8 de agosto de 2006

Protocolo

A CADEIRA
DO CARDEAL

No re-arranjo do quem é quem na hierarquia da República, o Parlamento deixou de fora a cadeira do cardeal.
A Lei do Protocolo de Estado causou alguma polémica (sobretudo à direita), mas acabou por fazer um favor ao purpurado: as cerimónias de Estados são um desfile de vacuidades que exige grandes doses de paciência e estoicismo.
Num encontro com a imprensa, alguém perguntou a Dom Carlos Azevedo como é que a Igreja ia ripostar. A resposta do bispo auxiliar de Lisboa foi fina: «A Igreja é fidalga no receber!»
Chegou a altura, contudo, de arrumar o protocolo eclesial. Os políticos e as altas individualidades locais gostam de aparecer e ser reconhecidos nos actos da Igreja.
Nos Açores, o Governo Regional faz inclusivamente uma escala para distribuir os secretários – os ministros da região – pelas procissões do arquipélago. Conheci o secretário regional da educação na festa do Salvador do Mundo, na paróquia da Ribeirinha, Ribeira Grande.
É costume o presidente da Eucaristia começar a missa ou a homilia saudando os dignitários pelo nome. Mas a missa é uma celebração de irmãos e irmãs à volta da mesa comum: a mesa da Palavra e a mesa do Paõ e do Vinho.
Por isso, é um imperativo teológico acabar com os lugares e saudações especiais nos actos litúrgicos. Pela autenticidade das celebrações. Porque à volta do altar somos todos iguais, todos comensais!

1 comentário:

Migalhas disse...

Olá.
Nem a propósito: esta tarde tive uma "discussão" com um colega padre sobre este mesmo assunto. Ele defende com unhas e dentes que os governantes devem ter lugar de honra nas Eucaristias. Está zangadíssimo por Zapatero não ter ido à Missa do Papa a Valência.
Ele diz que sempre os cristãos rezaram pelos governantes; por isso eles devem ter sempre um lugar de honra (com cadeiras e tapetes) nas Celebrações.