6 de novembro de 2006

Sabedorias

A ÁGUIA E AS GALINHAS

Um camponês foi à floresta apanhar um pássaro, para o ter como animal de estimação. Capturou um filhote de águia. Em casa, colocou-o no galinheiro junto das galinhas.
Passados cinco anos, o camponês recebeu a visita de um biólogo. Enquanto passeavam pelo jardim, disse-lhe este:
– Esse pássaro não é uma galinha. É uma águia.
– De facto – disse o homem –, é uma águia. Mas criei-o como galinha. Já não é águia. É uma galinha como as outras.
– Não! – replicou o biólogo. – É e será sempre uma águia. Nasceu para voar nas alturas.
– Discordo! – insistiu o camponês. – Ela agora é uma galinha e jamais voará como águia.
Decidiram provar o que diziam. O biólogo agarrou a águia, ergueu-a e, desafiando-a, disse:
– Uma vez que és uma águia, porque pertences ao céu e não à terra, abre as asas e voa!
Mas a águia ficou pousada no braço do biólogo. Viu as galinhas no chão, bicando o milho e desceu para junto delas.
O camponês comentou:
– Eu bem lhe disse. Ela agora é uma galinha!
– Não – tornou a retorquir o biólogo. – É uma águia. Será sempre uma águia. Amanhã faremos uma nova experiência.
No dia seguinte, o biólogo subiu com a águia ao tecto da casa. Sussurrou-lhe:
– És uma águia. Abre as asas e voa!
Mas, quando a águia viu as galinhas no chão, pulou e juntou-se a elas.
O camponês sorriu:
– Não preciso repetir o que já lhe disse. Ela tornou-se uma galinha!
– Não! – disse convincente o biólogo. – Ela é uma águia e possui um cérebro e um coração de águia. Amanhã voará, garanto-lhe.
No dia seguinte, o biólogo e o camponês madrugaram. Levaram a águia até ao pico da montanha. Ao nascer do Sol, o biólogo ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
– Águia, pertences ao céu e não à terra. Abre as asas e voa!
A águia olhou em redor. Tremeu e não voou.
Então, o biólogo segurou-a com firmeza, colocou-a na direcção do Sol, de maneira que perscrutasse o vasto horizonte e sentisse a luminosidade do céu.
E ela abriu as asas potentes e robustas. Ergueu-se, soberana. Começou a voar, a voar cada vez mais alto. Voou. E nunca mais ali voltou.
James Aggrey

1 comentário:

Anónimo disse...

Isto é um conto de esperança. Esperemos então que uma águia se levante.