por Trafalgar Square e Aldwych, tendo conhecido na Bush House, sede dos serviços externos da BBC, pessoas como o grande melómano António Cartaxo.
Quando tinha 30 anos encarregaram-me de abrir nos Açores uma delegação da agência noticiosa portuguesa e 10 meses depois fui fazer o mesmo para Moçambique. Estava a colher o fruto do que durante a minha primeira década de profissão aprendera com pessoas como Francisco de Paula Dutra Faria.
Também me deixara inspirar pelos livros de António Ferro, sonhando ir um dia até Fiúme.
Mais tarde, para encurtar conversa, entrevistei Robert Mugabe, Kenneth Kaunda, Sam Nujoma, Joaquim Chissano, Aristides Pereira, Luís Cabral, Ramalho Eanes e Alberto João Jardim. Vivi na Guiné-Bissau e em Angola, fui três vezes em serviço à África do Sul e outras a Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Nigéria.
Para mim, ser jornalista é conhecer o mundo e divulgá-lo. Conhecer não só de experiência feita mas também dos livros, da pesquisa, para relatar da forma mais adequada possível o que vai acontecendo neste nosso planeta, desde a gesta da descolonização às crises contemporâneas. Sem nunca esquecer o longo caminho que ainda há a percorrer para que haja mais justiça.
Muitas vezes esmoreço, mas vou-me aguentando graças à confiança que em mim depositam pessoas de lugares tão diferentes como Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor-Leste. Quando elas, o director de uma revista missionária ou um causídico nos primeiros anos de carreira me pedem um depoimento, rejuvenesço e entendo que não foi de todo mau ter-me reservado o destino esta dolorosa carreira de jornalista.

Jorge Heitor, jornalista de O Público
São camaradas como o Jorge que nos fazem acreditar na profissão de jornalista como uma maneira viável de construir pontes e partilhar vivências e eventos. Mabruk! Parabéns.

TENDERNESS

© JVieira

The word love, he had said, it is not always breaking down into other things? Into bitterness, yearning, jealousy – all the parts of the whole. May be there’s a better word, something too simple to become anything else.
But what word could be so incorruptible? She had asked. What word so infallible?
And Lucjan, to whom words were a moral question, had said: tenderness.

Anne Michaels in The Winter Vault

ROTUNDAS





Rotundas de Juba © JVieira

21 de março de 2010

CARTA

O Papa escreveu uma carta apostólica aos católicos da Irlanda para expressar vergonha e remorso pelos casos de abuso sexual de menores, perpetrado por clérigos e religiosos e abafados pela hierarquia.
Bento XVI escreveu na carta publicada ontem no sítio do Vaticano que ficou profundamente perturbado com as notícias sobre o abuso de crianças e jovens vulneráveis da parte de membros da Igreja na Irlanda, sobretudo de sacerdotes e religiosos.
O Papa diz às vítimas que é compreensível que lhes seja difícil perdoar ou reconciliarem-se com a Igreja.
«Em seu nome expresso abertamente a vergonha e o remorso que todos sentimos», escreveu o Pontífice.
Bento XVI diz aos abusadores que traíram a confiança dos jovens inocentes e dos seus pais e que devem responder diante de Deus e diante de tribunais devidamente constituídos.
Bento XVI também tem palavras duras para os bispos irlandeses: «Alguns de vós e dos vossos predecessores falhastes, por vezes gravemente, na aplicação das normas do direito canónico codificado há muito tempo sobre os crimes de abusos de jovens.»
O Papa anunciou visitas apostólicas – uma espécie de fiscalização ao mais alto nível – a algumas dioceses e seminários da Irlanda.
Também pediu que a Igreja organize uma missão a nível nacional para renovar a comunidade católica além de pedir adoração de desagravo e penitência pessoal pelas vítimas do abuso e pelos abusadores.

20 de março de 2010

YOU

Menino num pé de mangueira © JVieira

18 de março de 2010

COBERTURA

Anne Itto, do SPLM, em pré-campanha numa escola de Juba.

Durante o primeiro mês de campanha eleitoral, os partidos do poder ficaram com a parte de leão do tempo de antena tanto nos meios de comunicação públicos como privados.
O Consórcio Sudanês dos Média e Eleições publicou ontem o resultados das suas monitorizações em Juba e em Cartum e os dados recolhidos são idênticos tanto para as rádios como para a TV e os jornais públicos e privados: o presidente Omar al-Bashir ocupa cerca de 50 por cento das emissões políticas enquanto o seu homólogo no Sul, Salva Kiir, anda pelos 20 a 25 porcento. Os restantes 25 por cento são distrubídos por mais de 70 formações políticas e candidatos independentes.
Já a triagem homens-mulheres dá um resultado ainda mais desiquilibrado: as mulheres têm menos de 10 por cento do tempo de antena embora representem mais de 25 por cento dos candidatos a cargos políticos nas eleições de 11 a 13 de Abril.
Isto apesar de o Código de Conduta preparado pela Comissão Nacional de Eleições exigir que todos os candidatos recebam o mesmo tratamento e cobertura pelas televisões e rádios públicas. Os privados esses podem vender o tempo de antena a quem quiserem e como quiserem.

15 de março de 2010

EDUCAÇÃO


O Papa pediu aos bispos do Sudão que reforcem o empenho com a educação católica para prepararem mulheres e homens leigos aptos a envolverem-se na Igreja e na sociedade.
O Papa Bento fez este apelo no sábado quando recebeu os 13 bispos e líderes das dioceses do Sudão no final da visita «ad limina».
O Sumo Pontífice adiantou que para a paz ganhar raízes os factores que contribuem para a violência, em particular a corrupção, tensões étnicas, indiferença e egoísmo têm que ser diminuídos.
O Papa louvou os esforços dos líderes católicos na assistência aos pobres ajudando-os a encontrar trabalho.
O Santo Padre apelou aos bispos para serem os primeiros mestres da fé e testemunhas de comunhão.
Pediu-lhes que partilhem iniciativas comuns, escutem os colaboradores, ajudem os padres, religiosos e fiéis a aceitarem-se e a apoiarem-se como irmãos e irmãs sem distinções de raça ou grupo étnico.
O Papa aconselhou os prelados católicos a continuarem a promover cooperação com os Muçulmanos em iniciativas particulares através de um diálogo de vida.
Os bispos e líderes das dioceses do Sudão terminaram no sábado a visita ao Papa e aos departamentos da Santa Sé, uma peregrinação que todos os bispos fazem cada cinco anos.
A última vez que tinham estado no Vaticano foi em Dezembro de 2003.

14 de março de 2010

TELERURAL JR


Os meus sobrinhos são uns amores!

LOVE

© JVieira

In every childhood there is a door that closes, Marina had said. And: only real love waits while we journey through our grief. That is the real trustworthiness between people. In all the epics, in all the stories that have lasted through many lifetimes, it is always the same truth: love must wait for wounds to heal. It is this waiting we must do for each other, not with a sense of mercy, or in judgement, but as if forgiveness were a rendezvous. How many are willing to wait for another I this way? Very few.

Anne Michaels in The Winter Vault

12 de março de 2010

CARTAZES

Os meus cartazes favoritos


O Chefe

Candidata Vamp

Candidata Fatal

Candidata o Susto

A Maga

Candidato ou óbito?

Unidos para sempre
© JVieira
As paredes de Juba foram invadidas por cartazes dos candidatos às eleições de 11 a 13 de Abril. Aqui ficam os que me chamaram mais a atenção!

11 de março de 2010

EMBAIXADOR


A UNICEF nomeou hoje Leonel Messi, a vedeta do FC Barcelona e da selecção argentina, embaixador global de boa vontade.
A directora executiva da UNICEF, Ann M. Veneman, disse que Messi é uma super-estrela do futebol que pode ajudar a focar a atenção nas crianças mais vulneráveis e invisíveis.
Messi agradeceu à UNICEF a possibilidade de apoiar crianças que necessitem no seu papel de Embaixador Global de Boa Vontade para a UNICEF.
O primeiro acto de Messi na nova condição é uma vista ao país natal, onde estabeleceu a Fundação Leo Messi para apoiar o acesso de crianças vulneráveis à educação e saúde.
A estrela argentina junta-se a um naipe notável de porta-vozes especiais da UNICEF, que inclui a rainha Rania da Jordânia, Mia Farrow, Shakira, Roger Moore, Orlando Bloom e Danny Glover entre outros.

9 de março de 2010

CAMPEÕES

O FC Porto acaba de se despedir da Liga dos Campeões em Londres humilhado pelo Arsenal. Cinco a zero na fase final das competições europeias é muita fruta. Mas castiga quem tantos erros cometeu!
Há muito que não via os Dragões jogar. Perguntava-me porque estavam a ter uma prestação tão miserável na Primeira Liga.
Hoje entendi porquê: uma colecção de cromos orientados por uma múmia não faz uma equipa de futebol. Quanto muito um naipe desgarrado com veleidades de vedetas!
É altura de o FC Porto começar a preparar a próxima época com mais jogadores do mercado nacional a ver se volta a recuperar a garra e o fôlego de outros tempos.
Assim não dá!
Josualdo Ferreira disse que a equipa tem objectivos. Viu-se!

AD LIMINA



Os bispos do Sudão estão desde sábado no Vaticano para a visita «ad limina».
Cada cinco anos as conferências episcopais têm que ir ao Vaticano para apresentarem o relatório sobre a Igreja em geral e o estado das dioceses em particularse ao Papa e aos diversos departamentos da Santa Sé .
Os 12 bispos e o administrador apostólico de Malakal são acompanhados por alguns membros do secretariado da conferência episcopal.
No domingo celebraram a Eucaristia junto ao Túmulo de São Pedro e ontem começaram a visita propriamente dita com um encontro na Congregação para a Evangelização dos Povos.
O ponto alto da visita ocorre na próxima semana com o Papa a receber os bispos um por um e depois em conjunto.
O arcebispo Paolino Lukudu Loro de Juba é o primeiro prelado a encontrar-se com Bento XVI.
O arcebispo de Cartum, cardeal Gabriel Zubeir, ficou encarregado de apresentar ao Santo Padre o relatório sobre a Igreja no Sudão.
Dom Lukudu deixou uma mensagem gravada para ser difundida através da Rádio Bakhita.
Explicou o que é a visita «ad limina», disse aos católicos que ao apresentarem o Sudão ao papa os bispos estão a levar o país a todo o mundo e pediu que as comunidades acompanhassem a visita através da oração.

7 de março de 2010

OFENSA


O Secretário-Geral da Arquidiocese de Juba protestou contra o encerramento temporário da Rádio Bakhita e do modo como as forças de segurança trataram a directora dizendo que a Igreja está ofendida com o sucedido.
O P. Martin Ochaya Lino disse que a Igreja não permite que tratem o seu pessoal e instituições como criminais.
O número três da arquidiocese de Juba acrescentou que o que fizeram à Ir. Cecília, a directora de Bakhita, é deplorável e apelou às autoridades competentes para investigarem o incidente com seriedade, acrescentando tal não deve voltar a acontecer.
O P. Martin escreveu que compete à Igreja – e não ao poder político – determinar o mandato da sua estação.
Os políticos e regimes passam, mas a Igreja permanece, acrescentou.
Entretanto, o director de segurança do Estado de Equatória Central, Major General Johnson Losuk, que esteve envolvido no acidente, veio pessoalmente pedir desculpa à irmã Cecília pelo sucedido.
O secretário de estado para a Informação reuniu-se com os directores de rádio para exigir que respeitem as directrizes preparadas pela Comissão Nacional de Eleições para a cobertura da campanha eleitoral e eleições.
George Garang Deng acusou algumas rádios de apoiarem a oposição e conduzirem uma campanha difamatória contra o presidente do Sul do Sudão.
O secretário de estado Deng ameaçou fechar as rádios que não sigam a lei ou não renovar os alvarás.
Acusou a Liberty de ter transmitido uma entrevista de uma hora em directo com o agente do candidato independente ao governatorado de Equatória Central – os programas políticos devem ser pré-gravados; acusou a rádio oficial de sacar notícias da internet sem confirmar o conteúdo com o governo – um jornalista foi parar à prateleira com meio salário por ter anunciado uma reestruturação das chefias militares do exército do sul do Sudão que encontrou na net; acusou a Miraya de fazer campanha pela oposição porque um jornalista num excesso de linguagem disse que mais de um milhão estiveram presentes no lançamento da campanha do NCP, o partido do presidente al-Bashir, em Malakal, uma cidade que terá uns 200 mil habitantes.
Deng recebeu a Ir. Cecília e eu no seu gabinete depois do encontro. Pareceu ignorar o que aconteceu à Bakhita e à directora no dia anterior e lamentou o incidente.
Perguntou porque não levantámos a questão durante a reunião com os directores das outras rádios. A reposta foi simples: porque o agente que intimou a irmã estava na reunião e não convinha assanhar o gorila.
Deng disse que se sente tão vulnerável como nós perante os serviços secretos de segurança e aconselhou a não confrontarmos os agentes se o caso se repetir para evitar reacções inconvenientes da parte da secreta.
Duas lições deste imbróglio: o poder político está cada vez mais nervoso com as estações que não consegue controlar – Bakhita e Miraya, da ONU – e há dois níveis de poder: o governo e o todo poderoso serviço de segurança que segue à linha o modelo de Cartum e não se sabe quem é que controla quem.

3 de março de 2010

SÃO ROSAS

Rosas do Deserto © JVieira

INTIM(ID)ADA

A directora da Bakhita recebeu esta manhã a visita da polícia que a mandou desligar a rádio, fechar a estação, entregar as chaves e acompanhá-los ao Comando numa carrinha da força.
A Ir. Cecília Sierra contou que eram umas 10 e 10 quando um polícia trajando à civil sem nenhuma identificação entrou no seu escritório e mandou-a encerrar a estação.
Três polícias fardados e armados vigiavam exterior da rádio.
Quando chegou à carrinha da polícia, a Irmã encontrou-se com o director da Rádio Liberty, Albino Tokwaro, que também tinha sofrido o mesmo tratamento.
Entretanto, quando chegaram ao Comando da Polícia foram encaminhados para o gabinete do Director de Segurança da Equatória Central.
O Major General Johnson Losuk repreendeu o sr. Tokowaro por ter transmitido uma entrevista em directo com o candidato independente a governador de Equatória Central – a Comissão Nacional de Eleições proibiu programas em directo com candidatos durante a campanha – e por não ter gravado a emissão.
O comandante disse que tal era inaceitável e se Liberty repetir a ofensa fecha-a e confisca o equipamento.
Depois mandou em paz a Ir. Cecília e o Sr. Tokwaro, sem justificar porque ordenou o encerramento extemporâneo da Bakhita e intimou a directora a comparecer no comando!
Pelo caminho, contudo, o polícia à civil que tinha ido buscar a Irmã, aconselhou-a a transmitir só programas religiosos e nada de política.
Ao que parece as autoridades aproveitaram o incidente com a Liberty para intimidar a directora de Bakhita.
Bakhita é a única rádio que tem liberdade para abordar todos os assuntos que considera pertinentes durante a campanha porque não é controlada pelo Governo e conta com o apoio incondicional do Arcebispo de Juba.
Entretanto, amanhã o ministro da informação vai reunir com os directores dos média de Juba. Quero ver o que tem para dizer…

2 de março de 2010

MULHER-CORAGEM


Há uma freira católica entre as dez mulheres-coragem 2010.
A secretária de Estado Norte Americana anunciou ontem a lista do Prémio Internacional Mulheres de Coragem.
Marie Claude Naddaf, uma freira síria das Irmãs do Bom Pastor que vive em Damasco, foi galardoada com o prémio pelo seu trabalho social em favor mulheres.
As outras mulheres-coragem vêm do Afeganistão (duas), Chipre, República Dominicana, Irão, Quénia, Coreia do Norte, Sri Lanka e Zimbabué.
Todas têm em comum o empenho pela defesa dos direitos da mulher apesar das dificuldades que enfrentam.
As galardoadas recebem o prémio no dia 10 das mãos de Hillary Clinton no Departamento de Estado Norte-americano.
O prémio foi estabelecido em 2007 pelo Departamento de Estado para reconhecer mulheres que em todo o mundo mostraram coragem excepcional e liderança na promoção dos direitos da condição feminina.
A Ir. Marie Claude tinha recebido o prémio francês dos Direitos Humanos em 2006 pelo trabalho em defesa das vítimas da violência doméstica e do tráfico de mulheres.

1 de março de 2010

OLHOS


Meus olhos
mergulham em pingos insistentes
salgados molhados

Procuram olhos
tocando gotas irreverentes
caladas aladas

Encontram olhos
castanhos orvalhos sorridentes
prateados

De sentimento
de flor
de amor

SaRe

AL-BASHIR


© Peter Martel

O presidente da república abriu hoje a sua campanha eleitoral no Sul do Sudão com comícios na Equatória de Leste e em Juba.
O estádio de Juba foi o lugar escolhido para acolher o evento na capital do Sul ao fim da tarde sob céu enevoado e com uma assistência bem composta e um sistema de segurança apertado e espampanante: militares e civis com metralhadoras, polícias de choque e mais a polícia sem armas.
No meio da multidão um cartaz do Partido do Congresso Sudanês anunciava o apoio ao Tribunal Penal Internacional (que emitiu um mandado de captura contra o presidente al-Bashir por crimes de guerra e contra a humanidade perpetrados no Dardur) mas depressa a segurança fê-lo desaparecer.
Grupos de bailarinos tradicionais e um grupo de música do norte iam animando a assistência que esperou pacientemente a chegada de Omar Hassan al-Bashir enquanto os animadores de serviço misturavam o pregão islâmico Allah wakbar (Deus é o maior) com Aleluias e Améns!
O presidente-candidato começou com uma dança ao som da música da banda e com palavras de ordem.
Depois veio o discurso propriamente dito com um cabaz de promessas: nova ponte e estádio para Juba, prolongamento do caminho-de-ferro de Wau até Juba com ligação à fronteira do Uganda entre outras benesses.
Al-Bashir garantiu que o referendo sobre a auto-determinação do Sul vai ser feito em Janeiro e prometeu respeitar a vontade expressa pelos sulistas nas urnas.
Disse que em 1956 os políticos tentaram impor a unidade pela força e falharam. Agora a unidade deve ser democrática, não imposta.
Denunciou os «mosquitos» que se refugiam sob o solo para atacar a paz e repetiu o grito «sim, sim à paz e não, não à guerra» dizendo que a guerra a travar é a do desenvolvimento. Que os jovens nunca mais deviam carregar armas mas estudar para serem professores e doutores.
O comício foi também uma mostra da capacidade de mobilização do NCP (Partido do Congresso Nacional) e dos recursos que o presidente usa durante a campanha sob o lema «O pulo do Leão.»
O poster mais interessante são as fotos de al-Bashir e Salva Kiir, o presidente do Governo do Sul, emolduradas em dois corações entrelaçados, um preto e outro dourado, com o dístico Um País.