25 de novembro de 2006

Abrir aspas

© J. Vieira
ANSIEDADE

Os medos de épocas remotas, as repressões morais e religiosas, as idealizações e as paixões impossíveis do romantismo, o vazio e a náusea existencialista, a cultura do eu, do consumismo e da solidão modernos deram, a pouco e pouco, lugar ao stress e à ansiedade das sociedades contemporâneas. Este facto prende-se, sobretudo, com o novo tipo de pressões a que somos sujeitos, com as novas concepções de vida e com a rápida evolução dos conceitos, que se tornaram cada vez mais flexíveis.
O espectro das perspectivas com que encaramos os objectivos de vida, o mundo e as relações, alargou-se consideravelmente. Tudo pode ser observado e analisado por inúmeros lados, descobrimos novas ligações entre as coisas, as nossas memórias e os laços afectivos são cada vez mais aprofundados. O sentido da vida perde-se no meio de tantas batalhas, os medos multiplicam-se, cresce a sensação de que não vamos conseguir sobreviver com tantas imposições. Falta-nos o tempo, a energia, o ânimo, a despreocupação, a satisfação e a segurança. Tudo isto nos tira a paz e o sossego, o sono, a saúde e o bom-senso para agir com lucidez.
Ana Vieira de Castro, em XIS

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