25 de maio de 2016

DARFUR: LIBERTADO MONGE SEQUESTRADO

P. Asfaha com P. Gabriel, esta manhã em Nyala

Um monge copto sudanês foi libertado no Darfur (Sudão) depois de 40 dias de cativeiro.

O P. Gabriel El Anthony foi libertado às 19h00 de terça-feira, 24 de maio, na cidade de Nyala, captital do Sul do Darfur.

O P. Asfaha Yohannes Weldeghiorghis, da comunidade comboniana de Nyala, deu a boa-nova através de uma mensagem eletrónica esta manhã.

O monge copto foi sequestrado em Nyala a 14 de abril por homens armados não identificados de um aviário da paróquia junto ao campo de refugiados de Atash.

O P. Asfaha disse que «os cristãos coptos acolheram o seu pároco com sentimentos cruzados: alegria e deceção pelo que aconteceu.»

«Eles não estão seguros do seu futuro e certamente que sentem que são um alvo», esclareceu o missionário etíope.

Uma multidão juntou-se esta manhã na igreja copta de Santa Maria de Nyala para ver o P. Gabriel antes de partir para Cartum, a capital do Sudão.

«Fúria e deceção eram enormes», testemunhou o P. Asfaha.

Uns gritavam com os agentes de segurança e outros não conseguiram reter as lágrimas quando não lhes permitiram acompanhar o monge ao aeroporto.

«Nós acompanhámos o P. Gabriel até ao aeroporto hoje às 10 da manhã porque tem que deixar Nyala para sempre», concluiu o P. Asfaha.

24 de maio de 2016

NAIROBI CELEBRA RÉQUIEM POR MISSIONÁRIA MÁRTIR


As Missionárias Servas do Espírito Santo organizaram na segunda-feira uma missa solene de réquiem pela Ir. Veronika Theresia Racková, que faleceu a 20 de maio no Nairobi Hospital.

A congregação postou uma mensagem aos «padres, irmãos, irmãs e amigos» a agradecer a partilha «na nossa dor nos últimos dias pela perda dolorosa e trágica da nossa Ir. Verónika, Theresia Racková.»

A Ir. Verónika foi gravemente ferida na madrugada de 16 de maio em Yei, Sudão do Sul, por uma patrulha de soldados que disparou sobre a ambulância que conduzia.

A médica missionária regressava de transportar uma parturiente à urgência do Hospital Civil de Yei.

Ferimentos graves, no abdómen e na anca, obrigaram à sua evacuação para Nairobi, Quénia,  para cuidados médicos especializados.

A Ir. Verónika sucumbiu aos ferimentos das balas assassinas a 20 de maio.

A mensagem descreve a Ir. Verónika como uma missionária «comprometida, generosa e alegre.»

A religiosa eslovaca tinha 58 anos e pertencia à congregação das Missionárias Servas do Espírito Santo desde 1987.

Médica especializada em doenças tropicais, trabalhou no Gana.

Fui provincial da Eslováquia entre 2004 e 2010, altura em que foi enviada para abrir a comunidade de Yei. 

Dirigia o Centro de Saúde de Santa Bakhita, da diocese de Yei.

A morte trágica da Ir. Verónika causou grande consternação no Sudão do Sul.

«Rogamos e esperamos que a doação da Ir. Verónka marque um novo começo pela paz e a reconciliação no Sudão do Sul», disse a congregação.

A mensagem esclarece que «devido à complexidade e às implicações legais da situação, de momento não estamos em condições de confirmar o lugar e a data do funeral.»

A Agência de Notícias Católica para a África anunciou planos para sepultar a Ir. Verónika no Sudão do Sul.

O secretário-geral da diocese de Yei disse que a irmã seria sepultada hoje em Nairobi.

O Governador adjunto do Estado de Yei RiverAbraham Wani Yoane anunciou que o corpo da Ir. Verónika vai ser trazido para Yei para ser sepultado num local a determinar pela diocese.


«Ela servia na diocese e os cristãos querem continuar a vê-la», explicou durante a missa de réquiem esta manhã na Catedral de Cristo-Rei de Yei.

As Missionárias Servas do Espírito Santo estão presentes em 48 países dos cinco continentes, incluindo Portugal.

Uma irmã disse que foram destinadas duas novas missionárias  à comunidade de Yei.

23 de maio de 2016

QUATRO SINS A DEUS PARA A MISSÃO

P. José Luis, Henrique, P. Vieira, P. John Baptist, Elias, Torres e Felizardo

Quatro jovens fizeram a primeira profissão religiosa no Instituto dos Missionários Combonianos no sábado, 21 de maio, na Sé-catedral de Santarém.

Os noviços Torres José Bonjesse, Elias Samuel Elias e Felizardo Ntzicusacuenda, de Moçambique, e Henrique Ramos Torres, de Portugal, professaram os votos de castidade, pobreza e obediência segundo as Constituições do Instituto depois de dois anos de iniciação à vida comboniana.

«Com a profissão dos votos religiosos concluímos a etapa do noviciado. Um tempo de graça e alegria, um autêntico dom de Deus, marcado por um maior relacionamento com Cristo e connosco mesmos; um tempo de aprofundamento do carisma e espiritualidade do nosso Instituto Comboniano», os quatro escreveram nas boas-vindas à celebração.

O bispo de Santarém, Dom Manuel Pelino Domingues, presidiu à eucaristia. Durante a homilia sublinhou que «os três votos levam a caminhar com mais despreendimento e mais disponibilidade no caminho do Evangelho.»

Dom Manuel disse aos noviços que o Espírito Santo os guiará para verdade plena e agradeceu aos combonianos pela presença ativa na diocese.

Pela profissão dos conselhos evangélicos, os quatro neoprofessos ficam a pertencer ao Instituto Comboniano por um ano.

«Imbuído no carisma mais autêntico do meu Instituto quero manifestar que é aos pobres e abandonados a quem, também hoje, consagro a minha acção missionária. É com esta convicção, e sentindo-me amado por Deus, que quero dizer “SIM” a esta vocação à qual acredito que Ele me chama: a de ser missionário comboniano», expressou o Henrique na fórmula da profissão.

Membros da família comboniana, clero local, familiares e amigos dos quatro professandos encheram a Igreja-mãe de Santarém. O provincial de Moçambique, P. José Luis Rodríguez, e o secretário-geral da formação, P. John Baptist Opargiw, também estiveram presentes.

A banda Missio animou a celebração que durou quase duas horas.

A festa da primeira profissão terminou no Noviciado Europeu de Santarém, na Quinta de São José, Jardim de Cima, com um lanche para todos os participantes.


Depois de um período de férias os neoprofessos vão estudar teologia para centros internacionais combonianos.

O Henrique e o Elias vão para Kinshasa (República Democrática do Congo), o Felizardo para Nairobi (Quénia) e o Torres para Lima (Peru).

Este ano, uma trintena de jovens da África, América Latina e Europa fizeram a primeira profissão no Instituto Comboniano.

20 de maio de 2016

Sudão do Sul: MISSIONÁRIA MORRE, BALEADA POR SOLDADOS

Uma missionária morreu hoje em Nairobi, Quénia, após ter sido baleada por soldados em Yei, no Sudão do Sul, no início da semana.

A Irmã Veronika Terézia Racková, das Missionárias Servas do Espírito Santo, foi baleada por uma patrulha do exército quando regressava do transporte urgente de uma parturiente da clínica que dirigia para o hospital à uma da manhã de segunda-feira.

A ambulância estava devidamente sinalizada.

A missionária tinha 58 anos e era natural da Eslováquia. Dirigia o Centro de Saúde Santa Bakhita, da diocese de Yei, desde 2010.

Foi ferida com gravidade no estômago e na bacia e foi evacuada para Nairobi na segunda-feira devido à gravidade dos ferimentos.

Dom Erkolano Lodu Tombe, bispo de Yei, anunciou esta tarde na catedral de Cristo-Rei que a Ir. Veronika não resistiu aos ferimentos e faleceu no Harvester Hospital em Nairobi.

O bispo disse que a Ir. Veronika lhe confidenciou antes de ser evacuada de helicóptero para o Quénia que não resistiria aos ferimentos.

O Ministro da Informação do Estado de Yei River, Stephen Lodu Onesimo, condenou o incidente como «ato indisciplinado e bárbaro».

Disse que três soldados suspeitos de disparar sobre a ambulância foram presos na segunda-feira e vão ser julgados.

A Ir. Maria Jerly Renacia, superiora das Missionárias Servas do Espírito Santo na Etiópia e no Sudão do Sul, disse que a morte da Ir. Veronika abalou as outras irmãs presentes no país, mas não iam abandonar o país.

«Esperamos continuar a servir os necessitados desta grande nação da África apesar deste incidente infeliz», disse à Rádio Easter, a emissora católica de Yei.

A província da Etiópia e Sudão do Sul postou uma mensagem de agradecimento no Facebook intitulada «Preciosa é, na verdade, uma vida dada pela Missão.»

«Muito obrigado pelas vossas preciosas orações e apoio demonstrado. Apesar de estarmos em dor e tristeza profundas pela morte da Ir. Veronika, oferecemos paz, cura e compaixão às pessoas no Sudão do Sul a quem ela deu a sua vida, especialmente aqueles que a feriram. Que o Amor do DEUS Trino seja semeado em cada coração», diz a mensagem.

A Ir. Veronika trabalhou na Itália, Holanda, Alemanha, Áustria, Irlanda, Reino Unido, Indonésia e Gana antes de chegar ao Sudão do Sul.

Que reste no abraço terno e eterno de Deus. Que a sua vida seja semente de paz no Sudão do Sul.

6 de maio de 2016

PARABÉNS, MESTRE


O irmão comboniano António Manuel Nunes Ferreira defendeu com sucesso a sua dissertação académica para o grau de Mestre em Enfermagem.

O júri da Escola Superior de Saúde de Viseu atribuiu a nota de 18 valores à dissertação «Conhecimentos sobre o VIH-sida nos clientes de um hospital de Lakes State-Sudão Do Sul.»

O Ir. Nunes passou mês e meio naquele hospital no verão passado para recolher a informação necessária para o trabalho.

O novo mestre fez também uma especialização em enfermagem comunitária.

O Ir. Nunes tem 44 anos, nasceu no Brasil e é de Vilã Chã, Vila do Conde.

Depois dos votos temporários em 1997, fez o Curso de Ministério Social em Nairobi (Quénia) e a licenciatura de enfermagem no Instituto Piaget de Viseu.

Vai regressar ao Sudão do Sul, onde trabalha desde 2006, para ensinar enfermagem no Instituto Católico de Formação de Saúde (CHTI na sigla em inglês) de Wau.

O Instituto superior é dirigido pela organização católica Solidariedade com o Sudão do Sul.

Trata-se de um consórcio de mais de 200 institutos religiosos femininos e masculinos para formar professores, enfermeiros, obstetras, agricultores locais e líderes de comunidade no país mais jovem do mundo.

O CHTI de Wau, no noroeste do Sudão do Sul, tinha 95 estudantes nos cursos de enfermagem e obstetrícia no ano escolar de 2015.

Os alunos vêm de todo o país.

Parabéns, Mestre Nunes!

2 de maio de 2016

MALDIÇÃO BRANCA


O albinismo afecta e põe em risco a vida de milhares de pessoas.

O albinismo é uma doença rara hereditária caracterizada pela (quase) ausência de melanina, a proteína que gera os pigmentos que dão cor à pele, olhos e cabelo para proteger o organismo dos raios solares. As pessoas afectadas por essa patologia têm pele e cabelos muito claros.

O albinismo tem uma incidência maior na África Subsariana, embora esteja espalhado por todo o mundo e discrimine milhares de pessoas. Na Europa e na América, afecta uma em cada 17 a 20 mil pessoas, mas na África a sul do Sara a incidência é quatro vezes maior e na África Oriental 12 vezes.

Na África, as pessoas com albinismo são duplamente discriminadas. Por falta de protecção contra os raios ultravioletas, têm problemas de visão e sofrem graves queimaduras de pele. A maioria acaba por falecer de cancro entre os 30 e os 40 anos.

A superstição é outra ameaça: há famílias que matam os bebés com albinismo porque são considerados maldição; os feiticeiros, por seu turno, crêem que a pele branca tem poderes mágicos – e a das crianças ainda mais – e usam órgãos dessas pessoas para feitiços.

Ikponwosa Ero, perita independente da ONU para a defesa dos direitos humanos de pessoas com albinismo, publicou em Março um relatório em que denuncia o cabo das tormentas que essas pessoas têm de dobrar.

«Mitos perigosos alimentam estes ataques contra pessoas inocentes: muitos acreditam erradamente que pessoas com albinismo não são seres humanos, mas fantasmas ou sub-humanos que não podem morrer, mas só desaparecem», disse na apresentação do relatório.

O documento denuncia que pessoas com albinismo são vítimas de graves mutilações e morte a machete para recolha de partes do corpo, incluindo dedos, braços, pernas, genitais e ossos, usadas em rituais de feitiços, poções e amuletos. Um negócio macabro: uma perna pode valer 1780 euros e um cadáver inteiro 66 850.

A perita nigeriana, que também tem albinismo, disse que entre Agosto, quando assumiu o cargo, e Março foram registados 40 ataques em sete países africanos, na maioria contra crianças. A Tanzânia e o Quénia são os países mais violentos para quem sofre da falta de pigmentação. No Malauí, grupos criminosos autodenominados «caçadores de albinos» estão activos desde 2015 e desde Janeiro já atacaram 34 pessoas e mataram 11.

Em Tete, Moçambique, sete crianças com albinismo foram raptadas desde Dezembro. Lurdes Ferreira, porta-voz do comando distrital da polícia, disse que se trata de «um crime organizado transfronteiriço e por isso fomos incapazes de prender os raptores».

As campanhas eleitorais podem representar um perigo acrescido por haver registo de políticos que pedem a feiticeiros que os ajudem a ganhar e estes recorrerem a órgãos de pessoas que sofrem de albinismo para potenciar os feitiços como aconteceu no Gana, Senegal, Costa do Marfim e Quénia.

A senhora Ero propõe desenvolver e fortalecer medidas específicas para prevenir e pôr fim às agressões contra as pessoas com albinismo, incluindo campanhas de consciencialização e compreensão da sua condição e a definição de quadros jurídicos internacionais.