31 de maio de 2006

Média

RÁDIO PARA CÃES

O proprietário de um salão de beleza para cães de Banguecoque, Tailândia, abriu uma estação de rádio na Internet. A DogradioThailand destina-se a melhorar a disposição dos seus clientes durante os complicados tratamentos de beleza. A estação transmite música pop tailandesa. Os dj estão treinados para reproduzir sons caninos! Os gatos também mereciam uma estação assim! E os periquitos!

30 de maio de 2006

Cow parade


© J. Vieira
VACAS PARADAS

Lisboa foi invadida por 101 vacas. Andam a «pastar» nos pontos mais visíveis da cidade até Outubro. Uma foi «tresmalhada», mas voltou à manada. Outras tiveram que ir ao «hospital» para se tratarem de actos de vandalismo.
As vacas foram decoradas por artistas portugueses. Em Setembro vão a leilão. Parte do dinheiro destina-se a organismos de solidariedade.
A manada alfacinha faz parte da «Cow Parade», um evento de arte pública contemporânea. Nasceu em Zurique em 1998 e já teve edições em mais de 25 cidades de todo o mundo.
As vacas são bonitas e merecem uma visita.

28 de maio de 2006

Respira!

Um par de noivos morreu num desastre aparatoso a caminho do casamento.
Quando chegaram ao céu, dirigiram-se logo ao São Pedro:
- Queremos casar-nos! Pode ser?
- Só se for pelo civil – respondeu o porteiro do Céu.
- Como assim? – perguntou o noivo, intrigado.
- Não temos cá nenhum padre!...

Cultos






Fotos © J. Vieira

FESTIVAIS DE VERÃO

Começaram as romarias em honra de São Rock. Têm liturgias, ritos e rituais próprios e vestimentas – ou falta delas – a condizer. E procissões de multidões.
Ontem fui ao Rock in Rio. Espantei-me com a animação. E com o espectáculo feito negócio. O poeta escreveu que «o sonho comanda a vida». Mas o lucro não lhe fica atrás. O Parque da Belavista é uma enorme feira. Promove-se e vende-se de tudo ao ritmo dos decibéis.
O lazer é uma necessidade incontornável. Até Deus descansou no sétimo dia, depois da obra da criação. Mas o repouso industrializado é mais um produto de consumo. Apenas isso. Atrai multidões. E «gera» imenso dinheiro.
Vá lá: pelo menos o Rock in Rio promove algumas causas.

Abrir aspas

Ontem tivemos um novo professor de ginástica.
- Chamo-me Heitor Duval – disse-nos ele. – E vocês?
- Nós não – respondeu o Fabrício, e desatámos a rir.
Sempé – Goscinny in «As Férias do Menino Nicolau»
Obrigado, Asia, pelo livro. É delicioso!

26 de maio de 2006

Estórias


EXPECTATIVAS

O dono de um talho foi surpreendido pela entrada de um cão dentro da loja. Eenxotou-o, mas o cão voltou logo de seguida. Tentou novamente espantá-lo, mas reparou que trazia um bilhete na boca.
Pegou o bilhete e leu: «Pode mandar-me 12 salsichas e uma perna de carneiro, por favor?»
O cão trazia também dinheiro na boca, uma nota de 50 euros. Pegou no dinheiro, pôs as salsichas e a perna de carneiro num saco e colocou-o na boca do cão.
O talhante ficou realmente impressionado e como já estava na hora, decidiu fechar a loja e seguir o cão.
Este começou a descer a rua e quando chegou ao cruzamento depositou o saco no chão, pulou e apertou o botão para fechar o semáforo. Esperou pacientemente com o saco na boca que o sinal ficasse verde, atravessou a rua e caminhou até uma paragem de autocarro, sempre com o talhante a segui-lo.
Na paragem, o cão olhou para o painel dos horários e sentou-se no banco à espera. Quando o autocarro chegou o cão foi à frente para conferir o número e voltou para o seu lugar. Outro autocarro chegou e ele tornou a olhar, viu que era o número certo e entrou.
O talhante, boquiaberto, continuou a seguir o cão. De repente, o cão levantou-se, ficou em pé nas duas patas traseiras e apertou o botão do stop, tudo isso com as compras ainda na boca. O autocarro parou e saiu.
O talhante e o cão foram caminhando pela rua quando o cão parou à porta de uma casa e pôs as compras no passeio. Depois virou-se um pouco, correu e atirou-se contra a porta. Tornou a fazer o mesmo mas ninguém respondeu.
Então contornou a casa, pulou um muro baixo, foi até à janela e começou a bater com a cabeça no vidro várias vezes. Voltou para a porta da frente e, de repente, um tipo enorme abriu-a e começou a espancar o bicho.
O talhante correu para o homem e impediu-o dizendo: «Deus do céu, homem, o que é que você está a fazer? O seu cão é um génio!»
«Um génio??? Esta já é a segunda vez esta semana que este cão estúpido se esquece da chave!», respondeu.

Moral da história: podes continuar a exceder as expectativas mas, aos olhos daqueles que te avaliam, isso estará sempre abaixo do esperado...
Obrigado, Filipe.

Abrir aspas


VIDA MODERNA
Esse «devir» impetuoso de todos os instantes, essa urgência duma tempestade primaveril: todos os céus reunidos por cima de um único dia. Ah!, não poderá nunca imaginar como se pode ser feliz por se estar metido nesse turbilhão, de experimentar esse sentimento de comunhão profunda…

Rainer Maria Rilke, in «A Voz»

25 de maio de 2006

Iraque



UMA LÁGRIMA IRAQUIANA

O Iraque visto por uma iraquiana: AN IRAQI TEAR
A autora, iraquiana, mãe solteira, conseguiu sobreviver às guerras e às sanções; mas não consegue viver sob a ocupação. Escrever é uma maneira de enganar a ideia de deixar o país. Escrever também é resistir.

Dia da África

ÁFRICA EM NÚMEROS

O 25 de Maio é o Dia da África. Nessa data foi fundada a Organização de Unidade Africana, entretanto rebaptizada União Africana. Estávamos em 1963.
A África tem cerca de 936 milhões de habitantes.
A Nigéria é o país mais populoso: 136.500.000.
O Sudão é o país mais extenso: mede 2.37 milhões de quilómetros quadrados.
As Seicheles são o país com o PIB mais elevado.
Os habitantes das ilhas Seicheles e Maurícias tem a taxa de esperança de vida mais elevada: 73 anos.
Quase metade dos Ugandeses têm menos de 14 anos.
O Níger tem o índice mais elevado de fertilidade: 7,1 filhos por mulher. As mulheres das Maurícias têm em média dois filhos.
A Serra Leoa detém o recorde de mortalidade infantil: 166 por 1000 nascimentos. Nas Seicheles morrem 11 por 1000.
90 por centos dos adultos do Zimbabué sabem ler e escrever. No Níger só 17 por cento o fazem.
Um quarto dos adultos da Suazilândia estão infectados com o VIH/Sida.
Na África subsariana há em média 15 telefones por 1000 habitantes.
Os sul-africanos são quem mais electricidade consomem: 3,860.1 kwh por cabeça. Os etíopes ficam pelos 25.3 kwh.
84,6 por cento da população do Jibuti é urbana.
Só 22 por cento dos etíopes têm acesso à água potável.
Um terço dos africanos (315 milhões) vivem em pobreza, apesar das enormes riquezas do continente.
460 milhões têm dificuldades com a alimentação e 50 milhões passam fome crónica.
300 milhões, sobretudo habitantes de zonas rurais, não têm acesso à água potável.
313 milhões carecem de serviços básicos de saneamento.
Mais de 200 mil crianças são utilizadas como soldados, escravos domésticos ou forçadas a entrar na prostituição.
Mais de 78 milhões de crianças não frequentam a escola; a maior parte são meninas.
Na África subsariana, há 28 milhões e meio de infectados com VIH/Sida e 60 por cento são mulheres.
Os conflitos do Darfur, no Sudão, e da RD Congo fizeram sete milhões de vítimas.

24 de maio de 2006

Oração

© J. Vieira

A brisa limpa da aurora
dá passagem ao Sol que se levanta.
Por ti madrugo,
a ti me entrego.
Sou todo teu, meu Senhor.
És a luz da minha consciência.
Eu sou simplesmente imagem do teu rosto
e selo do teu amor.
Autor desconhecido

Apanhada

23 de maio de 2006

Estórias




UMA FATIA DE BOLO

A filha desabafava com a mãe:
- Corre-me tudo tão mal… Não me saí bem na prova de Matemática, o namoro acabou, a minha melhor amiga está a mudar de cidade!
A mãe sabia que nas horas más podia ajudar a filha fazendo-lhe um bolo.
Abraçou-a a e levou-a para a cozinha, conseguindo arrancar-lhe um sorriso sincero.
Logo que pôs na mesa os utensílios e os ingredientes para o bolo, perguntou:
- Querida, queres uma fatia de bolo?
- É claro que quero, mamã! Os seus bolos são deliciosos…
- Então bebe um pouco desse óleo de cozinha.
- Credo, mãe! – respondeu a moça, enjoada.
- Que tal comeres uns ovos crus, filha?
- Que nojo, mãe…
- Queres então um bocadinho de farinha de trigo com bicarbonato de sódio?
- Mãe, isso não presta!
A mãe respondeu então:
- É verdade, filha. Todos estes ingredientes sozinhos parecem maus. Mas quando os juntamos na medida certa fazem um bolo delicioso! Daqueles que tu gostas.

Concluindo: Deus trabalha do mesmo jeito. Às vezes perguntamos por quê Ele permite que passemos por bocados tãos maus. Deus sabe que quando põe as coisas na medida exacta, sempre nos farão bem. Se confiarmos nele todas as más experiências se hão-de transformar em bênçãos.
Deus é louco por ti! Manda-te flores todas as primaveras e o Sol cada manhã. E sempre que quiseres conversar ele escuta-te. Pode viver em qualquer lugar do universo, mas também está no teu coração.

Autor desconhecido

21 de maio de 2006

Transparências

Viver e dizer AMO-TE é a oração mais definitiva, a experiência mística mais profunda. É perder-se no coração imenso de Deus. Porque Deus é AMOR.

20 de maio de 2006

Mil palavras

Portinho da Arrábida © J. Vieira

19 de maio de 2006

Abrir aspas

O CÓDIGO DA VINCI

O sucesso d’O Código da Vinci, com os seus 40 milhões de exemplares vendidos e as suas bombásticas deficiências, mostra o fracasso da Igreja na doutrinação de uma sociedade que vê a religião como um videojogo, onde as recompensas compensam os obstáculos, e os heróis se opõem, por definição, aos segredos urdidos por uma instituição milenar. A história de uma religião transforma-se assim nas aventuras rocambolescas de um Indiana Jones qualquer em busca de uma arca perdida, de um cálice sagrado ou de qualquer outro segredo devidamente condimentado por um esoterismo de trazer por casa.
Constança Cunha e Sá in Público

18 de maio de 2006

Causas

MARCHA CONTRA A FOME

No dia 21 de Maio vai realizar-se a Marcha Mundial contra a Fome 2006. O evento global destina-se a recolher fundos para programas contra a fome infantil em países pobres. Vai decorrer em 115 países, da Argentina ao Zimbabué.
Há alimentos suficientes para alimentar todas a população mundial durante quase meio século. Apesar disso, mais de 300 milhões de crianças em todo o mundo sofrem de fome crónica. A fome e a subnutrição são as causas de mais de metade do número total de mortes de crianças, provocando, todos os anos, a morte de aproximadamente seis milhões de crianças.
Em Portugal, estão previstas quatro marchas: na Horta (Ilha do Faial), do Peter Café Sport
até ao Cais de Santa Cruz; em Ponta Delgada (Ilha de São Miguel), da Praça Gonçalo Velho, junto às Portas da Cidade, até à Avenida Infante Dom Henrique; em Lisboa, da Torre de Belém às Docas; e no Porto, do Cais de Gaia ao Passeio Alegre. As provas começam às 10h00. A inscrição custa 10 euros e dá direito a T-shirt e chapéu.
Em 2005, participaram da marcha 201 mil pessoas, em 266 lugares de 91 países. O evento arrecadou 1,2 milhões de euros, suficiente para alimentar 70 mil crianças durante um ano. Desta feita, a organização espera reunir este ano pelo menos 750 mil participantes em todo o mundo e 20 mil em Portugal.
A iniciativa surgiu em 2002 a partir de uma parceria entre o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM) e a TNT. A campanha PobrezaZero também aderiu.

Construções com latas



17 de maio de 2006

Para pensar

VALOR REAL

Paulo, com o rosto triste e cansado, encontrou-se com a sua amiga Carla num bar, para tomar um café.
Deprimido, descarregou nela todas as suas preocupações: o trabalho... o dinheiro... a relação com a sua namorada... e a sua vocação... Parecia que tudo corria mal na sua vida.
Carla meteu a mão na carteira e tirou uma nota de 50 euros e disse-lhe:
— Queres esta nota?
Paulo, ao início um pouco atrapalhado, respondeu-lhe:
— Com certeza, Carla... São 50 euros, quem não os quer?
Então Carla pegou na nota numa das mãos, amarrotou-a, e fez dela uma pequena bolinha.
Depois mostrando-a ao Paulo toda amachucada, perguntou-lhe de novo:
— E agora, ainda a queres?
— Carla, não percebo aonde queres chegar com esta brincadeira; porém, a nota continua a ser de 50 euros. Com certeza que a não vou deitar fora, se tu ma deres.
Carla alisou a nota, deitou-a ao chão, espezinhou-a e, por fim, pegou nela suja e amarrotada.
— E agora continuas a querê-la? — perguntou.
— Escuta Carla, ainda não consegui perceber onde queres chegar, mas, embora ela esteja assim reduzida, continua a ser de 50 euros e, até que não a rasgues, conserva o seu valor...
— Paulo, deves saber que se, por vezes, alguma coisa não sai como tu queres, se a vida também te prega uma partida, continuas a ser tão importante, como antes... O que deves perguntar-te é quanto vales realmente e não quanto podes ser abatido num momento particular.
Paulo ficou como que paralisado a olhar para a Carla, sem dizer uma palavra, enquanto a mensagem entrava profundamente na sua cabeça. Carla pousou a nota engelhada sobre a mesa, perto dele e, com um sorriso cúmplice disse:
— Pega nela e guarda-a, para que te lembres sempre deste momento, quando te sentires mal... Porém deves dar-me uma nota nova de 50 euros para eu a poder usar com o próximo amigo que precisar.
Beijou-o na face e afastou-se em direcção à porta.
Paulo voltou a olhar para a nota, sorriu, olhou-a e com uma energia nova, chamou o empregado para pagar a conta...
Autor desconhecido

Portugal no seu melhor

Na estrada para Felgueiras © J. Vieira


Cervejaria no Cais do Sodré (Lisboa) © J. Vieira

Iraque

Os americanos encontraram finalmente a prova que faltava: as armas de destruição em massa!

16 de maio de 2006

Protesto

LUTO NACIONAL
CONTRA A VERGONHA

Vista algo de cor preta... Pendure algo desta cor na janela de sua casa... A gente consegue... A 22 e 23 de Maio!

Sair às ruas é complicado devido a compromissos diários. Então propomos que nos dias 22 e 23 de Maio todos ao saírem de casa vistam camisas/blusas pretas. Se você não tem, amarre um lenço/pano preto no braço ou em qualquer lugar do corpo. MELHOR AINDA: Pendure um pano preto na sua janela em sinal de luto pela morte da dignidade dos políticos. Isto vai ser um sinal de repúdio a palhaçada que virou a política. DEMONSTRE a sua indignação em todos as cidades! Não tenha vergonha de participar! Devemos ter vergonha de assistir à bandalheira de boca fechada e mãos atadas como um povo ignorante que não sabe como protestar!
Excerto de uma mensagem que circula na Internet. Será que pega?

15 de maio de 2006

Aproveita

Obrigado, Cristina

Taça de Portugal

Foto: Público

DOBRADINHA À MODA DO PORTO
Ao derrotar o Vitória de Setúbal por um a zero, o FCP «papou» a sua quinta dobradinha. Parabéns à equipa técnica e aos jogadores. Confesso que houve alturas durante o campeonato que não tinha grande crença na capacidade de Co Adriaanse e respectivos comandados. Mas lá conseguiram assentar o fio de jogo e «limparam» tudo entre portas. Lá por fora, bem: foi para um ano para esquecer.

13 de maio de 2006

Abrir aspas

O essencial não é que tu não creias mas sim que Deus continue a crer em ti.

Namíbia


BURROS-REFLECTORES

Os burros da Namíbia começaram a usar reflectores nas orelhas. Não se trata de uma nova moda dos asnos da África Austral. É o modo que a «Donkey Welfare Namibia» encontrou para proteger os jumentos e os automobilistas. A razão? Na Namíbia mais de 200 mil burros passam a noite a dormir sobre o asfalto quente das estradas. Os animais estão envolvidos em um em cada quatro acidentes de viação e causam 90 mortes (de humanos) por ano! Os reflectores nas orelhas destinam-se a chamar a atenção dos automobilistas.

11 de maio de 2006

Abrir aspas


É através do amor que tentamos recuperar a inocência perdida da felicidade que outrora sentimos, quando éramos bebés e vivíamos em paz com o mundo.

10 de maio de 2006

Gentes da Etiópia

Jovem Guji (Rio Bodha - Uraga) - © J. Vieira


Jovem Arsi (Zuwai) - © J. Vieira


Vendedores sidamas de chat - Dôngora - © J. Vieira

9 de maio de 2006

Noite de Luz



Gracias Aylén

Notas soltas

PRÍNCIPES DO NADA

Catarina Furtado chamou ao programa «Príncipes do Nada». Retrata a vida dos voluntários e missionários portugueses e vai para o ar na RTP aos domingos à noite.
Príncipes do nada: uma definição brilhante dos missionários.
Toca-me porque tem muito a ver com a minha experiência.
Príncipe! A irmã Kumbi (Mirra) – uma bondosa e grande senhora oromo a quem deram o nome religioso de Giovanna – uma vez disse-me: Quando chegaste à Etiópia parecias um príncipe: branco, gordo. Agora pareces um «gujone» – referindo-se ao povo guji com quem trabalhávamos: magro e escuro!!!
Do nada! A chegada a um novo posto de trabalho na missão é uma experiência de esvaziamento: não se sabe a língua, não se conhece as pessoas, o lugar, o que nos espera. Volta-se a ser criança. Tem-se as mãos cheias de nada. Mas o coração, esse fica sempre cheio de amor, que dá e que recebe. Recebe mais do que dá. É o paradoxo do nada na minha vida!!!

Leituras

CRISTIANISTAS

Andrew Sullivan escreve na Time de 15 de Maio um ensaio interessante sobre a diferença entre fé e agenda política.
«My problem with Christianity» é uma reflexão profunda e actual sobre os problemas levantados pela apropriação do cristianismo por parte da direita. A solução – defende – não é criar uma esquerda cristã. É chamar cristianista à direita religiosa. O Cristianismo é uma fé.
«A palavra cristão é pertença de nenhum partido político. É altura que a maioria silenciosa dos crentes a reclame», conclui.

Gestos

© J. Vieira

UM SORRISO
Um sorriso não custa nada e cria muito...
Dura um só momento,
mas a sua lembrança perdura por toda uma vida...
Não se pode comprá-lo, pedi-lo emprestado ou roubá-lo...
E não tem utilidade enquanto não é dado!
Por isso,
se no teu caminho
encontrares alguém cansado demais para dar um sorriso,
deixa-lhe o teu, com optimismo...
Pois ninguém precisa tanto de um sorriso
quanto aquele que não tem mais sorrisos para oferecer...
Autor desconhecido

8 de maio de 2006

Leituras


BENTO XVI:
ANO UM

António Marujo escreveu «Um Papa (In)esperado» (Paulus, 2006) para marcar o primeiro ano do pontificado de Bento XVI.
Uma «tentativa modesta de compor um retrato que identifique os sinais mais evidentes, as constantes que é possível enunciar, o estilo reservado e discreto, os textos marcantes, os casos polémicos que também já aconteceram», confessa.
O autor aborda em dez capítulos os temas e os gestos essenciais do Papa alemão: a retoma do diálogo inter-religioso (com ortodoxos, protestantes, judeus e muçulmanos) e com os diversos sectores da Igreja Católica (desde os seguidores de Lefrevre a Hans Küng, que promoveu o jovem teólogo Ratzinger); a centralidade de Cristo e o programa do seu papado condensado nas páginas da encíclica «Deus é Amor»; as prestações do Papa nas audiências semanais e na Jornada Mundial da Juventude (que decorreu em Colónia, Alemanha, a 20 e 21 de Agosto de 2005) e as linhas da geopolítica do sumo pontífice (sobretudo a atenção à África e à Ásia).
O livro – num formato original e bem ilustrado – inclui a homilia que o então Cardeal Joseph Ratzinger pronunciou no santuário de Fátima a 13 de Outubro de 1996.
António Marujo nasceu em 1961. É jornalista do Público desde a sua fundação, em 1989, onde trata a informação religiosa.

Abrir aspas


OS ANOS PERDIDOS
DO CRISTIANISMO

A publicação do Evangelho de Judas, escrito apócrifo tardio de natureza gnóstica, suscitou interesse geral sobre o cristianismo das origens.
Ultimamente esse tema tem ocupado a investigação científica especialmente nos EUA, com minuciosas pesquisas acerca dos assim chamados "anos perdidos do cristianismo", que são os anos 30 e 40 do século I, aquelas obscuras décadas posteriores à execução de Jesus. A partir dos inícios dos anos 50, com as cartas de São Paulo e, depois, com os quatro evangelhos dispomos de farta documentação. Mas o que ocorreu nos anos anteriores?
As fontes são exíguas como o evangelho de Tomé, a Didaqué e a "Quelle" (fonte), sub-texto comum aos evangelhos de São Lucas e de São Mateus, todos anteriores ao ano 50. Vários são os investigadores católicos e evangélicos que se notabilizaram nesta área como H. Köster, J. Kloppenborg, D. Kyrtatas, P. Brown entre outros. Porém, o mais perspicaz e erudito de todos é o católico irlandês-norteamericano J. D. Crossan, presidente da secção sobre o Jesus histórico da "Society of Biblical Literature" e coordenador do "Jesus Seminar". Das várias obras destacam-se principalmente duas: "O Jesus da história: a vida de um camponês mediterrâneo judeu" (1991) e "O nascimento do Cristianismo: o que sucedeu nos anos imediatamente posteriores à execução de Jesus" (1998). Este último com mais de 600 páginas representa a combinação interdisciplinar de enfoques antropológicos, históricos, literários e arqueológicos na tentativa de reconstruir os contextos que permitiram o nascimento do Cristianismo como interação de Jesus com seus companheiros e com o mundo que os rodeava.
Aí ficamos sabendo que muitos artesãos e camponeses como Jesus e seu grupo viviam na resistência radical, mas não violenta contra o desenvolvimento urbano de Herodes Antipas e o comercialismo rural de Roma, na Baixa Galiléia, no final dos anos 20. O contexto mais geral era a cerrada oposição por parte da pátria judaica ao internacionalismo cultural grego e ao imperialismo militar romano.
O Cristianismo histórico, segundo Crossan, é fruto de três tradições que se entrelaçaram. A primeira é a Tradição da Vida que enfatiza os ditos de Jesus e propõe um modo de vida inspirado nos comportamentos libertários de Jesus. Esta tem um cunho rural, pois medrou na Galiléia rural. A segunda é a Tradição da Morte e da Ressurreição que procurava entender por que Jesus foi assassinado se depois foi ressuscitado. A ressurreição era entendida no quadro da apocalíptica que afirmava o caráter cósmico do fenômeno, o começo da renovação do mundo e da transfiguração do ser humano. Ela é mais urbana, pois foi elaborada a partir de Jerusalém. A terceira é a Tradição da comida comum. Eram comidas reais como comidas compartilhadas comunitariamente que simbolizavam a justiça eqüitativa de Deus. O importante não era o pão, mas o repartir o pão. Neste contexto se situava a celebração da eucaristia. A Tradição da comida unia as duas tradições referidas. Para a Igreja em estado nascente não eram suficientes os ditos, a vida, a morte e a ressurreição de Jesus. Tudo deve desembocar na mesa comum, na comensalidade, pois é esta que permite abrir os olhos, como aos jovens de Emaús, e reconhecer a presença divina neste mundo. Estes dados são relevantes para entender o Cristianismo em suas origens mais prático que dogmático.

7 de maio de 2006

Dia da Mãe

MINHA MÃE

Ó minha mãe minha mãe
Ó minha mãe minha amada
Quem tem uma mãe tem tudo
Quem não tem mãe não tem nada *

Quem não tem mãe não tem nada
Quem a perde é pobrezinho
Ó minha mãe minha mãe
Onde estás que estou sózinho

Estou sozinho no mar largo
Sem medo à noite cerrada
Ó minha mãe minha mãe
Ó minha mãe minha amada

* Quadra popular


POEMA À MÃE

No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe.

Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.

Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!

Olha - queres ouvir-me?
-às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;

ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...

Mas - tu sabes - a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas. Boa noite.
Eu vou com as aves.

5 de maio de 2006

Trabalho infantil

Menina Gumuz, de Mandura (Oeste da Etiópia) © J. Vieira

UM FINAL FELIZ?

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) deu uma boa notícia esta semana: o número de crianças trabalhadoras diminuiu 11 por cento entre 2000 e 2004.
Segundo o relatório «O fim do trabalho infantil: um objectivo ao nosso alcance», em 2000 havia 246 milhões de crianças e adolescentes a trabalhar. Em 2004, esse número baixou para 218 milhões num universo de 1531 milhões de menores. Mais ainda, o número de meninos e meninas dos cinco aos 17 anos envolvidos em trabalhos perigosos diminuiu 26 por cento, de 171 para 126 milhões de crianças.
O relatório apresenta uma previsão optimista: em dez anos é possível acabar com as formas de trabalho infantil mais degradantes.
As causas para esta redução são várias: boa vontade política, consciencialização e acções concretas no campo do combate e redução da pobreza e da educação.
O relatório da OIT revela que as regiões da América Latina-Caraíbas e da Ásia-Pacífico, registaram avanços significativos. A África Subsariana é onde há mais crianças a trabalhar: cerca de 50 milhões, um quarto das crianças trabalhadoras do planeta. O sector agrícola ocupa sete em cada dez menores trabalhadores.

4 de maio de 2006

Refracções

OLEIRO

As mãos do oleiro me formaram
Delicadas, ternas e meigas
Sentiram cada grão do meu barro
Cada molécula que sou eu
E misturaram pó com o sangue do amor derramado
Para formar este vaso precioso
Cozido no forno da vida
Ao calor de Deus
Para levar a água do Espírito
Aos sedentos de liberdade.
Mãos feridas
Pela dor
De arestas agudas
De medos e penas,
De inocência feita holocausto
No altar de ilusões perdidas
Pétalas ressequidas
De injustiças gritadas com raiva
Mãos de artesão que refaz a obra
Com a força da Palavra curadora
Que revela o mistério escondido
Nas brumas da memória
Para ser luz
Que dá sentido aos gestos
Aos restos de ilusão
De sonho desenganado
Sonho que cumpre a vida
O coração
Amor de um Deus incarnado
Que se fez amor através de tantos corações
Que me tocam que me querem
Na alegria que é força
Espaço vital
Esperança
Genoma
De um Oleiro
Que faz de cada peça
Uma obra-prima e única
Retocada constantemente
Pelas sinergias da força criadora
Da inspiração primordial
Da vida que transborda
Naquele «faça-se o Homem
À nossa imagem e semelhança.»
Sim
Sou imagem de Deus
Semelhança da Trindade
Memória de paraíso perdido
E reencontrando
Peregrino entre dois jardins
Os jardins de Deus
No meu coração.
Ele me libertou da mentira que ata
Do medo que paralisa
Das memórias perturbadas
Dos esqueletos do passado
E diz «Não temas
Sou teu Pai e Mãe e Amigo
Sou a tua força
O teu poder
A tua salvação
O poema que recitas
O sonho que acalentas
De te fazeres sempre novo
Sempre vivente
Eu me alegro em ti
Me comprazo em ti
Me revelo em ti
Me celebro em ti.
Canta
Dança
Rejubila
Porque tudo é graça
Dom que transformo em salvação
Porque te amo
Porque me amas
E o amor tudo regenera
Ilumina
Renova
Reaviva.
Dança!

3 de maio de 2006

Religião


A «IRRELEVÂNCIA» DE DEUS

A história do pecado original, narrada no livro bíblico do Génesis, apesar de ter alguns milhares de anos e de ser comum a culturas extrabíblicas de outras latitudes e tempos, é de uma actualidade espantosa. Em resumo, este texto pretende ilustrar que o pecado – de Adão, de Eva, de cada um de nós – é a opção fundamental pela autonomização em relação a Deus. A serpente insinuou que se comessem da árvore proibida «seriam como Deus».
Este processo de autonomização ou de emancipação de Deus tornou-se um dado cultural irreversível com o modernismo, através da adopção do paradigma científico e da secularização. Foi aprofundado pelos filósofos, nomeadamente pelo alemão Nietzsche, que proclamou a morte de Deus com o intuito de resgatar o Homem. O pós-modernismo foi mais além, e simplesmente empurrou Deus para fora da vida, tornando a questão religiosa irrelevante.
Os resultados práticos deste humanismo sem Deus são demolidores. Foi neste caldo filosófico-humanístico fechado que se cozinharam as maiores atrocidades contra a humanidade, através de guerras devastadoras e de regimes despóticos. É o que dá viver sem referências para além do próprio ego.
A descristianização acelerada da Europa tem as suas raízes neste agnosticismo prático e indiferente. O pensamento dominante ignora pura e simplesmente as raízes cristãs da cultura europeia, como se viu no projecto constitucional. Como resultado, a Europa está cada vez mais a-cristã. O que não quer dizer que seja a-religiosa.
É evidente que o genoma humano tem em si um marcador divino. A antropologia e a etnologia testemunham-no. Podemos chamar-lhe sede de Deus, de felicidade, de amor, de transcendente, de infinito, de auto-superação, um desejo, um vazio, uma angústia... Por isso, a indiferença em relação à prática cristã está a ser substituída por uma religiosidade à medida colhida no mercado de abastecimento do religioso. O consumismo é também uma maneira de satisfazer esta sede de algo mais que trazemos dentro de nós e que não sabemos – ou queremos – nomear.
Como pode a Igreja testemunhar e anunciar o Evangelho de Jesus nesta Europa indiferente à questão de Deus? O Papa Bento XVI escreveu na introdução da encíclica «Deus é Amor»: «No início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo.» Este é um ponto de partida importante para esta reflexão.
Para falar de Deus hoje, para dar corpo à nova evangelização preconizada por João Paulo II para devolver a Europa às suas raízes cristãs, a Igreja tem de se tornar cada vez mais um espaço de encontro com o Senhor Jesus vivo e ressuscitado na comunidade que se reúne em seu nome para anunciar a Boa-Nova através de uma práxis do amor. Um espaço de encontro que passa por um estilo de vida eclesial mais simples, humilde, místico-contemplativo e dialogante – na Igreja não há democracia, mas discernimento comunitário –; por liturgias mais inculturadas, com gestos e linguagens significativos e acessíveis às pessoas de hoje; por uma Igreja cada vez mais situada na periferia, para se dedicar às pessoas que vivem nas margens da globalização. É nelas que Jesus continua a sua paixão e é através delas que Ele também se encontra. A presença real do Jesus da vida vai para além das espécies eucarísticas. Jesus está presente realmente nos pobres, nos pequeninos, nos descartados pelo neoliberalismo, nos que não contam. É este é o roteiro que as Igrejas da Europa têm de seguir para tornarem Deus relevante no contexto sociocultural contemporâneo.

Relax

Leituras

O ECLIPSE DE DEUS
A Além-Mar de Maio dedica a capa à missão num mundo globalizado. As pressões da globalização estão a afastar mesmo os que se consideram crentes da relação com o transcendente que é a pedra de toque da nossa civilização. Este «eclipse de Deus» exige novas formas de missão.
Os outros temas a destacar:
Ásia e a América Latina, dois destinos económicos que têm cada vez mais peso. E estão este mês em foco em dois fóruns internacionais;
O muro da exclusão. Para travar a imigração, os EUA planeiam terminar de construir um imenso muro ao longo da fronteira com o México;
Darfur: um genocídio sem fim à vista. Apesar das negociações promovidas pela União Africana, não se avista uma saída para a trágica crise do Darfur. Que já ameaça alastrar ao vizinho Chade;
Cooperação tripartida: O triângulo Portugal-PALOP-EUA nunca deixou de existir. E a cooperação militar tripartida prova-o bem;
O desafio dos transgénicos. As sementes Terminator ficaram sujeitas a uma moratória. Mas a biodiversidade continua ameaçada;
A homofobia não é um preconceito qualquer. Um pouco por todo o mundo, homossexuais são assassinados, presos, maltratados, discriminados.
Quanto às colunas mensais:
O investigador José Dias da Silva reflecte sobre a ajuda externa ou esmolinha em Sinais; Renato Kizito, do Quénia, dedica Ventos do Sul ao fermento das periferias; Fernando Domingues, descreve, desde Roma, em Apontamentos, a passagem da cruz do encontro mundial da juventude de Colónia, na Alemanha, para Sydney, na Austrália, depois de passar por uma vintena de países africanos. Finalmente, Manuel Augusto Ferreira, em Taiwan, interroga-se em Caminhos de Páscoa sobre o medo e preconceito que as autoridades chinesas têm da religião.
Quanto às rubricas:
o Editorial é dedicado aos desafios da «irrelevância de Deus», hoje;
em Contraponto, o jornalista Carlos Narciso escreve sobre as guerras em curso no Iraque;
através de Gente solidária acompanhamos os primeiros passos de um grupo de missionários na Serra de Guerrero, no centro do México;
Povos do mundo apresenta-nos os Nuer, do Sudão;
O Filho do Rei é mais uma gostosa fábula indiana publicada em Tradição Oral;
Ousar viver é o desafio lançado em Jovens e Missão.
Além-Mar tem também uma secção de actualidades, uma coluna sobre a América Latina, uma página de opinião dos leitores, um escaparate de Livros e Discos e uma proposta concreta de solidariedade aos leitores.

2 de maio de 2006

Mil palavras






Cabo Espichel © J. Vieira

Abrir aspas

PARA CONCERTAR O MUNDO

Um cientista, que vivia preocupado com os problemas do mundo, estava resolvido a encontrar os meios para os minorar. Passava os dias no laboratório à procura das respostas para as suas dúvidas. Certo dia, o filho de seis anos invadiu o seu santuário decidido a ajudá-lo a trabalhar. O cientista, nervoso com a interrupção, pediu ao menino que fosse brincar para outro lado. Vendo que era impossível tirá-lo dali, pensou em algo que lhe pudesse arranjar para distrair a sua atenção.
De repente, viu uma revista onde estava um mapa do mundo. Era precisamente o que necessitava.
Com umas tesouras, recortou o mapa em vários bocados e entrego-o ao seu filho juntamente com um rolo de fita-cola, dizendo: «Como gostas de quebra-cabeças, vou dar-te o mundo todo rasgado para que o arranjes sem a ajuda de ninguém.»
Passadas algumas horas, escutou a voz do menino que o chamava calmamente: «Papá, papá! Fiz tudo. Consegui terminá-lo!»
Primeiro, o pai não acreditou no menino. Pensou que era impossível que, com a sua idade, tivesse conseguido compor um mapa que nunca tinha visto antes. Desconfiado, o cientista levantou os olhos das suas notas com a certeza que ia ver um trabalho próprio de uma criança. Para surpresa sua, o mapa estava completo. Todos os bocados tinham sido colocados nos respectivos lugares. Como foi possível? Como é que o miúdo conseguiu?
«Filhito, tu não sabias como era o mundo. Como conseguiste?»
«Papá, eu não sabia como era o mundo, mas quando tiraste o mapa da revista para o cortar, vi que do outro lado estava a figura de um homem. Assim dei a volta aos bocados e comecei a recompor o homem, que sabia como era. Quando consegui refazer o homem, voltei a folha e vi que tinha consertado o mundo.»

1 de maio de 2006

Igreja

PADRES PRECISAM-SE
Pela altura da Páscoa, o arcebispo de Braga deu uma interessante entrevista ao jornalista Manuel Vilas-Boas, da TSF.
Das declarações de Dom Jorge Ortiga, esta ficou-me no ouvido: se se mantiver a relação entre padre ordenados e padres que morrem por ano, daqui a dez anos a arquidiocese tem menos 100 padres.
A falta de padres é uma realidade preocupante sobretudo para as Igrejas do Ocidente. A solução? Por um lado, continua-se a insistir no modelo único do padre celibatário. Por outro, advoga-se a partilha de clero entre as Igrejas. Alguém já lhe chamou importação
A meu ver, a solução passa pela integração de um modelo misto: a coexistência de clero celibatário com clero casado.
Aliás, um modelo que já existe por razões menos próprias. A Igreja católica da Inglaterra ordenou várias dezenas de homens casados. Eram pastores anglicanos (misóginos?) que não quiseram partilhar o serviço do altar com pastoras quando a comunhão anglicana decidiu ordenar mulheres.
Concordo que o celibato é um valor – vivo tranquilo com a minha castidade –, mas os valores são se impõem. Elegem-se. E as comunidades cristãs são eucarísticas. Por isso, necessitam dos seus pastores.