JORGE LUÍS BORGES
Passei a primeira semana de férias a banhos em Esmoriz. Temperatura da água: 15ºC. Brrrrrrr! Mas a companhia do meu sobrinho Rui e de Jorge Luís Borges fizeram a diferença.
Li uma boa parte do volume II das «Obras Completas 1952-1972» (Editorial Teorema 1998). Páginas cheias de tigres, navalhas, rufias, sangue quente, mitos. Porque «A vida exige uma paixão».
Copio três poemas deste argentino de Buenos Aires com sangue português:
A LUÍS DE CAMÕES
Passei a primeira semana de férias a banhos em Esmoriz. Temperatura da água: 15ºC. Brrrrrrr! Mas a companhia do meu sobrinho Rui e de Jorge Luís Borges fizeram a diferença.
Li uma boa parte do volume II das «Obras Completas 1952-1972» (Editorial Teorema 1998). Páginas cheias de tigres, navalhas, rufias, sangue quente, mitos. Porque «A vida exige uma paixão».
Copio três poemas deste argentino de Buenos Aires com sangue português:
A LUÍS DE CAMÕES
Sem cólera nem mágoa arromba o tempo
As heróicas espadas. Pobre e triste,
À nostálgica pátria regrediste
Pra com ela morrer nesse momento,
O capitão, no mágico deserto.
Tinha-se a flor de Portugal perdido
E o áspero espanhol, antes vencido,
Ameaçava o seu costado aberto.
Quero saber se aquém da derradeira
Margem compreendeste humildemente
Que o império perdido, o Ocidente
E o Oriente, o aço e a bandeira,
Perduraria (alheio a toda a humana
Mudança) em tua Eneida lusitana.
Em «O Fazedor» (1960)
A PANTERA
Atrás das fortes grades a pantera
Repetirá o monótono caminho
Que é (mas ela não sabe) o seu destino
De negra jóia, aziaga e prisioneira.
Foram mil que passaram e são mil
As que voltam, mas é uma e eterna
A pantera fatal que na caverna
Inscreve a recta que um eterno Aquiles
Traça no sonho que sonhou o grego.
Não sabe que há planícies e montanhas
De corças cujas trémulas entranhas
Lhe excitaram o apetite cego.
É vão e vário o orbe. E a jornada
Que cumpre cada qual já está fixada.
Em «O Ouro dos Tigres» (1972)
O MAR
O mar. O jovem mar. O mar de Ulisses
E o daquele outro Ulisses que essa gente
Do Islão baptizou famosamente.
O Sindbad do Mar. O mar de brisas
E as ondas de Eric, o Vermelho, alto na proa,
E o daquele cavaleiro que escrevia
A epopeia e também a elegia
Da sua pátria, em pântanos de Goa.
O mar de Trafalgar. O que a Inglaterra
Foi cantando na sua longa história,
O árduo mar que ensanguentou de glória
No diário exercício dessa guerra.
O incessante mar que numa linda
Manhã volta a sulcar a areia infinda.
Em «O Ouro dos Tigres» (1972)
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