17 de dezembro de 2006

Alta tensão

Na sexta-feira, 15 de Dezembro, por volta das 10h00, um grupo de soldados do SPLA (Exército de Libertação do Povo do Sudão na sigla em inglês), vindo de fora da cidade, começou a disparar para o ar no Mercado de Customs, na cidade de Juba. Os soldados protestavam contra a falta de pagamento dos ordenados. Pelo menos um civil foi morto durante o levantamento.
O tiroteio colocou a capital do Sul do Sudão em estado de pânico: os habitantes corriam de um lado para o outro sem saber bem o que se passava, os alunos fugiam das escolas, o comércio fechou, os transportes públicos desapareceram de circulação, as quatro estações de rádio que transmitem em FM na cidade foram silenciadas durante mais de 24 horas.
Quando perguntei a um jovem o que se passava, respondeu: «Este lugar está em perigo». Mas não sabia de que tipo de perigo se tratava.
As autoridades impuseram o recolher obrigatório a partir das 19h00. Tropas fortemente armadas patrulhavam as ruas. Havia soldados em posição de combate junto ao aeroporto, aos quartéis mais importantes e à sede do Governo do Sul do Sudão. Mesmo assim, a noite de sexta para sábado foi marcada por tiroteio cerrado sobretudo na zona do Mercado de Customs, o espaço comercial aberto mais frequentado da cidade.
A tranquilidade regressou ontem à tarde e a cidade voltou à azáfama habitual embora o recolher obrigatório ainda vigore.
Vinte anos de guerra civil – Juba foi sujeita a ataques constantes do SPLA, mas manteve-se sempre nas mãos do Governo – deixaram as pessoas muito traumatizadas. O som da guerra faz reviver velhos traumas e medos recalcados.

1 comentário:

Elsa Sequeira disse...

Fico triste ao ler, a sério...
rezo por ti,Amigo!
Muita força!
:))