24 de janeiro de 2021

DOMINGO DA PALAVRA DE DEUS


O Papa Francisco proclamou o terceiro domingo do tempo comum Domingo da Palavra de Deus há dois anos para que «possa fazer crescer no povo de Deus uma religiosa e assídua familiaridade com as sagradas Escrituras».

A Palavra de Deus é o GPS que guia o povo santo nos caminhos da vida, nas veredas da história, nas calmarias da bonança e nos solavancos da tempestade.

O salmo 119 afirma: «a tua palavra é farol para os meus passos e luz para os meus caminhos».

Jesus, no Evangelho, fala da Palavra de Deus como o rochedo seguro onde alicerçar a construção da nossa vida.

Esta Palavra está na Bíblia, mas também está disponível no coração dos crentes: todos, alfabetos e analfabetos, têm igual acesso a este tesouro, porque «é junto a ti que está a Palavra: na tua boca e no teu coração. Esta é a palavra de fé que anunciamos», recordou Paulo aos cristãos de Roma (10, 8) citando as escrituras antigas (Deuteronómio 30, 14).

Somos filhos de uma cultura que comunica sobretudo através da imagem, recorrendo ao vídeo e à fotografia.

Uma boa imagem vale por mil palavras.

Nas redes sociais usamos a imagem para ilustrar os conteúdos que partilhamos. Imagens às vezes manipuladas…

Hoje, somos convidados a silenciar o coração para que a boca possa proclamar a Palavra que o habita.

Somos convidados a regressar à Palavra convocadora e essencial de Jesus: «cumpriu-se o tempo e está próximo o Reino de Deus: arrependei-vos e acreditai no Evangelho», a notícia feliz.

Acolher a Palavra de Jesus é aceitar o desafio da transformação pessoal e comunitária.

O processo de conversão leva a deixar de fazer o mal para fazer o bem, de pensar para além da mente, com o coração, alavancados no pensamento de Cristo Jesus.

O Papa Francisco recorda que «toda a evangelização está fundada sobre esta Palavra escutada, meditada, vivida, celebrada e testemunhada».

Escutar, meditar, viver, celebrar e testemunhar são os verbos que conjugam a gramática celebrativa da Palavra na vida das comunidades e dos indivíduos.

Ao longo do seu magistério papal, Francisco tem recordado assiduamente, desde a primeira exortação apostólica, que cada cristão é uma missão.

Cada batizado é chamado a encarnar uma dimensão do Evangelho de Jesus.

«Oxalá consigas identificar a palavra, a mensagem ide Jesus que Deus quer dizer ao mundo com a tua vida», augura.

E concluiu: «deixa-te transformar, deixa-te renovar pelo Espírito para que isso seja possível e assim a tua preciosa missão não fracassará».

Que assim seja!

9 de janeiro de 2021

BOA GOVERNAÇÃO EM TENSÃO

 


A governação degrada-se em África após década de ganhos.

O continente africano registou um ligeiro declínio do processo de governação depois de uma década de melhorias progressivas, apesar de 61,2 por cento da população viver num país onde a governação geral é melhor que em 2010. O aviso é do Índice Ibrahim de Governação Africana 2020, publicado pela Fundação Mo Ibrahim.

O estudo mede a governação sob quatro categorias: segurança e Estado de direito; participação, direitos e inclusão; desenvolvimento humano; e bases para a oportunidade económica. Cada categoria está subdividida em 16 subcategorias num total de 79 indicadores. Os dados para avaliar cada indicador foram recolhidos de 35 bases independentes e externas.

O índice, que verifica desde 2007 o desempenho dos governos dos agora 54 países africanos, define governação como provisão de bens e serviços políticos, sociais, económicos e ambientais que cada cidadão tem o direito de esperar do seu governo, e o governo tem a responsabilidade de prestar aos seus cidadãos.

Globalmente, em 2019 as bases para a oportunidade económica e o desenvolvimento humano melhoraram, enquanto os indicadores de segurança e Estado de direito e participação, direitos e inclusão decaíram. Na última década, houve melhorias sobretudo nas áreas das infra-estruturas, saúde e sustentabilidade ambiental, enquanto a segurança e Estado de direito pioraram com a erosão dos direitos e do espaço democrático e cívico.

Três Estados insulares encabeçam o índice da governação: Maurícias, Cabo Verde e Seicheles. Tunísia, Botsuana, África do Sul, Namíbia, Gana, Senegal e Marrocos completam a lista dos dez países mais bem governados. Os dez menos são, do pior para cima, Somália, Sudão do Sul, Eritreia, Guiné Equatorial, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Sudão, Chade, Líbia e República do Congo.

Em 2019, a Gâmbia foi o país que registou mais avanços na governação, enquanto a Líbia, perdida numa guerra civil destruidora desde que o Coronel Kadhafi foi morto em 2011, é o que mais piorou.

Quanto aos restantes países africanos de expressão portuguesa, São Tomé e Príncipe ocupa a posição 12, Moçambique a 26, Guiné-Bissau a 41 e Angola a 43. Angola, contudo, é o terceiro país a registar avanços maiores na governação nos últimos cinco anos, com a mudança de liderança. Aliás, é um dos sete países que em 2019 registaram uma melhoria nas quatro categorias do índice, juntamente com o Chade, Costa do Marfim, Etiópia, Seicheles, Sudão e Togo.

O estudo também reflecte sobre o efeito da covid-19 na governação. A pandemia obrigou ao adiamento de eleições e medidas de contenção do vírus estão a ser usadas nalguns países para interferir com a oposição em processos eleitorais em curso. O confinamento foi aplicado à força em alguns Estados e a repercussão social e económica da pandemia pode gerar agitação social. O impacto económico é dito dramático e a capacidade para mitigar os efeitos da pandemia no desenvolvimento humano é muito limitada.

4 de janeiro de 2021

O MEU DESEJO PARA 2021


Que 2021 seja um ano pacífico, abençoado pelo Senhor! Mas sem atirar 2020 para o caixote do lixo, ou mesmo chamar-lhe um ano amaldiçoado. Este ano difícil confirmou a minha convicção da preciosidade e beleza da vida na sua fragilidade constitutiva, da importância do afecto e da solidariedade, da urgência de cuidarmos uns dos outros e da nossa casa comum. Não, o ano de 2020 não é para ser esquecido, mas sim para ser recordado, com dolorosa gratidão!

Um cantadutor diz: "Há uma fenda em tudo, é assim que a luz entra". 

Não há nada de perfeito na vida, mas os limites desempenham um papel decisivo: podem tornar-se fendas de luz. 

As fendas de 2020 revelaram a loucura e a superficialidade de tantos dos nossos hábitos, que trouxeram à luz os verdadeiros valores da vida.

Como crente, gostaria de confiar 2021 a São José, a quem o Pai confiou a tarefa de cuidar do Seu Filho, que se tornou frágil como nós. E como uma boa resolução para 2021, proponho terminar o dia com a oração que o Papa Francisco tem recitado a São José há mais de 40 anos, uma vez que este ano lhe será dedicado:

“Glorioso Patriarca São José, cujo poder consegue tornar possíveis as coisas impossíveis, vinde em minha ajuda nestes momentos de angústia e dificuldade. Tomai sob a vossa proteção as situações tão graves e difíceis que Vos confio, para que obtenham uma solução feliz. Meu amado Pai, toda a minha confiança está colocada em Vós. Que não se diga que eu Vos invoquei em vão, e dado que tudo podeis junto de Jesus e Maria, mostrai-me que a vossa bondade é tão grande como o vosso poder. Amém”.

Gostaria de colocar uma pequena nota debaixo da cabeça de José no seu repouso todos os dias (como faz Francisco) com as vossas preocupações e necessidades no fim do dia! É também para mim uma forma de cuidar daqueles que Deus me confiou através de laços de família, amizade, proximidade e missão.

Feliz Ano Novo para vós, meus amigos!

Manuel João Pereira Correia