25 de fevereiro de 2007

José

Não sou o único português em Juba nem o primeiro a chegar à capital do Sul do Sudão. Antes de mim veio outro José, Lopes de sobrenome, que trabalha na formação da magistratura, patrocinado pela União Europeia. É da zona de Coimbra
A maneira como nos conhecemos foi atípica.
Passo a contar!
A nossa cozinheira descansa ao domingo. Por isso, normalmente vamos almoçar fora. E variamos de restaurante de acordo com o que nos apetece. Normalmente vamos ao Safari comer fígado ou peixe frito. Quando queremos frango, vamos uma espécie de tasca na estrada nova para o Aeroporto. Come-se bem, mas com as mãos: frango e pão e um molho picante. Pois claro, estamos em África.
Naquele domingo fomos ao Café de Paris comer uma piza. Um lugar mais chique, dirigido por um jovem do Burindi. Tínhamos uma visita do Uganda e queríamos ser bons anfitriões.
A piza – muito cara – estava uma maravilha.
No fim, disse em inglês alto e em bom som:
- No meu país dizemos: Comi como um padre!
Um «kawaja» de meia idade, que estava entretido a dedilhar o portátil na mesa ao lado, levantou a cabeça e perguntou também em inglês:
- Desculpe: de onde é?
- De Portugal!
- Bem me parecia. Eu também!
E assim nos encontrámos.

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