30 de setembro de 2006

Abrir aspas


QUESTIONS

Be patient towards all that is unsolved in your heart...
Try to love the questions themselves...
Do not seek now the answers,
which cannot be given
because you would not be able to live them.
And the point is to live everything.
Live the questions now
Perhaps you will then
gradually,
without noticing it,
live along some distant day
into the answers.


Rainer Maria Rilke in «Letters to a Young Poet»

29 de setembro de 2006

Abrir aspas


APRENDIZAGENS

Depois de algum tempo aprendes a diferença, a subtil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E aprendes que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança.
E começas a aprender que beijos não são contratos, e presentes não são promessas.
E não importa o quão boa seja uma pessoa, ela vai magoar-te de vez em quando e precisas perdoá-la por isso.
Aprendes que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobres que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que podes fazer coisas num instante, das quais te arrependerás pelo resto da vida.
Aprendes que as verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
E o que importa não é o que tu tens na vida, mas quem tens na vida.
Aprendes que quando estás com raiva tens o direito de estar com raiva, mas isso não dá o direito de seres cruel.
Aprendes que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém. Algumas vezes, tens que aprender a perdoar-te a ti mesmo. Aprendes que com a mesma severidade com que julgas, tu serás em algum momento, condenado.
Aprendes que não importa em quantos pedaços teu coração foi partido, o mundo não pára para que o consertes.
E, finalmente, aprendes que o tempo, não é algo que possa voltar para trás.
Portanto, planta o teu jardim e decora a tua alma, ao invés de esperar que alguém te traga flores.
E percebe que realmente podes suportar, que realmente és forte, e que podes ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.
E que realmente a vida tem valor, e que tu tens valor diante da vida! E só nos faz perder o bem que poderíamos conquistar, o medo de tentar!
Atribuído a William Shakespeare
para alguém que se sente no meio do fogo

27 de setembro de 2006

O Papa e Maomé

Em «Daily Nation», Nairobi - Quénia

Sabedorias


A BORBOLETA

Um dia, um homem estava a observar o casulo de uma borboleta e apercebeu-se que esta estava a abrir uma pequena abertura.
O homem sentou-se a ver a borboleta, por várias horas, a esforçar-se para passar o seu corpo através daquele pequeno buraco.
A certo ponto pareceu-lhe que a borboleta parou de fazer qualquer progresso. Parecia que ela tinha ido o mais longe que podia, e não conseguia sair do casulo.
O homem decidiu ajudar a borboleta: pegou numa tesoura e cortou o resto do casulo. A borboleta então saiu facilmente. Mas o seu corpo estava murcho: era pequeno e tinha as asas todas amassadas.
O homem continuou a observá-la: esperava que, a qualquer momento, as asas se abrissem e esticassem para serem capazes de suportar o corpo e voar.
Nada aconteceu!
Na verdade, a borboleta passou o resto de sua vida rastejando com um corpo murcho e as asas encolhidas. E nunca foi capaz de voar.

O que o homem, na sua gentileza e vontade de ajudar não compreendeu, é que o esforço necessário à borboleta para passar através da pequena abertura do casulo apertado era o modo de o fluido do corpo da borboleta chegar às suas asas. Ela estaria pronta para voar quando se livrasse do casulo.
O esforço é justamente o que precisamos na nossa vida: se Deus nos permitisse viver sem quaisquer obstáculos, ficaríamos aleijados. Não iríamos ser tão fortes como poderíamos ter sido. Nunca poderíamos voar. E nós fomos feitos para voar nas asas do sonho!

26 de setembro de 2006

Vivências

CAIXINHA DE SURPRESAS

Há uns 25 anos, quando estudava Teologia em Londres, enamorei-me pelo Sudão e escolhi esse país como minha pátria missionária. É a terra santa comboniana e foi lá que Daniel Comboni trabalhou e morreu, em 10 de Outubro de 1881.
Em 1992, quando me preparava para trocar a redacção da Audácia por uma missão algures no Norte do Sudão, recebi a notícia de que, afinal, ia para a Etiópia. Aceitei a mudança sem regatear e passei lá quase oito anos tão maravilhosos que intitulei de «Dias Felizes» o meu Memorial da Missão. Foi a maneira mais simples de definir o tempo que vivi na Abissínia.
O meu sonho era voltar «ao lugar do crime» em 2007, depois de seis anos na Audácia e na Além-Mar. Há cerca de um ano visitei a Etiópia e combinei o meu regresso. Sabia que ia aprender uma nova língua chamada amárico para ir para o Oeste, junto ao Sudão.
Mas o destino é irónico e a vida uma caixinha de surpresas! Em Novembro mudo-me (sem armas e com pouca bagagem) para… o Sul do Sudão! Pelo menos durante dois anos, vou participar no início de uma cadeia católica de rádios, como director de informação, numa cidade chamada Juba, nas margens do Nilo Branco.
À frente dos desígnios da Audácia e da Além-Mar fica o Padre Manuel Augusto Ferreira. Já cá esteve nos anos 70 e 80. Depois andou por África, iniciou uma revista nas Filipinas e foi superior-geral da congregação, entre muitas outras coisas interessantes. A direcção das revistas fica em muito boas mãos.

25 de setembro de 2006

Sabedorias

TRÊS CONSELHOS

Um casal de jovens recém-casados, era muito pobre e vivia de favores num sítio do interior. Um dia o marido fez a seguinte proposta à esposa:
- Querida, eu vou sair de casa, vou viajar para bem longe, arranjar um emprego e trabalhar até ter condições para voltar e te dar uma vida mais digna e confortável. Não sei quanto tempo vou ficar longe, só te peço uma coisa, que me esperes e enquanto eu estiver fora, me sejas FIEL, pois eu também te serei fiel.
E o jovem partiu. Andou muitos dias a pé, até que encontrou um fazendeiro que estava a precisar de alguém para o ajudar. O jovem ofereceu-se para trabalhar e foi aceite. Pediu para fazer o seguinte contrato:
- Deixe-me trabalhar pelo tempo que eu quiser e quando eu achar que devo ir, o senhor dispensa-me das minhas obrigações. Eu não quero receber o meu salário. Peço que o senhor o guarde até ao dia em que eu for embora. No dia em que eu sair o senhor dá-me o dinheiro e eu sigo o meu caminho.
O contrato foi aceite. Aquele jovem trabalhou durante vinte anos, sem férias nem descanso. Um dia disse ao patrão:
- Patrão, eu quero o meu dinheiro, pois vou voltar para a minha casa.
O patrão respondeu-lhe:
- Tudo bem! Afinal, fizemos um contrato e eu vou cumpri-lo. Só que antes quero-lhe fazer uma proposta: eu dou-lhe o seu dinheiro e você vai-se embora. Ou dou-lhe três conselhos e não lhe dou o dinheiro e você vai-se embora. Se eu lhe der o dinheiro eu não lhe dou os conselhos, se eu lhe der os conselhos, eu não lhe dou o dinheiro. Pense e depois dê-me uma resposta.
Ele pensou durante dois dias. Depois procurou o patrão:
- Quero os três conselhos!
O patrão frisou novamente:
- Se lhe der os conselhos, não lhe dou o dinheiro.
- Quero os conselhos.
O patrão então disse-lhe:
- 1. NUNCA TOME ATALHOS NA SUA VIDA. Caminhos mais curtos e desconhecidos podem-lhe custar a vida. 2. NUNCA SEJA CURIOSO PARA AQUILO QUE É MAL, pois a curiosidade para o mal pode ser mortal. 3. NUNCA TOME DECISÕES EM MOMENTOS DE ÓDIO OU DE DOR, pois você pode-se arrepender e ser tarde demais.
Depois de lhe dar os conselhos, o patrão disse ao rapaz que já não era assim tão jovem:
- Você tem aqui três pães. Estes dois são para a viagem e o terceiro é para comer com a sua esposa quando chegar a casa.
O homem tomou o caminho de regresso, depois de vinte anos longe de casa e da esposa que ele tanto amava.
Após o primeiro dia de viagem, encontrou um andarilho que lhe perguntou:
- Para onde é que você vai?
- Vou para um lugar muito distante que fica a mais de vinte dias de caminhada.
O andarilho disse-lhe então:
- Rapaz, este caminho é muito comprido. Eu conheço um atalho que é dez vezes mais curto, e você chega em poucos dias.
O rapaz, contente, começou a seguir pelo atalho, quando se lembrou do primeiro conselho; então voltou e seguiu o caminho normal. Dias depois soube que o atalho levava a uma emboscada.
Depois de alguns dias de viagem, cansado ao extremo, encontrou uma pensão à beira da estrada, onde se hospedou. Pagou a diária e após tomar um banho deitou-se para dormir. De madrugada acordou assustado com um grito estarrecedor. Levantou-se de um salto e dirigiu-se à porta. Quando estava para sair e ver o que se passava, lembrou-se do segundo conselho. Voltou, deitou-se e adormeceu.
De manhã, depois de tomar o café, o dono da pensão perguntou-lhe se ele não tinha ouvido um grito e ele disse que sim.
- E você não ficou curioso?
Ele disse que não. O hospedeiro respondeu:
- Você é o primeiro hóspede a sair daqui vivo, pois o meu filho tem crises de loucura, grita durante a noite e quando o hóspede sai, mata-o e enterra-o no quintal.
O rapaz prosseguiu na sua longa jornada, ansioso por chegar a casa.
Depois de muitos dias e noites de estrada, já ao entardecer, viu entre as árvores o fumo da chaminé da sua casa, e entre os arbustos a silhueta da sua esposa. Estava a escurecer, mas ele pôde distinguir que ela não estava só. Andou mais um pouco e viu que tinha junto dela um homem a quem estava a acariciar os cabelos. Quando viu aquela cena, o seu coração encheu-se de ódio e amargura e decidiu correr e matá-los sem piedade. Respirou fundo, apressou o passo, quando se lembrou do terceiro conselho. Então parou, reflectiu e decidiu dormir aquela noite ali mesmo, debaixo de uma árvore, e no dia seguinte tomar uma decisão.
Ao amanhecer, já com a cabeça fria, disse:
- Não vou matar a minha esposa e nem o amante. Vou voltar para o meu patrão. Só que antes, quero dizer-lhe que sempre lhe fui fiel.
Dirigiu-se à porta da casa e bateu. Quando a esposa abriu a porta e o reconheceu, atirou-se ao seu pescoço e abraçou-o afectuosamente. Ele tentou afastá-la, mas não conseguiu. Então com lágrimas nos olhos disse-lhe:
- Eu fui-te fiel e tu traíste-me...
Ela, espantada, respondeu-lhe:
- Como? Eu nunca te traí… Esperei durante estes vintes anos.
- E aquele homem que estavas a acariciar ontem ao entardecer?
- Aquele homem é nosso filho. Quando te foste embora, descobri que estava grávida. Hoje ele está com vinte anos de idade.
Então o marido entrou, abraçou o filho e contou-lhes toda a sua história, enquanto a esposa preparava o café. Sentaram-se para comer juntos o último pão. Após a oração de agradecimento, com lágrimas de emoção, ele partiu o pão e ao abri-lo encontrou dentro dele todo o seu dinheiro, o pagamento pelos seus vinte anos de dedicação.
Obrigado, Cidy

24 de setembro de 2006

Jennifer Rush

THE POWER OF LOVE

À memória de Manuel Pinho, amigo, confrade e camarada, que sempre que a rádio passava esta canção, aumentava automaticamente o volume, nem que fosse à meia-noite, na redacção. Aquele que dizia para fazermos uma fila, dois a dois como os três reis magos.

Leituras

NO MEIO DO NOSSO CAMINHO

O último romance de Clara Pinto Correia trata um tema que me é muito caro: a crise da meia idade. Porque também moro lá.
«No Meio do nosso Caminho» (Oficina do Livro, 2005) conta histórias paralelas, cruzadas e descosidas de vidas reais ficcionadas sob os céus turbulentos da «ternura dos 40»: o desfazer e refazer de relações, divórcios, solidão, sonhos e pesadelos, novas saídas, redimensionamento dos afectos, questões fundamentais…
«Tu já viste bem? Cansados, desiludidos, cheios de nódoas negras, sozinhos, e sem termos a mínima ideia de para onde é que estamos a ir, e ainda por cima com este medo de, se calhar, não estarmos mesmo a não ir para lado nenhum? Fazemos o quê, com a outra metade do caminho?» (pag. 211).
Clara Pinto Correia «encontrou» o título e o mote para o seu último romance no «Purgatório» de Dante Alighieri: «No meio do nosso caminho aceso outra gente ao encontro desta vinha E suspenso pus nela meu olhar.»
Um livro que se lê muito bem, por menos por mim que sou um leitor incondicional de Clara Pinto Coreia.

23 de setembro de 2006

Portugal

UM PAÍS INTERNACIONALISTA

O cariz internacionalista do povo português é inegável.
Senão vejamos:
- Quando um português tem um grande problema pela frente costuma dizer que... «vejo-me grego»;
- Se uma coisa é extremamente difícil de compreender, ele afirma que... «isso é chinês»;
- Quem trabalha de manhã à noite diz... «é um mouro de trabalho»;
- Uma invenção moderna e com tecnologia avançada... «é uma americanice»;
- Quem mexe em alguma coisa que não queira que mexa... «é como o espanhol»;
- Quem vive com luxo e ostentação... «vive à grande e à francesa»;
- Se se faz algo para causar boa impressão aos outros... «é só para inglês ver»;
- Se tentas regatear o preço de alguma coisa... «és pior que os marroquinos»;
- Mas quando alguém faz porcaria ou alguma coisa corre mal... «é à PORTUGUESA!»
Obrigado Helen!

22 de setembro de 2006

Crianças

DUBAI:
MILHARES
DE JÓQUEIS
ESCRAVOS

O xeque do Dubai, Mohammed al-Maktoum, está a ser julgado num tribunal norte-americano por sequestrar, traficar e escravizar milhares de crianças, obrigando-as a competir como jóqueis em corridas de camelos.
Também são arguidos o irmão do xeque e mais 500 pessoas.
As crianças são oriundas do Sudão, Bangladesh e de outros países do sul da Ásia.
No Dubai, as crianças, algumas com apenas dois anos de idade, seriam mantidas em péssimas condições e mal alimentadas - para crescerem pouco e com pouco peso -, vítimas de abusos e forçadas a arriscar a vida neste desporto perigoso e proibido.
Todos os acusados enfrentam penas por esclavagismo, fomento de trabalho infantil, agressão, danos emocionais e homicídio.

21 de setembro de 2006

Refracções

E DEUS FEZ-TE A TI

E Deus fez-te a ti
deu-nos coros beneditinos e niti
fez Taj Mahal
roçou ventos de longe
em carvalhos e ciprestes.

E Deus fez-te a ti

deu-nos cantigas de Santa Maria, rei-poeta Treirlok,
Kawandame e Salgueiro Maia
fez Angkhór
sorriu-nos d'ouros escondidos
lavou rios nos nossos pés.

E Deus fez-te a ti

deu-nos Ottis Redding, Cesária Évora,
Ravy Shankar e Rao Kyao
fez muralha da China
sorriu o mundo com menino
roubou-nos coração com mulher.

E Deus fez-te a ti

deu-nos flauta dos Andes, monges d`Etiópia,
guerreiro Powatan e Dalai Lama
fez-nos Tibete
beatificou-nos com aquele santo
p`ra quem morrer é casar com Deus.

E Deus fez-te a ti

deu-nos cantaderas e poetas de Córdoba,
Brás de Lezo e Pedro de Claver
fez-nos Amazonas e cubatas, catedrais e alhambras
chorou-nos guitarras
p'ra esquecer alegrias do longe cantadas em poentes.

E Deus fez-te a ti

deu-nos Teitaro Suzuki e outros mestres Zen falando o não dizer
fez-nos Hawai e Caribe
rogou-nos trovoadas com sopro de misericórdia
afugentando filhos ao regaço de mãe.

E Deus fez-te a ti

deu-nos Alquimistas e Cervantes, Travadinha,
Baticã Ferreira e Robert Freitas Jr.
fez-nos Sagres, Bojador e Tormentas
encheu-nos céu d'ave migrante
chamando a irmã perdida na hora de sul.
E Deus fez-te a ti

deu-nos Wenceslau de Moraes, B'éleza, Pixinguinha,
Alexandre Herculano e Ten Li Jun
fez-nos correntes, monções e praias d'acostar
d'água d'olhos, aspergiu-nos chuvas
enxutas nos aconchegos gotejantes d'alma.

E Deus fez-te a ti

deu-nos Afonso, Álvares, Camões, Gama, Colombo,
Cabral, Albuquerque,
Magalhães e Santos Dumont
fez-nos Goa, Malaca, Filipinas, Molucas, Brasil e Timor
eternizou-nos no herói à vida afoito
morrendo no grito por mãe do soldado desconhecido.

E Deus fez-te a ti

deu-nos António Vieira, Vinicius, Eugénio Tavares,
Manuel Casanovas , homem-grande, mais-velho,
sobas, régulos e liurais
fez-nos pátios, varandas e terreiros
pintou-nos d`esquecimento de côr
por de dentro todas a todos sentir.

E Deus fez-te a ti

deu-nos Gasset, Bolívar, Neruda, Gardel,
D. Aleixo, D. Jeremias, leaismoradores de Manatuto,
Borja da Costa e Fernando Sylvan
fez-nos aldeias, vilas, cidades e países
dançou-nos fronteiras de honras
no estático dos limites.

E Deus fez-te a ti

deu-nos Catulo, Lopes, Aurélio Gonçalves,
Paulina Chiziane e Viriato da Cruz
fez-nos jóias, árvores e flores
guiou-nos com fé e ciências p`ra na vontade de uns o crer
p`ra na desconfiança d`outros a certeza de o experimentar.

E Deus fez-te a ti

deu-nos Gandhi, Gibran, Francisco d'Assis e Paulo Coelho,
Madredeus e chefe Ameríndio
fez-nos rezas, procissões e caminheiros
sentou-nos meninos, por um tempo, num altar
procurado no errante de vida como busca de tesouro.

E Deus fez-te a ti

deu-nos Craveirinha, A. Ferreira, Arnaldo França,
Onésimo Silveira, Baltazar Lopes,
José F. Tenreiro, Henrique Guerra e Bartolomeu de Las Casas
fez-nos charrua, foguetão e computador
pôs-nos em terra firme para voarmos de sonho.

E Deus fez-te a ti

deu-nos Bonga, Hermeto, Manuel D'Novas,
Luís Morais, Pélé, Eusébio e Maradona
fez-nos charnecas e lavradios, desertos, roças e pampas
abraçou-nos, pecadores e santos,
porque feitos no mesmo sorriso.

E Deus fez-te a ti

deu-nos mulheres d’Hawai e Sherpas do Tibete,
mulheres Maori e aborígene d’Austrália
Cecília Meireles, Hermínia, Krishnamurti, Lao Tsé,
Aurobindo e Li-Tao-Ch´un
fez-nos fontes, vinho e pão
badalou-nos levantes e poentes
anunciadores do fímbrio rasgo das batalhas
e dos recatos mântricos das preces.

E Deus fez-te a ti

deu-nos Afonso Lopes Vieira e Luís Romano,
Erico Veríssimo e Eça de Queirós
fez-nos Matemática, outras ciências,
Filosofia e História
prendeu-nos em cadeias de liberdades
pintadas d`escârneo nas cavernas d'eremitas.

E Deus fez-te a ti

deu-nos Einstein e Niels Bohr, Galileu e Peano,
Giordano Bruno e Pedro Nunes
fez-nos átomos e galáxias, aceleradores de partículas e fotóns,
nanómetro e células indiferenciadas, ovocito e buraco negro.
sonhou-nos, por esse Niels Bohr d’incertezas acordados,
efeitos fantasmas p`rás certezas do futuro.

E Deus fez-te a ti

deu-nos nobres e miseráveis, aristocratas e pobres,
prostitutas e Maria, mecenas e proxenetas,
padre Américo e Lampião, Anchieta e Zé do Telhado
fez-nos menino e adolescente, mulher e homem
perdoou-nos os ódios, de inveja querer o só nosso amar,
como perdoou a Buda a disputa bhrâmane de mais santo ser.

E Deus fez-te a ti

deu-nos dançaderas do ventre,
trovadores e mestres de catedrais que de nome ninguém sabe
fez-nos línguas e babéis
p'ra d'arrogante pecador fez raça pura
p'ra gente crente do viver fez d`outros e de nós,
crioula mistura.

E Deus fez-te a ti
Ibne Vitterbo-Meireles

20 de setembro de 2006

Refracções

SER POETA
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Florbela Espanca                               
 

19 de setembro de 2006

Fictions


TEACHER ARRESTED IN JFK

NEW YORK - A public school teacher was arrested today at John F. Kennedy International Airport as he attempted to board a flight while in possession of a ruler, a protractor, a set square, a slide rule, and a calculator.
At a morning press conference, Attorney General Alberto Gonzalez said he believes the man is a member of the notorious Al-gebra movement. He did not identify the man, who has been charged by the FBI with carrying weapons of math instruction.
"Al-gebra is a problem for us," Gonzalez said. "They desire solutions by means and extremes, and sometimes go off on tangents in a search of absolute value. They use secret code names like 'x' and 'y' and refer to themselves as 'unknowns,' but we have determined they belong to a common denominator of the axis of medieval with coordinates in every country. As the Greek philanderer Isosceles used to say, 'There are three sides to every triangle.'
When asked to comment on the arrest, President Bush said, "If God had wanted us to have better Weapons of Math Instruction, He would have given us more fingers and toes."
White House aides told reporters they could not recall a more intelligent or profound statement by the president.

Blogosfera


VIAJANDO P’LUS AFRICA

Annonimatus escreveu-me que «a África é a verdadeira missão da minha vida, que ainda não me acolhe, mas que espera por mim...»
E o seu blogue VIAJANDO P’LUS AFRICA é isso mesmo: um hino à beleza do continente negro e sobretudo às suas pessoas. As fotos são de extasiar. Depois há textos actuais e interventivos, vídeos e músicas. Enfim, a África no seu esplendor, prenhe de vida. Lindo de ser ver!!! Faz-lhe uma visita, aqui!
Obrigado, Elsa, por nos pores em contacto!

18 de setembro de 2006

Saudade


MORREU UM AMIGO

Franco Masserdotti, 65 anos, bispo de Balsas, no estado nordestino de Maranhão, Brasil, foi atropelado por um camião, ontem, 17 de Setembro. Seguia de bicicleta quando foi colhido mortalmente.
Conheci este comboniano italiano há muitos anos quando veio fazer o retiro aos combonianos e combonianas portugueses. Filho da geração de 68, licenciou-se em sociologia. Depois de fazer parte do governo da congregação, foi enviado para o Brasil em 1972. Há dez anos foi nomeado bispo de Balsas. Era presidente do Conselho Indigenista Missionário, o órgão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil encarregado da pastoral indígena.
Dom Franco era uma referência para mim: pela sua humanidade; pela sua espiritualidade profunda e desempoeirada, ancorada no amor incondicional aos mais pobres e sobretudo aos povos indígenas; pelas anedotas que contava; pela simplicidade da sua vida; por aquele olhar translúcido, doce e cheio de paz; pela fala mansa e tranquila.
Hoje fiquei parvo ao ser confrontado com a notícia da sua morte repentina e fora de horas. Esta postagem vai regada pelas lágrimas da saudade. De um amigo meigo, de um colega exemplar, de um homem de Deus que não precisava de se pôr em bicos de pés para se fazer notar: a sua alegria, bondade, simplicidade eram pura irradiação do Amor de Deus.
Deus tem-no consigo, servo bom e fiel. E ele continua a interceder do céu pelos indígenas seus irmãos, pelos cristãos de Balsas, por nós seus companheiros de sonho e de utopia. Um abraço, Franco, e até já!

Violência



MISSIONÁRIA ASSASSINADA
NA SOMÁLIA

A Irmã Leonella Sgorbati, 65 anos, italiana, missionária da Consolata, foi barbaramente assassinada em Mogadíscio, capital da Somália, ontem, 17 de Setembro, quando se dirigia para o hospital onde trabalhava.
A Irmã Leonella estava há cinco anos na Somália e trabalhava no hospital pediátrico «SOS CHILDREN», no Norte de Mogadíscio. Era enfermeira e dava aulas de enfermagem. Foi assassinada junto à aldeia onde vivem 400 crianças órfãs, numa emboscada em que também pereceu o seu guarda-costas.
A missionária foi morta por dois homens aparentemente em retaliação por uma citação sobre Maomé no discurso que o Papa Bento XVI pronunciou na Aula Magna da Universidade de Regensburg, a 12 de Setembro, durante a sua visita à Alemanha.
A embaixada italiana na Somália tinha aconselhado a Ir. Leonella e outras quatro missionárias a abandonarem o país por questões de segurança. As missionárias, contudo, decidiram ficar para servir os que mais precisavam.
A organização «SOS Children», onde as missionárias trabalham, goza de muito prestígio na Somália. As suas instalações nunca foram saqueadas e o hospital foi poupado pela guerra civil.

15 de setembro de 2006

Humor negro

Refracções

E-MAIL DE DEUS

E se Deus te mandasse um e-mail assim?

Oi, Como você acordou esta manhã?
Eu vi você e esperei pensando que falaria comigo, mesmo que fossem apenas umas poucas palavras, querendo saber minha opinião sobre alguma coisa ou mesmo Me agradecendo por algo bom que aconteceu em sua vida ontem.
Você mandou e-mails pra todos os seus amigos, mas não falou comigo... Tudo bem!
Notei que você estava muito ocupado tentando encontrar uma roupa apropriada para o trabalho. Então, esperei outra vez...
Quando você andou pela casa, de um lado para outro, já pronto, Eu estava lá. Seriam poucos minutos para você dizer-me «alô, Amigão!»
Mas você estava realmente muito ocupado. Como você ainda tinha 15 minutos antes de sair de casa, gastou esse tempo apenas sentado em uma cadeira, sem fazer nada!
Então, Eu o vi se mexer, olhando para os seus pés que se movimentavam, e pensei que queria falar Comigo, mas você dirigiu-se ao telefone e ligou para um amigo para contar as últimas novidades.
Na hora do almoço, esperei pacientemente outra vez enquanto você estava assistindo TV e comendo a sua comida. Porém, mais uma vez você não falou Comigo!
Na hora de dormir você devia estar muito cansado, pois apenas disse boa noite para a sua família, pulou na sua cama, caiu no sono e dormiu rapidamente.
Tudo bem! Talvez você não saiba que Eu sempre estou ao seu lado, disponível.
Tenho muita paciência! Muito mais do que você possa imaginar. Eu mesmo quero ensinar-lhe como ser paciente com as outras pessoas e como ser bom.
Amo tanto você que espero todos os dias por um sinal seu, um simples inclinar de cabeça, uma oração, um pensamento ou um agradecimento.
Sabe, é muito difícil uma conversa quando só existe um lado! Só um disposto a conversar. Bem, você vai se levantar outra vez para um novo dia e mais uma vez e mais outra vez, e outra vez, sem falar comigo. E serão muitas vezes...
Um abraço do seu sempre Pai e Amigo, DEUS.
Obrigado, Cidy

14 de setembro de 2006

Abrir aspas

TUDO OU NADA

Nos ansiosos momentos
melancolicamente lavados
em amizades,
ligeiramente abalados por sonhos
originados por hormonas mal reguladas,
existimos nós aqui,
no meio do nada
e ao mesmo tempo
no meio de tudo.
Tudo em nós é vivido
por nada,
e nada sendo
o é tudo quando somos nós.
E nós quem somos? Tudo ou nada?

João Leal em «Migalhas também são Pão»

Canção do Mar


O mar, o fado e a saudade: a mesma energia telúrica. Na voz arrebatadora de Dulce Pontes. Para ti, com carinho!

Amnistia Internacional


CAMPO DE TRABALHO

A Secção Portuguesa da Amnistia Internacional realiza entre os dias 5 e 8 de Outubro o seu 7.º Campo de Trabalho.
O evento tem como objectivo alertar os jovens dos 15 aos 18 anos para a questão fundamental dos Direitos Humanos.
Temas como Amnistia Internacional – visão e missão, Pena de Morte, Violência Sobre as Mulheres, Crianças soldado, uma realidade, e Discriminação com base na Orientação Sexual serão debatidos durante o Campo de Trabalho em formato lúdico e educativo.
A inscrição (25 euros) inclui alojamento e alimentação. Os participantes devem levar saco-cama.
Os interessados podem inscrever-se até 21 de Setembro por correio electrónico (
campodetrabalho@amnistia-internacional.pt) ou por carta (Amnistia Internacional Avenida Infante Santo, 42, 2º 1350-179 Lisboa). As inscrições só serão válidas após a recepção do pagamento.

13 de setembro de 2006

Darfur

AZUL DE PAZ

A Amnistia Internacional (AI) marcou para 17 de Setembro um Dia Internacional de Acção sobre o Darfur e pede que nessa jornada se use um chapéu, boné ou fita no pulso de cor azul. A AI pretende através desta acção de solidariedade pressionar o Governo sudanês a aceitar a entrada dos Capacetes Azuis, as forças de paz das Nações Unidas, na região do Darfur, no Oeste do país.
Ao mesmo tempo, a AI está a promover uma petição a pedir ao governo de Cartum que permita a presença dos Capacetes Azuis no Darfur.
A organização de defesa dos direitos humanos pretende juntar 23 mil assinaturas para enviar outras tantas tropas de manutenção de paz para a província mártir do Sudão.
O conflito no Darfur já fez mais de 400 mil mortos e dois milhões de deslocados em apenas três anos. E 3,5 milhões de civis dependem da ajuda internacional para sobreviverem. É altura de dizer. BASTA!
Assine aqui.

Cucurrucucu Paloma


Cantar e chorar: porque as lágrimas regam a alegria. A versão de Caetano Veloso, de «Hable con Ella», é a que mais me tocou. Uma homenagem a quem me faz cantar e também chorar.

12 de setembro de 2006

Apanhado

VIATURA OFICIAL A 212 KM/H

A viatura oficial em que o ministro da Economia, Dr. Manuel Pinho, seguia, foi «apanhada» a circular a 212 quilómetros à hora, na A1, perto de Leiria, no sábado.
O ministro alegou «razões de interesse público» para ir a «abrir». Aparentemente, estava atrasado para um acto público menor, no Norte.
A Direcção da Associação de Cidadãos Auto-Motorizados (ACA-M) pede que pelo menos Manuel Pinho apresente um pedido público de desculpas «por um comportamento anti-social na estrada.»
«É evidente que não há qualquer interesse público em colocar em perigo de vida os restantes utentes de uma rodovia, em descredibilizar as campanhas de alerta rodoviário promovidas pelo Ministério da Administração Interna, nem em contrariar a recente decisão governamental de reduzir para 118km/h o limite máximo em auto-estrada por motivos ambientais e económicos», sublinha a ACA-M em comunicado. E recorda que noutras latitudes o ministro seria forçado a demitir-se.

Abrir aspas

O OZONO NA ATMOSFERA
E O CORAÇÃO NA VIDA

Esta semana começa com o quinto aniversário dos actos terroristas nos Estados Unidos e se encerra com o dia internacional de defesa da camada de ozono. A ONU, que instituiu o 16 de Setembro como um dia para chamar a atenção dos governos e dos povos sobre a grave e urgente situação da camada de ozono que protege a terra surpreende-se com o facto de que, em poucos anos, este problema, antes quase restrito a especialistas, está a tornar-se assunto de amplo interesse. A razão pode ser o facto de que, em vários lugares do mundo, constata-se um aumento de doenças provocadas pela exposição das pessoas aos raios ultravioletas do sol. Pais obrigam filhos a irem para a escola com a cabeça coberta e governos municipais vigiam praias e balneários para impedir que as pessoas se exponham ao sol em certas horas do dia.
De facto, a vida no planeta Terra precisa de que se mantenha o que resta da camada de ozono, cortina de gás situada entre 10 e 50 Km de altura da superfície terrestre que funciona como filtro solar e protege todo ser vivo sobre a terra dos raios ultravioletas do sol. O ozono é um gás cujas moléculas são compostas de três átomos de oxigénio. No nível do solo, é muito poluidor e perigoso. Entretanto, como cortina que cobre a atmosfera terrestre, protege o planeta dos raios ultravioletas do sol que podem provocar diversas doenças nas pessoas, animais e mesmo nas plantações. O que aconteceu é que, desde os anos 60, os frigoríficos, aparelhos de ar condicionado, produtos em formulação aerossol e vários produtos de uso doméstico e industrial utilizam um elemento químico (clorofluorcarboreto) indissolúvel. O CFC reage à presença da radiação UV, ultravioleta, dividindo-se na altura da camada de ozono onde a presença desse raios são constantes. Então o cloro reage ao ozono (O3), dividindo-o e produzindo moléculas de monóxido de carbono (CO), e oxigénio (O2). Esse fenómeno causa a destruição na camada de ozono, o que aumenta a entrada de raios UV na atmosfera causando problemas como o cancro de pele, catarata, diminuição do fitoplâncton e redução das colheitas.
Em 1987, diversos governos do mundo assinaram o Protocolo de Montreal que se comprometia a substituir os produtos que usam este tipo de elemento químico por outros componentes que não causam esta destruição (elementos biodegradáveis). Depois da Conferência Mundial da Terra no Rio de Janeiro (Rio 92), vários governos assinaram o Protocolo de Kyoto que se comprometia a diminuir em uma década em 12% as emissões de gases tóxicos jogados sobre a atmosfera. As mais recentes pesquisas confirmam que os países mais poluidores são os mais ricos e ditos "desenvolvidos". O governo dos EUA - onde pelo volume de consumo é maior a responsabilidade pela destruição da camada de ozono não aceitou assinar o protocolo de Kyoto. Segundo o presidente Bush isso prejudicaria os interesses económicos do país.
Nesta semana, 5.º aniversário dos actos terroristas nos Estados Unidos, o governo Bush e de seus aliados intensificam a propaganda - expressa e subliminarmente - de que a maior ameaça para a humanidade é o terrorismo. E uma coincidência intrigante deixa muita gente sem resposta: como a cada pesquisa de opinião (mais) desfavorável a Bush ou Blair, algum plano diabólico de terroristas carregando bombas líquidas em mamadeiras para explodir aviões é desmascarado por esses (auto-nomeados) paladinos do planeta. Renova-se, então, o endosso da sociedade para novas medidas repressivas e de restrição às liberdades civis.
Por abominável que seja - e é - nenhum acto terrorista, está desde agora destruindo milhares de espécies vivas e ameaçando o futuro da espécie humana e de toda a vida no planeta Terra. As empresas e governos que investem em um modelo de desenvolvimento depredador da natureza e opressor da humanidade praticam uma forma de terrorismo estrutural. Cada vez mais parece evidente que o terrorismo dos grupos extremistas não será jamais vencido apenas com medidas de repressão e actos de guerra. No entanto, perderão suas bases e apelo se a sociedade internacional exigir dos governos uma política mais justa com relação aos países pobres que sempre foram vítimas da colonização. A destruição da camada de ozono e, por conseguinte, das condições de vida na Terra, nunca será detida apenas com medidas de força ou assinatura de protocolos diplomáticos. É necessário que se detenha o ritmo e o estilo deste desenvolvimento poluidor e que se descubra valores de convivência social e alegria na sobriedade e na valorização da vida própria e de todos os seres vivos. Medidas repressivas não bastam para impedir um novo 11 de Setembro. Comemorar o 16 de Setembro, dia da defesa da terra, da água e do ar sobre o planeta, será avançar no cuidado como vivemos o quotidiano e celebrar a vida no calendário humano e do coração.
Marcelo Barros, monge beneditino em ADITAL

Fitas


EL DESIERTO
DE SIMÓN

Notas de um remake technicolor da película «Simón del Desierto», de Luís Buñuel
Cenário: interiores com vista para o Tejo; alguns takes de exterior;
Elenco: dois actores (Simón, urbano e sem coluna, e Chica, versão adulta e sofisticada de la niña inociente);
Figurantes: poucos; um cão e bom vinho;
Efeitos especiais: MSN, C2C, Voip e SMS (muitos);
Enredo: durante quatro meses, Chica e Simón voam nas asas do sonho. Depois da grande finale, Simón descobre que o espaço que partilhava já não existe ou se encontra ocupado. Cai a cortina negra de pesadas lágrimas. Simón volta ao deserto. Chica anda por aí.

11 de setembro de 2006

11 de Setembro


AS VÍTIMAS INVISÍVEIS

Greg Barton é um antigo agente da polícia de Nova Iorque. Passou um mês a trabalhar nos escombros das Torres Gémeas até desmaiar. Não usou nenhum equipamento de protecção. Hoje sofre de fibrose pulmonar, que o vai matar.
«Num dia éramos os heróis da América, no outro somos invisíveis. Nós somos as novas vítimas do 11 de Setembro. Também fomos mortos no World Trade Center, só que demoramos cinco anos a morrer. E o nosso país, que nos saudou com flores e palmas e medalhas, esqueceu-se que nós existimos. A nossa Administração gasta 1,5 mil milhões de dólares por mês numa guerra originada numa mentira, e até hoje não tirou um dólar do orçamento federal para a assistência médica de centena e centenas de pessoas contaminadas no World Trade Center. Não é assim que se tratam os heróis», reclama o antigo polícia.
Depoimento publicado pelo Público

Um, dois, três

10 de setembro de 2006

Fábula indiana

A MEDITAÇÃO DO PAPAGAIO

Uma vez um lavrador trouxe ao rei Akbar um papagaio que havia capturado nos campos. Tinha-o ensinado a assobiar, cantar e falar. Sentia-se muito orgulhoso.
– Vossa majestade – disse –, este papagaio pode falar como qualquer um dos vossos cortesãos. Rogo que o aceite como um presente.
Akbar ficou feliz. Chamou todas as crianças do palácio e deu-lhes autorização para o alimentarem com fruta e avelãs. Depois mandou construir uma gaiola de prata e mandou chamar dois servos.
– É vossa tarefa atender a este papagaio. Cuidai bem dele. Quem me trouxer a notícia da sua morte será justiçado.
Os pobres servos não ficaram nada contentes com o encargo. Pelo contrário, o seu primeiro pensamento era para o papagaio e corriam para se certificar que nada de mal lhe tinha acontecido durante a noite. Enquanto comiam, pensavam de repente: «Imaginem que acontece alguma coisa ao papagaio enquanto estamos a comer!» E deixavam o repasto para ver se o animal estava bem.
Contudo, e apesar destas atenções todas, o papagaio morreu. Os servos ficaram tão consternados que permaneceram especados a olhar a gaiola com a esperança de que ele se mexesse. «Como é que vamos dizer ao rei?», perguntavam em seus corações. «Matar-nos-á naquele instante!»
Por fim, decidiram pedir ajuda a Birbal. Ficou muito triste por causa deles e zangou-se com Akbar por havê-los ameaçado.
– Deixai isso por minha conta – tranquilizou-os. – Vou ver o que posso fazer.
Daí a pouco Birbal foi ver Akbar e disse-lhe:
– Tenho uma notícia triste para si, Majestade. O seu papagaio já não come nem bebe. Já não se balança na gaiola, não assobia nem fala. Está simplesmente com os olhos fechados. Penso que se transformou num iogue [mestre espiritual indiano que pratica ioga] e está em meditação.
Akbar ficou triste com a ideia de o papagaio não voltar a entretê-lo.
– Vamos ver – disse Akbar.
Mal chegaram à gaiola, o rei exclamou:
– Que estupidez essa do iogue, Birbal! Este papagaio não está a meditar. Está morto!
– Vós sois a única pessoa que o pode afirmar, Majestade! – respondeu Birbal.
– Que pretendes dizer, velho velhaco?
Birbal recordou-lhe a ameaça:
– Vossa alteza disse que justiçaria o homem que lhe trouxesse a notícia da morte do papagaio; os servos estavam demasiado assustados para lho virem dizer.
Akbar ficou feliz por Birbal ter salvado a vida dos servos e disse:
– Às vezes digo coisas sem sentido, Birbal. Mas estou feliz por me impedires de agir de uma maneira também ela insensata!
EUNICE DE SOUZA

8 de setembro de 2006

Sabedorias

ALÉRGICO A BALAS

O João era o tipo de homem que qualquer pessoa gostaria de conhecer. Estava sempre de bom humor e tinha sempre qualquer coisa de positivo para dizer. Se alguém lhe perguntasse como estava, a resposta seria logo:
- Cada dia melhor!!!
Era um gerente especial e um motivador nato: se um colaborador tinha um dia mau, o João dizia-lhe sempre para ver o lado positivo da situação.
Fiquei tão curioso com o seu estilo de vida que um dia lhe perguntei:
- João, como podes ser uma pessoa tão positiva em cada minuto? Como é que consegues isso?
Respondeu-me:
- Cada manhã, ao acordar, digo para mim mesmo: João, hoje tens duas escolhas: podes ficar de bom humor ou de mau humor. E escolho ficar de bom humor. Cada vez que algo de mau acontece, posso escolher em fazer-me de vítima ou aprender alguma coisa com o ocorrido: escolho aprender algo. Sempre que alguém reclama, posso escolher aceitar a reclamação ou mostrar o lado positivo da vida.
- Certo, mas não é fácil - argumentei.
- É fácil! - disse-me o João. - A vida é feita de escolhas. Quando examinas as coisas a fundo, há sempre uma escolha. E cabe-te escolher como reagir às situações: escolhes como as pessoas afectarão o teu humor. É tua a escolha de como viver a tua vida.
Anos mais tarde soube que o João cometera um erro: ao deixar, pela manhã, a porta de serviço aberta, foi surpreendido por assaltantes.
Dominado, enquanto tentava abrir o cofre, a mão, tremendo com o nervosismo, desfez a combinação do segredo. Os ladrões entraram em pânico, dispararam e atingiram-no. Por sorte, foi encontrado a tempo de ser socorrido e levado para um hospital.
Depois de 18 horas de cirurgia e semanas de tratamento intensivo, teve alta, ainda com fragmentos de balas alojadas no corpo.
Encontrei-o mais ou menos por acaso passado algum tempo, e quando lhe perguntei como estava, logo me respondeu com o seu habitual ar bem disposto:
- Óptimo! Se melhorar estraga.
Contou-me o que tinha acontecido, e perguntou se queria ver as suas cicatrizes.
Recusei-me a ver os seus ferimentos, mas perguntei-lhe o que lhe tinha passado pela cabeça na ocasião do assalto.
- A primeira coisa que pensei foi que devia ter trancado a porta das traseiras! – respondeu. - Então, deitado no chão, ensanguentado, lembrei-me que tinha duas escolhas: poderia viver ou morrer. Escolhi viver!!
- Não tiveste medo? - perguntei.
- Olha, os paramédicos foram óptimos, diziam-me que tudo ia dar certo e que eu ia ficar bom. Mas quando cheguei à sala da urgência e vi a expressão dos médicos e enfermeiras, fiquei apavorado. Nas expressões deles eu lia claramente: Esse aí já era... Decidi que tinha de fazer algo.
- E o que fizeste? - perguntei.
- Bem, havia uma enfermeira que fazia muitas perguntas. Perguntou-me se eu era alérgico a alguma coisa. Eu respondi que sim. Todos pararam para ouvir a minha resposta. Tomei fôlego e gritei: Sou alérgico a balas! Entre a risota geral, disse-lhes: eu escolho viver, operem-me como um ser vivo, não como um morto!
Obrigado, Filipe, pela estória!

7 de setembro de 2006

Religião

ABAIXO-ASSINADO PELA PAZ

Líderes religiosos cristãos, muçulmanos, judaicos e de outras confissões reuniram-se em Assis, na Itália, e defenderam que a fórmula para a paz passa pelo diálogo, paciência, verdade e razão.
O Encontro Inter-Religioso pela Paz assinalou os 20 anos da Jornada de Oração pela Paz que o Papa João Paulo II celebrou com dirigentes de outras religiões mundiais na cidade de São Francisco.
Depois de dois dias de reflexão, os participantes apresentam ao mundo uma mensagem conjunta, lembrando que «Deus é mais forte do que aqueles que querem a guerra, cultivam o ódio e vivem da violência».
Na cerimónia final da iniciativa «Por um mundo de paz. Religiões e culturas em diálogo», promovida pela Comunidade de Santo Egídio, todos os presentes assinaram o «Apelo de Paz 2006», após terem guardado um minuto de silêncio em memória das vítimas da guerra, do terrorismo e de todas as formas de violência.
Queres juntar o teu nome ao apelo? Então assina aqui.


Brasil


O GRITO DOS EXCLUÍDOS

O Brasil comemora hoje o dia da independência. Em 1822, marcou a sua autonomia através do Grito do Ipiranga. Hoje, fá-lo com o Grito dos Excluídos em pelo menos 1500 cidades. O tema deste ano é «Brasil: na força da indignação, sementes da transformação».
O Grito dos Excluídos é um protesto colectivo contra todas as formas de exclusão: sem-tecto, vendedores ambulantes, catadores de material reciclável, gente de rua, desempregados, vítimas de exploração sexual e da violência, mulheres, povos indígenas, idosos, povos negros, homossexuais masculinos e femininos, portadores de deficiência, dependentes químicos, entre outros.
«Estamos na 12.ª edição e, a cada ano, o número de participantes aumenta. Isto significa que, enquanto tivermos excluídos e excluídas, o Grito vai continuar. E isso não importa se estamos ou não num governo considerado de esquerda. A exclusão não tem lado, ela tem pessoas afectadas em sua dignidade. E é por isso que o Grito existe», afirma Luís Bassegio, coordenador do Grito.
O evento terá o seu epicentro na cidade de Aparecida (interior do Estado de São Paulo), juntamente com a Romaria dos Trabalhadores, organizada pela Pastoral Operária dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais, Pastoral dos Migrantes e Romaria a Pé.
O Grito dos Excluídos e Excluídas é promovido pela Pastoral Social da Igreja Católica, em parceria com numerosos movimentos sociais.
Entretanto, a 12 de Outubro celebra-se o Grito Continental em 11 países da América Latina. O Grito Continental concentra as atenções contra as áreas de livre comércio, a dívida dos países pobres, o neoliberalismo e a guerra, e chama a atenção para a soberania alimentar dos povos, autonomia dos países, políticas justas para os imigrantes, educação, autodeterminação das mulheres, entre outras.
Costa Rica, Panamá, Nicarágua, Honduras, Bolívia, Argentina, Porto Rico, Colômbia e Cuba são alguns dos países envolvidos na edição do Grito Continental.

6 de setembro de 2006

Sorri!

Um bêbado estava a passar por um rio, quando viu um monte de evangélicos a orar e a cantar. Resolveu perguntar:
- O que se está a passar aqui?
- Estamos a fazer baptismos nas águas. Você também deseja encontrar o Senhor?
- Eu quero, sim...
Os evangélicos vestiram o bêbado com uma roupa branca e levaram-no para a fila. Numa margem do rio estava um pastor que pegava nos fiéis, mergulhava a cabeça deles na água, depois tirava e perguntava :
- Irmão... viste Jesus?
- Ó, eu vi, sim...
E todos os evangélicos diziam:
- Aleluia! Aleluia!
Quando chegou a vez do bêbado, o pastor meteu-lhe a cabeça na água depois tirou e perguntou-lhe:
- Irmão... viste Jesus?
- Não! - Disse o bêbado.
O pastor colocou novamente a cabeça do bêbado na água e deixou-a lá um certo tempo. Depois tirou-a e perguntou:
- E agora, irmão... viu Jesus?
O bêbado já bastante ofegante, lá disse:
- Não, pá, na vi nada, carago!
O pastor, já nervoso, colocou de novo a cabeça do bêbado debaixo de água e deixou-a lá por uns cinco minutos.
Depois puxou o bêbado e perguntou-lhe:
- E agora, irmão... já conseguiste ver Jesus?
O bêbado, já mole e trôpego de tanta água engolir, disse:
- Porra, já disse que não! E vocês? Têm a certeza de que Ele caiu aqui?
Obrigado, Carlos!

Leituras

PREDADORES

Carlos Narciso foi a Luanda. E pôs a «
Escrita em Dia» através da leitura cruzada, documentada e actualizada de «Predadores» de Pepetela. A não perder.

Agenda Audácia

A ARCA DE NOÉ

A «Agenda Escolar Audácia 2006-2007» celebra a biodiversidade que preenche a nossa casa comum – a Terra – e que é património de todos. Destaca, sobretudo, as espécies mais desprotegidas ou em perigo de extinção através de muita informação interessante, fotos, passatempos, anedotas, provérbios e curiosidades sobre animais, plantas e outros elementos da natureza.
A Bíblia conta uma história muito intrigante, que partilha com outros povos do Médio Oriente. O Livro do Génesis diz que aparentemente Deus ter-se-ia chateado com a criação por causa da «maldade dos homens». Arrependeu-se por tê-los criado, e decidiu acabar com tudo através de uma grande inundação, o dilúvio universal. «A Terra estava corrompida e cheia de violência.»
Antes, porém, pediu a um tal Noé, «um homem justo e perfeito», que construísse uma barca de madeira resinosa e com betume – a Arca de Noé – e que lá colocasse, além da família, um casal de cada espécie dos animais domésticos e selvagens e das aves. Depois Deus fez chover durante 40 dias até a Terra se inundar. Noé e companhia saíram da arca quando a Terra ficou enxuta.
A Bíblia diz também que Deus ficou tão traumatizado com o dilúvio que prometeu não voltar a destruir a Terra. Que é o que parece que estamos a fazer. A Terra é a grande Arca de Noé, que bóia sobre muitas ameaças: poluição, desenvolvimento, desertificação, efeito de estufa, degradação do ambiente, escassez de água, destruição de ecossistemas, etc.
A Terra não é nossa. Nós herdámos o Planeta Azul e temos a obrigação de o passar às gerações futuras com o cuidado que o senhor Noé teve em preservar a diversidade da criação.

5 de setembro de 2006

Respira!

NA PAREDE DE FUZILAMENTO

O exército espanhol estava a executar na parede de fuzilamento um portista, um benfiquista e um sportinguista.
Na hora da execução, um soldado chama os prisioneiros:
- Que venga el portista!
E o portista é levado da cela para a parede.
- Atención! Preparar, apontar...
- TERRAMOTO! ! ! - grita o portista.
Todos, no quartel, saem a correr, com medo do terramoto. O portista aproveita a confusão e foge.
Passada a confusão, chega a vez do sportinguista, que viu tudo pela janelinha de sua cela.
- Atención! Preparar, apontar…
- INUNDAÇÃO! ! ! - grita o sportinguista.
A confusão repete-se. Todos saem a correr desesperadamente, com medo da inundação. O sportinguista também foge.
Chega a vez do benfiquista.
Tranquilo, vendo que o esquema funcionara com o portista e o sportinguista, ele foi todo sorridente para a parede.
-Atención! Preparar, apontar…
- FOGO ! ! ! - grita o benfiquista...
Obrigado, Miguel Ângelo

4 de setembro de 2006

Leituras

CEM ANOS DE HISTÓRIA

Gabriel García Márquez escreveu «Cem Anos de Solidão» (22.ª edição, Dom Quixote, 2005) para contar a história da América Latina através da saga de sete gerações da família Buendía na aldeia fictícia mas paradigmática de Macondo.
Um romance que me surpreendeu pelos relatos (su) realistas de gente como nós a lutar com a solidão e o amor, com o desenvolvimento e a insegurança, com o medo e o sonho, numa procura constante de se superar perante os desafios reais da vida.
Um livro que conta a história de colossos façanhudos para mostrar que afinal quem leva a história para a frente são, de facto, as mulheres. Com a matriarca Úrsula Iguarán a marcar a passada e a dar o exemplo.
Gracía Marquez escreveu a sua obra de referência nos anos 60 do século passado – é tão estranho escrever assim! – e o romance foi publicado em 1967. Em 1982, o autor recebeu o Prémio Nobel da Literatura.
No seu jeito desconcertante, escreve que «a literatura era o melhor brinquedo que se tinha inventado para gozar com as pessoas» (pág. 306). Para gozar e sobretudo para fazer pensar.
Uma história de guerras, revoluções, exploração e caos que exige atenção para não se perder o fio à meada e que agarra o leitor até ao período final: «No entanto, antes de chegar ao verso final, já tinha percebido que não sairia nunca desse quarto, pois estava previsto que a cidade dos espelhos (ou das miragens) seria arrasada pelo vento e desterrada da memória dos homens no momento em que Aureliano Babilonia acabasse de decifrar os pergaminhos, e que tudo o que neles estava escrito era irrepetível desde sempre e para sempre, porque as estirpes condenadas a cem anos de solidão não tinham uma segunda oportunidade sobre a Terra.»
Obrigado, Joasia, por esta prenda tão simbólica e por me teres apresentado a alguns dos monstros sagrados da literatura sul-americana.

Apanhadas

Sabedorias

QUANDO FOR IDOSO

Quando eu for idoso e deixe de ser como era, tem paciência e compreende-me.
Se entornar comida sobre a camisa ou esquecer como atar os sapatos, recorda as horas que passei a ensinar-te a ultrapassar estes problemas.
Se, quando conversar contigo, repetir vezes sem conta as histórias que conheces de cor, não me interrompas. Quando eras criança, contei-te milhares de vezes o mesmo conto para adormeceres. E, se me esquecer do que estava a dizer, espera que me lembre. Se não o conseguir, talvez não fosse importante o que dizia. Conformar-me-ei se me escutares nesse momento.
Quando estivermos reunidos em família – ou com os teus amigos –, e, sem querer, fizer as minhas necessidades, não te envergonhes de mim, pois não consigo controlar-me. Pensa em quantas vezes, enquanto crescias, te limpei e, com paciência, esperei que o fizesses no lugar certo.
Não ralhes comigo se não quero tomar banho tantas vezes. Quando eras pequeno também te perseguia e recorria a mil pretextos para velar pelo teu asseio.
Quando me tomares por ignorante acerca das novas tecnologias e inútil na sociedade, peço-te que me concedas o tempo necessário para aprender algo e poupa-me os teus sorrisos de gozo. Lembra-te que fui eu que te ensinei muitas coisas: a comer, a vestir-te, e que a tua formação é fruto de muitos esforços.
Se alguma vez não quiser comer, não insistas; sei quando posso e quando não devo. Pensa que deixo de ter dentes fortes para morder e também perco o sentido do gosto.
Quando as pernas cansadas me falharem, dá-me a tua mão para que me apoie. Foi isso que fiz quando começaste a caminhar.
Por fim, se algum dia me ouvires dizer que preferia morrer, não te chateies. Isso não nega a importância do teu carinho nem o meu amor por ti. Desejei-te sempre o melhor e desbravei caminhos que podias percorrer. Considera que os passos que me adianto a dar abrem outras rotas para ti e inauguram novos tempos. Jamais te sintas triste e impotente. Assim como te auxiliei quando começaste a viver, acompanha-me até ao fim do meu caminho. Dá-me o teu coração, compreende-me e apoia-me. Dá-me amor e paciência. Devolver-te-ei sempre gratidão e sorrisos.
Walter Ballesteros

1 de setembro de 2006

Abrir aspas


MAR PORTUGUÊS

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa

Juventus


Já saíram as novas camisolas da Juventus para a Série B do scudetto italiano de 2006-2007.