EM PRIMEIRA PESSOA
Depois de ter esperado um mês e dez dias em Cartum para obter o visto de residência no Sudão, pude, finalmente, viajar para a «terra prometida» no Sul de Darfur.
Aqui combate-se forte e feio. Somos frequentemente sobrevoados por aviões de todos os tamanhos e helicópteros que transportam armamento e feridos. Uma confusão de tropas e movimentos armados, sendo por vezes difícil saber quem é contra quem.
Desde que esta guerra rebentou no Darfur - já passa de três anos - não podemos ultrapassar os arredores da cidade. É muito arriscado e é-nos mesmo proibido. Fazemos o nosso trabalho por perto, com muito cuidado e atenção, informando-nos antes sobre os movimentos dos «janjauid», as milícias árabes.
No ano passado, os soldados roubaram um carro da missão: contributo obrigatório que exigiram para combater os inimigos do nosso país – diziam. Um carro novo em folha, pilhado na estrada. Mas este que uso não mo roubarão, porque está a cair aos bocados.
No pequeno raio em que nos podemos mover, já vi alguns «janjauid», montados em camelos ou a cavalos. Vão sempre bem armados. Com eles é melhor guardar as distâncias. Matam sem dó nem piedade, porque têm todas as licenças do Governo. Misturam-se com a gente no mercado e nas várias aldeias que, quando se dão conta, desapareceram do mapa, literalmente. No lugar da aldeia fica só a morte, semeada pelo chão cheio de cadáveres.
Em todo o Darfur já foram mortas mais de 200 mil pessoas. As que escapam tentam chegar aos campos dos refugiados das ONG.
Nós também procuramos lá chegar e ajudar no que é possível. Mas, geralmente, as organizações de socorro estrangeiras cobrem as necessidades materiais. Deste modo, podemos dedicar-nos mais a uma presença espiritual, continuando a evangelização iniciada nas suas aldeias de origem. Tive oportunidade de estar em dois campos de refugiados ou deslocados: um panorama que não tem descrição possível. Estes e outros campos foram-se enchendo – ao longo de três anos – de seres humanos que lutam para estar de pé. Já chegou aos 300 mil.
Depois de ter esperado um mês e dez dias em Cartum para obter o visto de residência no Sudão, pude, finalmente, viajar para a «terra prometida» no Sul de Darfur.
Aqui combate-se forte e feio. Somos frequentemente sobrevoados por aviões de todos os tamanhos e helicópteros que transportam armamento e feridos. Uma confusão de tropas e movimentos armados, sendo por vezes difícil saber quem é contra quem.
Desde que esta guerra rebentou no Darfur - já passa de três anos - não podemos ultrapassar os arredores da cidade. É muito arriscado e é-nos mesmo proibido. Fazemos o nosso trabalho por perto, com muito cuidado e atenção, informando-nos antes sobre os movimentos dos «janjauid», as milícias árabes.
No ano passado, os soldados roubaram um carro da missão: contributo obrigatório que exigiram para combater os inimigos do nosso país – diziam. Um carro novo em folha, pilhado na estrada. Mas este que uso não mo roubarão, porque está a cair aos bocados.
No pequeno raio em que nos podemos mover, já vi alguns «janjauid», montados em camelos ou a cavalos. Vão sempre bem armados. Com eles é melhor guardar as distâncias. Matam sem dó nem piedade, porque têm todas as licenças do Governo. Misturam-se com a gente no mercado e nas várias aldeias que, quando se dão conta, desapareceram do mapa, literalmente. No lugar da aldeia fica só a morte, semeada pelo chão cheio de cadáveres.
Em todo o Darfur já foram mortas mais de 200 mil pessoas. As que escapam tentam chegar aos campos dos refugiados das ONG.
Nós também procuramos lá chegar e ajudar no que é possível. Mas, geralmente, as organizações de socorro estrangeiras cobrem as necessidades materiais. Deste modo, podemos dedicar-nos mais a uma presença espiritual, continuando a evangelização iniciada nas suas aldeias de origem. Tive oportunidade de estar em dois campos de refugiados ou deslocados: um panorama que não tem descrição possível. Estes e outros campos foram-se enchendo – ao longo de três anos – de seres humanos que lutam para estar de pé. Já chegou aos 300 mil.
MCF
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