28 de maio de 2011

PROCISSÃO


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A arquidiocese de Juba começou hoje o programa de celebrações da Independência do Sudão do Sul com uma procissão pelas ruas da capital.
Centenas de fiéis participaram na procissão do Santíssimo Sacramento, representado escolas católicas, paróquias e grupos vários.
A procissão demorou quatro horas sob um sol inclemente.
A marcha religiosa partiu da Igreja de São José, teve paragens no Hospital, na Prisão, no Cemitério e no Mercado, e terminou na Sé Catedral de Santa Teresa.
A procissão marcou o início do Programa de Oração e Ação preparado pelos bispos do Sudão meridional sob o lema «Uma nação de cada tribo, língua e povo.»
O programa inclui uma oração pela República do Sudão do Sul, composta pelos bispos, e celebrações do perdão, dia de jejum, jornada de oração pelos líderes, plantação de árvores, uma novena e uma ceia pascal com os vizinhos na véspera da independência para recordar a história do Sul e do Sudão.
O Sudão do Sul vai proclamar a independência a 9 de Julho de 2011, em Juba e nas capitais dos outros nove estados.
No dia 10 os bispos celebram uma missa de ação de graças.
Em Agosto, está prevista uma semana de estudos sobre a Doutrina Social da Igreja, em Outubro um simpósio de três dias sobre o passado, o presente e o futuro da Igreja no Sudão e no Sudão do Sul, e em Dezembro, uma semana cultural para celebrar a diversidade no Sudão meridional.
O novo país tem mais de 60 tribos e os conflitos étnicos são comuns.
O Programa de Oração e Ação pelo Sudão do Sul termina a 1 de Janeiro de 2012.

26 de maio de 2011

PAZ

© JVieira


A paz é a única via para resolver a questão de Abyei.
Esta é a posição do Presidente do Governo do Sul do Sudão que disse aos jornalistas numa declaração de 40 minutos esta manhã em uba que o Sul não ia retaliar e atacar Abyei ou o Norte.
As tropas do norte do Sudão atacaram e ocuparam Abyei na semana passada.
Mais de 60 mil pessoas fugiram dos combates ferozes que envolveram armamento pesado e refugiaram-se no Sul do Sudão.
Salva Kiir Mayardit exigiu a retirada imediata e incondicional de Abyei das tropas do Norte, o estabelecimento de uma força de paz internacional para garantir a segurança na zona – até agora o patrulhamento era mantido pela missão da ONU no Sudão, uma força constituída maioritariamente por árabes e muçulmanos pró-Cartum -, o retorno dos deslocados e das agências de assistência.
Ele disse que o NCP – o Partido do Congresso Nacional que detêm o poder em Cartum – e o Presidente Omar al-Bashir tinham a invasão de Abyei preparada e esperavam por um pretexto para atacar.
O pretexto foi um incidente entre tropas do sul e forças do norte quando estas eram escoltadas para fora de Abyei pelos capacetes azuis, na quinta-feira.
Abyei é habitada por uma tribo do Sul do Sudão – os Dinka Ngok – e administrada desde 1905 a partir do Kordofan, no Norte.
O acordo de paz assinado em 2005 pelo governo de Cartum e os rebeldes do SPLA (o Exército de Libertação do Povo do Sudão) previa a realização de um referendo para os habitantes de Abyei escolherem pertencer ao norte ou ao sul do Sudão.
O regime de Cartum não permitiu que o referendo se realizasse a 9 de Janeiro e tem bloqueado todos os passos dados nesse sentido!
O Presidente Kiir acusou Cartum de estar em guerra com os Sudaneses desde a independência em 1956, mas sem nunca reagir a agressões externas, incluindo um ataque recente da aviação israelita conta um automóvel em Port Sudan.
Entretanto, mais de 60 mil pessoas que fugiram dos combates de Abyei, sobrevivem em condições muito difíceis espalhados pelos matos do Sul.
Primeiro, fugiram para Agok, a sul de Abyei, mas a farinha acabou e tiveram que se deslocar mais a sul à procura de alimentos.
O pároco de Turalei, P. Anthony Agok, disse-me pelo telefone que havia mais de 60 mil deslocados em situação muito difícil e que alguns já tinham morrido de fome.
O P. Agok adiantou que o Programa Alimentar Mundial estava a fazer um levantamento da situação e a juntar os refugiados para começar a distribuir mantimentos.
Acrescentou que os refugiados também necessitavam de um abrigo que os protegesse da chuva e de medicamentos.

25 de maio de 2011

CONFUSÕES

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A onda de euforia e festa que cobriu o Sudão do Sul durante e depois do Referendo de autodeterminação é já uma memoria distante.
Entretanto, a revisão da constituição tornou-se num exercício fracturante com o SPLM, o partido no poder, a dizer às oposições que são eles quem mandam e ponto final. A Constituição transitória foi preparada para acomodar as clientelas do partido que quer segurar as rédeas do poder pelo menos até 2015. As resoluções que saíram da conferência de partidos políticos em Outubro foram simplesmente ignorada pelo comité técnico que elaborou a lei fundamental.
Entretanto, a violência voltou em força ao Sul. Mais de 1100 pessoas foram mortas e quase 100 mil deslocadas por diversos tipos de violência: conflitos locais por causa do gado e das pastagens, actos de vingança, ataques de senhores da guerra contra civis e militares, milícias…
Juba aponta o dedo a Cartum acusando o norte de instigar e apoiar divisões e confusões. Mas também há líderes sulistas que usam a violência para conseguir um lugar mais vantajoso à mesa do poder depois da independência.
Junte-se-lhe a ocupação de Abyei no sábado pelas tropas do norte que fez mais de 40 mil deslocados e a situação piora muito bem – como diriam os meus amigos moçambicanos.
Finalmente, comida e combustíveis escasseiam. No princípio de Maio o governo de Cartum mandou fechar as rotas de abastecimento do Sul a partir do Norte e o boicote está a gerar o caos nas comunidades mais perto da fronteira.
O gasóleo escasseia, o preço duplicou e não pára de subir – hoje paguei-o a 5.50 libras sudanesas o litro – cerca de € 1,46 – mas outro missionário pagou seis libras. Os transportes públicos custam o dobro e a comida também está a ficar cada vez mais cara.
Entretanto, os preparativos para a independência continuam: o novo terminal do aeroporto está a crescer a olhos vistos, as ruas cada vez mais limpas e alindadas, o espaço das celebrações a receber um tratamento VIP – no domingo passei por lá e vi três grandes camiões cheios de plantas tropicais a chegar do Uganda para embelezar o Mausoléu de John Garang.
A Igreja está a dar os últimos retoques no programa pastoral para marcam a independência que vai começar no sábado com uma procissão do Santíssimo em Juba e noutras cidades.

18 de maio de 2011

DIACONADO


© JVieira

Um missionário combonianos do Sul do Sudão foi ordenado diácono no domingo.
Philip Andruga Kenyi, 35 anos, recebeu o diaconado do bispo Erkolano Lodu Tombe de Yei a 15 de Maio, Dia de Oração pelas Vocações.
A ordenação decorreu na Catedral de Cristo Rei em Yei.
Dom Erkolano disse durante a homilia que a ordenação de Andruga devia levar outros jovens a aceitar o chamamento para uma vida de serviço na Igreja como padres, religiosas ou religiosos.
O provincial dos combonianos no Sul do Sudão padre Daniele Moschetti ajuntou que a vocação é um chamamento à ação para construir o reino de Deus, de paz e justiça, no novo Sudão do Sul.
O padre Daniele anunciou que o diácono Andruga será ordenado padre a 20 de Novembro, Solenidade de Cristo Rei, em Yei.
Representantes das combonianas e combonianos no Sul do Sudão, membros do clero local, membros do governo local e líderes tradicionais e uma multidão imensa participaram na ordenação dentro e fora da catedral.
O diácono Andruga fez o noviciado no Uganda e cursou teologia em São Paulo, no Brasil.
Regressou no ano passado ao Sul do Sudão para cumprir dois anos de serviço missionário antes da ordenação.

14 de maio de 2011

PRAYER FOR SOUTH SUDAN


Prayer for the new
Republic of South Sudan


God of Mercies, we thank you for your great love for us.
We ask you to guide our leaders in the process of nation building.
Grant them wisdom, compassion and fortitude.

Loving God, give us courage to reject ethnic resentment
as well as ethnic conflicts.

Through the intercession of St. Josephine Bakhita,
help us to overcome hurt, hostility and bitterness in our hearts
so that we become reconciled citizens in our new nation.

Renew in us the will for honest and hard work,
and bring us closer to you
in the spirit of service, unity and lasting peace.

Lord, we pray for our heroes, our martyrs and all innocent people
who died during the long years of war.

We pray in thanksgiving for all those
who stood by us in solidarity to bring about peace.

Unite us from every tribe, tongue and people. 
Send your Holy Spirit upon us and may your will be done in us.

God, bless our new nation;
bless the Republic of South Sudan;
bless the Republic of Sudan,
in Jesus’ name. Amen.