23 de junho de 2006

Abrir aspas


Na verdade, o tempo não é nada. É uma criação humana. Existe dia e noite, a rotatividade da terra sobre o seu eixo. Existem as estações do ano, o movimento da terra em torno do sol. Mas o tempo, que tanto nos aflige porque andamos sempre a dizer que “não temos tempo”, não existe, não há. Nós é que, com a pretensão a tudo controlar, inventámos forma de o espartilhar. Espalmámo-lo num relógio de sol, mergulhámo-lo numa clepsidra, engarrafámo-lo numa ampulheta e, não satisfeitos, reduzimo-lo, digitalizámo-lo e enfiámo-lo num chip minúsculo.
Fátima Pinto Ferreira, in «São Judas Iscariotes»

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