24 de agosto de 2017

Ir. ALFREDO FIORINI: MÁRTIR COMBONIANO


Faz hoje 25 anos que o irmão missionário comboniano sucumbiu às balas assassinas numa emboscada no Muiravale, na estrada entre Nacala e Carapira, no norte de Moçambique.

Conheci-o no outono de 1990.

Veio para Lisboa para aprender português. 

Um homem, sereno, sorridente, sábio com coração de poeta.

Era médico.

Trocou uma carreira promissora na marinha pela vida missionária comboniana.

Chegou a Moçambique a 3 de fevereiro 1991.

Foi destinado ao Hospital de Namapa, uma estrutura sanitária do Governo arruinada pela RENAMO.

Mais tarde foi transferido para a missão do Alua.

Foi morto numa emboscada da RENAMO a 24 de agosto de 1992 no mesmo troço onde a comboniana Teresa Dalle Pezze foi assassinada uma dúzia de anos antes.

Viajava de Nacala para Carapira depois de um curto período de descanso junto ao Índico.

27 balas vararam o carro. Uma atingiu-o em cheio na testa.

Tinha 37 anos.

Os rebeldes, ao aperceber-se que tinham matado um missionário, não tocaram nos pertences.

Foi sepultado a 31 de agosto na Igreja da Terracina natal, mártire entre os mártires.

Escreveu num poema a comentar Mateus 11, 28:

Venho a ti; Tu só lês
dentro de mim
se as minhas intenções
são suficientemente puras…
Os meus anos não passaram
leves,
mas deixaram sinais profundos
como os carros sobre as veredas
do campo.
Com certeza sei que deserto
e silêncio
não se encheram só do meu
movimento, e que,
agarrado à Tua mão,
conhecerei uma libertação contínua.

Noutra poesia escreve:

Mas às vezes, calado
e com fôlego débil,
tremo por esta estranha
vocação
de ser somente um fósforo
ou mais simplesmente
um pavio.
E talvez, de irmão,
Nem isso sequer…

Um fósforo? Um pavio? Um luzeiro no Céu!

Sem comentários: