Hoje quero falar-te de Barsissa, o Professor — como é conhecido o braço-direito dos missionários e das Missionárias da Caridade na zona pastoral de Adola.
Quando nasceu, há 61 anos, em Hossanna, uma cidade no Sudoeste da Etiópia, os pais puseram-lhe o nome de Sholango.
«Na minha língua natal, o welayitinha, Sholango significa Castanho», explicou-me com um sorriso tranquilo. «Porque eu não era nem negro nem branco».
No baptismo recebeu o nome de Joseph.
Fez a Escola de Formação de Professores em Robe, nas montanhas de Bale, e exerceu os 38 de profissão no distrito de Kibre Menguiste, no sudeste do país.
Casou em Adola, o nome guji para Kibre Menguiste.
É pai de oito filhos. O mais velho ensina na universidade de Harar. O segundo formou-se em informática e trabalha em Hawassa. O terceiro é oficial de saúde e trabalha num hospital.
Sholango foi investindo as poupanças em lotes de terra em Adola e construiu algumas casas que usa para complementar o orçamento familiar e para desenrascar amigos em dificuldade.
Comprou dois tuque-tuque, que fazem parte do serviço de taxis em Adola. Chamam-lhes bajaj — apesar de muitos serem de outros fabricantes. Podem carregar até dez passageiros, uns encima dos outros. Essa fila interminável de «formigas» azuis são um teste à paciência de condutores de veículos de dimensões mais avantajadas em muitas localidades da Etiópia.
Barsissa é um elemento fundamental e carismático na comunidade católica de Adola.
Anima a comunidade da cidade, de que é ancião, e acompanha os missionários nas visitas às suas capelas.
Ajuda nas traduções nos encontros de anciãos e catequistas.
No fim da eucaristia, costuma motivar os fiéis com um discurso simples e didático sobre a fé e as suas vivências e exigências.
É um comunicador nato e vivo, e prende a atenção das pessoas com muita facilidade. É Barsissa!
Apesar de ser welayta, domina o guji na perfeição.
Há quem veja com maus olhos a sua notoriedade e proeminência na comunidade de Adola precisamente por não ser guji. Mas a Igreja é católica, aberta a todos, para todos e de todos.
Há outro «senão»: ele trabalha como voluntário. Reformou-se há um ano e tem tempo suficiente para ajudar a comunidade católica a crescer em Adola e nas suas nove capelas.
É bastante crítico dos catequistas e do seu trabalho. Acha que deveriam ser voluntários como ele e não trabalhar por dinheiro.
No último domingo, ao virmos da capela de Ilala, notou com tristeza que o catequista não se empenha nem tem o zelo apostólico que devia para exercer o ministério de animador e líder da sua comunidade. Normalmente vêm à missa uma senhora com o seu bebé, duas jovens, dois jovens e o catequista. A comunidade conta com pelo menos quatro dezenas de batizados registados.
Barsissa está sempre à distância de uma chamada telefónica para dar uma mão. Católico fervoroso, dedicado, missionário.
Um homem de Deus!