30 de setembro de 2015

EQUIPA COMPLETA


P. Jeremias, P. Rogelio, P. Tesfaye, P. Pietro e Ir. Alberto

Depois de escolher um novo superior geral, os capitulares combonianos elegeram o seu conselho num dos capítulos mais consensuais e tranquilos da história da congregação.

O primeiro conselheiro eleito foi o P. Pietro Ciuciulla. É italiano, tem 52 anos, fez a primeira profissão em 1987. Terminou a teologia em Roma e foi ordenado em 1992. Trabalhou no Chade, na Itália e nos Estados Unidos. Regressou ao Chade em 2011. Era superior da delegação. Foi membro da Comissão Pré-capitular e é o Secretário do Capítulo.

O Ir. Alberto Lamana Cónsola nasceu há 44 anos em Espanha. Fez os primeiros votos em 1997 depois do noviciado em Santarém. Terminou a formação em Nairobi, Quénia, entre 1997 e 2001. Trabalhou no Sudão do Sul de 2001 até 2011, primeiro em Mapuordit e depois na Cadeia Católica de Rádios. Voltou a Espanha em 2011 e frequenta um curso de jornalismo para a internet. É conselheiro provincial. Foi eleito delegado dos irmãos da Cúria, Espanha e Portugal.

O P. Rogelio Bustos é mexicano e tem 54 anos. Fez os primeiros votos em 1983, terminou a teologia em Roma e foi ordenado em 1987. Trabalhou no México entre 1988 e 1995 e no Peru desde 1996 a 2010, onde foi superior provincial. Está no México desde 2011e é o administrador das revistas. Coordenou a Comissão Pré-capitular e é um dos quatro moderadores do Capítulo.

O P. Jeremias dos Santos Martins nasceu no Sabugal (Portugal) há 62 anos e é o Superior Provincial da África do Sul. Fez os primeiros votos em 1973 depois do noviciado em Moncada (Espanha) e estudou a teologia em Paris, França. Foi ordenado em 1978 e trabalhou em Portugal e Moçambique (onde foi superior provincial). Em 2005 foi destinado de Portugal à África do Sul como formador do seminário internacional de teologia. É membro da Comissão Especial do Capítulo.

A encabeçar esta equipa representativa da continentalidade, internacionalidade e diálogo de gerações do Instituto está o novo superior geral, o P. Tesfaye Tadesse Gebresilasie. Tem 46 anos. É etíope e fez os primeiros votos em 1991. Foi ordenado em 1995 depois de terminar o curso de teologia em Roma. Trabalhou no Egito, Sudão e Etiópia antes de ser eleito assistente geral no Capítulo de 2009. É o primeiro superior geral africano dos Missionários Combonianos, fruto natural de um Capítulo que assumiu a interculturalidade como um desafio.

De acordo com as novas Constituições dos Missionários Combonianos, o novo conselho geral toma posse um mês depois do encerramento oficial do XVIII Capítulo Geral previsto para o domingo, 5 de outubro. O encerramento pode ser antecipado porque as eleições foram rápidas e consensuais: um escrutínio para eleger o superior geral e cinco para escolher os seus quatro conselheiros.

CAPÍTULO A 29 DE SETEMBRO

P. David Glenday orientou a manhã de reflexão © JVieira

Retiro dos capitulares antes da eleição do Conselho Geral

Seguindo o calendário dos trabalhos previsto para o XVIII Capítulo Geral dos Missionários Combonianos, a assembleia aprovou na sexta-feira, 25 de setembro, e segunda-feira, 28, o texto final do Capítulo. Nos dois dias, os capitulares discutiram e votaram o texto ponto por ponto, incluindo as diversas moções apresentadas na aula.

O texto final é um documento com 6000 palavras em cerca de 15 páginas, suficiente para estimular um empenho renovado, pessoal e coletivo.

Concluído o tempo de discernimento com a aprovação do texto definitivo, a assembleia capitular entrou ontem na fase final dos trabalhos com o retiro orientado pelo P. David Glenday para eleger o superior provincial e o seu conselho.

O texto aprovado, que se inspira na Evangelii gaudium do Papa Francisco, não contém novidades revolucionárias mas quer falar da missão, pessoa e reorganização com uma linguagem nova.

No documento há um convite a revisitar a missão à luz de uma série de critérios como a proximidade ao pobre, a atenção aos sinais dos tempos, à realidade de cada circunscrição, a simplicidade do estilo de vida, etc. Há uma chamada a abrir-se à missão através de novas formas de ministerialidade que superem as demarcações territoriais e procurem um compromisso especializado no campo da Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC), as etnias de pastores, indígenas, periferias urbanas, etc. O Capítulo confirmou que a Europa é terra de missão como os outros continentes.

Sobre o tema da pessoa, o texto sublinha dois aspetos de fundo.

A crescente multiculturalidade do Instituto que nos convida a reinterpretar o carisma em chave internacional como o quis o nosso fundador Daniel Comboni. As nossas circunscrições e comunidades são os lugares onde aprendemos a viver os desafios da diversidade.

O segundo aspeto, a renovação do Instituto e dos seus membros, precisa de se apropriar da especificidade da espiritualidade comboniana que se inspira na imagem de Jesus Bom Pastor que dá a própria vida. Faz-se patente a importância de uma revisão da Regra de Vida para conseguir a sua reforma. Esta é uma exigência do novo paradigma de missão, hoje.

No que diz respeito à reorganização do Instituto, o texto aprovado evidenciou, na linha do capítulo precedente, a urgência de um equilíbrio entre pessoas e empenhos. Isto leva à redução das  comunidades (40 nos próximos seis anos) e à progressiva e gradual unificação das províncias para melhorar e qualificar o serviço.

COMBONIANOS ELEGEM NOVO SUPERIOR GERAL



 

Os capitulares combonianos elegeram hoje o etíope P. Tesfaye Tadesse Gebresilasie novo superior geral da congregação.

O P. Tesfaye sucede ao P. Enrique Sánchez González, de quem era assistente geral.

No ato de aceitação, o novo superior geral agradeceu a graça e a misericórdia que os capitulares lhe dispensaram através da votação.

«Sinto-me pequeno à frente da grandeza do nosso instituto», disse.

O P. Tesfaye é o primeiro superior geral africano dos Missionários Combonianos.

São Daniel Comboni fundou a congregação a 1 de junho de 1867 em Verona, Itália, para as missões da África.

O novo superior geral nasceu há 46 anos em Harar, a quarta cidade santa muçulmana, no Leste da Etiópia.

Fez os primeiros votos em Hawassa, em 1991, e foi ordenado em 1995 depois de terminar o curso de teologia em Roma.

Passou dois anos no Egito a aprender o árabe e quatro no Sudão.

Em 2001 regressou à Etiópia. Trabalhou na primeira evangelização entre os Guji e no postulantado.

Eleito provincial em 2005, presidiu à Associação de Superiores Maiores do seu país.

Foi eleito assistente geral durante o Capítulo de 2009.

Os Missionários Combonianos estão a celebrar o XVIII Capítulo Geral na casa generalícia em Roma desde 6 de setembro.

No dia 1 de outubro têm uma audiência com o Papa Francisco.

O Capítulo, sob o tema «Discípulos missionários combonianos ao serviço da alegria do Evangelho no mundo de hoje», encerra a 4 de outubro.

27 de setembro de 2015

ALEGRIA, SERVIÇO, CARIDADE

© JGarcía

«A alegria acompanha o serviço missionário na caridade.»

Esta foi a mensagem central que o cardeal Fernando Filoni, prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, deixou aos capitulares combonianos na Eucaristia deste domingo.

O cardeal Filoni era para presidir à Eucaristia de abertura do XVIII Capítulo Geral dos Missionários Combonianos, a 6 de setembro, mas a sua agenda não o permitiu.

Por isso, hoje foi o presidente da Eucaristia dominical na capela da casa generalícia dos combonianos em Roma.

O cardeal Filoni recordou que mantém ligações com os combonianos desde os anos 70 quando era coadjutor de uma paróquia na área.

Durante a homilia, notou que o tema do capítulo geral está ligado à A alegria do Evangelho, exortação apostólica do Papa Francisco.

Os combonianos celebram o XVIII Capítulo Geral sob o tema Discípulos missionários combonianos chamados a viver a alegria do Evangelho no mundo de hoje.

O prefeito da ex-Propaganda fide remarcou que a exortação apostólica apresenta a visão da Igreja do Papa argentino e o caminho que quer seguir durante o seu pontificado.

«Somos chamados a participar desta visão e deste caminho», indicou.

Falou também da alegria de estar com os combonianos: disse que o dicastério para a evangelização está interessada no que a congregação vai fazer.

«Quero expressar a mais profunda gratidão pelo serviço que rendeis ao Evangelho, à Igreja e aos pobres», disse.

Sublinhou que a alegria é o denominador comum entre o trabalho capitular e a qualidade do serviço missionário nos próximos anos.

«Alegria que se renova e comunica», acrescentou.

Recordando alguns parágrafos fundamentais de A alegria do Evangelho, o Cardeal Filoni sublinhou que a abertura a que o Papa convida é inclusiva, positiva e não marginalizadora.

Referindo-se ao evangelho do domingo, deixou um alerta: «Não podemos ter ciúmes do Reino de Deus nem ser patrões da graça de Deus.»

O cardeal Finoli almoçou com os capitulares.

XVIII CAPÍTULO GERAL: ÚLTIMA SEMANA


O Capítulo entra na sua última semana de trabalhos. Um momento decisivo não só para os delegados capitulares, mas também para todos os confrades que, nas várias circunscrições, estão à espera de conhecer as orientações emersas, depois de um mês de avaliação e de programação, e que deverão guiar o Instituto durante os próximos seis anos.

Entretanto, o Cardeal Fernando Filoni, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos (Propaganda Fide), preside à Eucaristia de domingo na capela da Casa Generalícia dos Combonianos, em Roma para nos ajudar a redescobrir a dimensão universal do nosso compromisso em comunhão com a missão evangelizadora universal da Igreja.

Durante a semana de 21 a 26 Setembro os delegados capitulares estiveram concentrados sobre a reflexão e o discernimento dos três temas prioritários do Capítulo – Missão, Pessoa e Reorganização – com a intenção de formular decisões operativas concretas.

Numa primeira fase, discutiu-se e aprovou-se, em sessão plenária, o texto elaborado pela Comissão Especial, a quem se tinha confiado a tarefa de redigir a mensagem introdutória das Atas Capitulares, com o objetivo de inspirar os membros do Instituto no processo de renovação e de redescoberta da nossa vocação missionária comboniana.

De seguida, os capitulares reuniram-se de novo em três grupos, cada um com a incumbência de desenvolver um dos três temas previamente selecionados.

Depois, cada grupo voltou a apresentar o texto para a discussão, na sala, sendo depois confiado o mesmo texto a uma pequena equipa de capitulares, que elaboraram a redação final, partindo das sugestões feitas pelos capitulares.

Os textos revistos foram novamente apresentados em sessão plenária, para serem votados, ponto por ponto, por maioria absoluta.

Prevê-se concluir este processo já na próxima segunda-feira, dia 28 de Setembro, incluindo a aprovação definitiva do texto final do Capítulo. Um texto que, por vontade expressa dos delegados capitulares e de um número considerável de outros combonianos, não deve ser longo e, quanto possível, limitar-se aos aspetos essenciais sobre os temas escolhidos.

A última semana será decisiva também por um outro motivo: a partir de terça-feira, 29 de Setembro, iniciará o processo de votação para a eleição do Superior Geral e dos quatro assistentes gerais. Os delegados ao Capítulo, com base nas orientações emergidas e nas provocações do Espírito, estão convidados a eleger o Conselho Geral que deverá liderar o Instituto até 2021, fazendo com que este viva com maior fidelidade e espírito criativo o nosso carisma comboniano em um mundo sedento de uma mensagem de alegria e de libertação.

Por isso, dirigimo-nos, de novo, a todos os confrades combonianos, nesta fase tão decisiva, para continuarem a rezar pelo bom êxito do Capítulo.

22 de setembro de 2015

MISSÃO, PESSOA, REORGANIZAÇÃO


Chegámos a um momento importante do caminho que iniciámos na semana passada com a identificação das áreas fundamentais a aprofundar no XVIII Capítulo Geral dos Missionários Combonianos: missão, pessoa e reorganização. Estes temas emergiram do diálogo nos grupos continentais e foram aprovados na Aula.

Cada capitular escolheu o tema em que se considera mais competente. Assim, foram formados três grupos de trabalho que apresentaram um esquema com os pontos essenciais de cada um dos temas. Depois, na Aula, cada grupo apresentou as suas conclusões para debate na assembleia com a intenção de as enriquecer.

Sobre o tema da missão foi evidenciado o desafio que a Evangelii gaudium apresenta de uma «Igreja em saída» para estar mais próxima dos últimos. O novo modelo de missão chama-nos a rever as nossas formas de trabalhar. As especializações formativas devem orientar-se à urgência das diversas áreas de evangelização. Confirmamos o empenho pela reconciliação, justiça, paz e integridade da criação como parte integral do anúncio do Evangelho.

No que respeita à pessoa, o grupo, na sua apresentação, sublinhou a internacionalização crescente do Instituto. Este dado requere uma formação de base que ajude a acolher o dom e o desafio da multiculturalidade no diálogo e respeito recíproco.

Estamos conscientes da importância de cultivar relações interpessoais de amizade e ajuda fraterna nas nossas comunidades para sermos testemunhas da boa-nova do Evangelho.

No tema da reorganização, foi sublinhado o desafio da «nova missão» e a diminuição do pessoal. Aspetos que nos tornam conscientes da importância de continuar a dar um serviço de qualidade à Igreja e à sociedade. A reorganização do Instituto tem que se realizar a níveis vários, partindo da base, passando à província, continente e administração geral.

Agora, cabe aos grupos elaborar o esboço de um texto que acolha as sugestões da Aula e as converta em indicações operativas concretas para o próximo sexénio.

O XVIII Capítulo Geral dos Missionários Combonianos sobre o tema Discípulos missionários chamados a servir a alegria do Evangelho no mundo de hoje começou a 6 de setembro na Casa Generalícia em Roma.

Agradecemos a todos os confrades que nos apoiam com a sua oração pelos trabalhos do Capítulo e de uma maneira muito especial aos que nos fazem chegar mensagens de encorajamento.

JORNADAS MISSIONÁRIAS 2015



Conclusões

O Centro Paulo VI, em Fátima, acolheu os cerca de 300 participantes nas Jornadas Missionárias Nacionais que se realizaram a 19 e 20 de setembro.

Missão sempre e em todas as frentes. Ad Gentes e Igrejas particulares foi a temática sobre a qual se procurou refletir através de conferências, workshops, testemunhos e diálogo em assembleia.

Depois deste trabalho, podemos concluir:

1. Portugal está convocado para a missão, mas a resposta é ainda muito ténue.

2. É fundamental ter claro que a missão ad intra não anula a missão ad extra.

3. É vital que as dioceses entrem num dinamismo de partilha de pessoas e bens.

4. As geminações de algumas dioceses (Leiria-Fátima / Sumbe e Braga / Pemba) são rosto de uma Igreja aberta, universal e solidária.

5. Os participantes alegraram-se ao verem em vídeo os primeiros passos da comunidade cristã criada na Mongólia há 20 anos. A informação sobre outras Igrejas particulares favorece a comunhão eclesial e o compromisso missionário.

6. O Decreto Ad Gentes sobre a atividade missionária da Igreja, aprovado há 50 anos no fim do Concílio Vaticano II, apresenta desafios cruciais para hoje. Assim:

     a. O início da missão acontece na experiência de Cristo no meio de nós.

     b. A Igreja é missionária na sua natureza e, como tal, quando falta a missão, não há Igreja. A pastoral nas paróquias só se entende se organizada de maneira missionária.

     c. A finalidade da missão não pode ficar somente no anunciar ou no conhecer; é imprescindível fazer discípulos.

     d. Os caminhos da missão terão que passar pelo testemunho, caridade e diálogo.

     e. A renovação das paróquias e dioceses só acontecerá quando existirem iniciativas missionárias.

7. As Obras Missionárias da Igreja (Infância Missionária, São Pedro Apóstolo, Propagação da Fé, União Missionária) são propostas que procuram envolver todo o povo de Deus na missão da Igreja. É preciso conhecê-las para entrarmos nesta rede universal de solidariedade espiritual e material.

8. A Igreja em Portugal celebra o 5º aniversário da Carta pastoral «Como Eu vos fiz fazei vós também». Para um rosto missionário da Igreja em Portugal que propõe a criação de Centros Missionários Diocesanos e Grupos Missionários Paroquiais. Estes caminhos levam as comunidades a descobrir que sair é uma riqueza e não um empobrecimento. Há dioceses que já deram esse passo; é fundamental que outras acreditem e o concretizem.

9. A missão de alto risco foi-nos trazida, em primeira pessoa, pelo P. Paul Karam, libanês, de rito maronita e Presidente da Caritas nacional. O Médio Oriente é hoje, para os cristãos, terra de mártires. Estamos comprometidos com este drama que gera milhões de refugiados. Vamos abrir as portas e o coração aos nossos irmãos que fogem da morte e da perseguição. Salvar vidas é uma grande missão.

10. As próximas Jornadas Missionárias serão realizadas em Fátima a 17 e 18 de setembro de 2016.

Fátima, 20 de setembro de 2015

16 de setembro de 2015

TEMPO DE DISCERNIMENTO


Depois de um tempo de escuta da realidade do nosso Instituto, iniciámos a fase de discernimento para escolher as prioridades da missão comboniana. Ontem terminámos a fase do ver em que escutamos as diversas relações. Começou na quinta-feira, 10 de setembro, com a relação do Conselho Geral, apresentada pelo P. Enqique Sánchez, superior geral. Seguiram os secretários gerais e os continentes: América e Ásia, África francófona, África anglófona e, para concluir, Europa.

A fase do ver deu-nos a oportunidade de ter uma visão da realidade complexa do Instituto. Recolhemos as preocupações, problemas e sonhos dos nossos irmãos comprometidos em vários campos missionários nas diversas partes do mundo. Particularmente, recordamos a situação grave de guerra no Sudão do Sul, República da África Central e o nordeste da República Popular do Congo, onde os combonianos lá presentes dão um testemunho de «partilhar a sorte» da gente, valor fundamental do carisma comboniano. Das relações saíram sinais de vitalidade, como o florescimento das comunidades cristãs comprometidas no anúncio do Evangelho e na promoção humana.

Escutámos com interesse as intervenções da superiora geral das Missionárias Combonianas, Luzia Premoli, da geral das Missionárias Seculares Combonianas, Isabella Dalessandro, e do coordenador internacional dos Leigos Missionários Combonianos, Alberto de la Portilla. Fizeram-nos compreender melhor a necessidade de aperfeiçoar o intercâmbio de informação e colaboração entre os membros da família comboniana. A missão, hoje, requer de todos nós uma ministerialidade que expresse a riqueza e complementaridade de todas as formas de materialização do carisma comboniano para melhor responder ao desafio da nova evangelização.

Na fase do ver manifestou-se com claridade a exigência de um compromisso concreto e profético no campo da reconciliação, da justiça, da paz e da integridade da criação. Consideramos este aspeto essencial na nossa atividade e testemunho missionários. Os pobres e marginalizados chamam-nos a caminhar e a lutar com eles para a transformação social por um mundo mais justo e solidário.

Começamos agora a segunda fase do «julgar» que se inicia a 16 de setembro. O Capítulo entra agora no momento em que procurará identificar as prioridades e desafios principais da missão para discernir sobre eles.

MENSAGEM SOLIDÁRIA


Participantes no Capítulo Geral dos Missionários Combonianos escreveram uma mensagem de solidariedade a um confrade que corre perigo após confrontar publicamente a mafia napolitana.

O P. Alex Zanotelli vive na igreja de Rione Sanità, um dos bairros populares mais violentes de Nápoles, na Itália.

O missionário denunciou e confrontou a camorra durante o funeral de um menor assassinado no bairro na semana passada.

Genny Cesarano, 17 anos, foi morto a 5 de setembro durante um tiroteio.

O funeral juntou um mar de gente na igreja de Sanità e o acontecimento foi coberto pelos meios nacionais, incluindo a TV.

A mensagem expressa solidariedade ao missionário que ao levantar a voz contra o crime organizado pôs a vida em risco:

Caríssimo padre Alex,

Nós, combonianos participantes no XVIII Capítulo Geral do Instituto, desejamos exprimir o apoio pleno ao teu compromisso no Rione Sanità de Nápoles pela valorização da vida e da dignidade humana numa realidade marcada pela cultura da violência e dominada pela criminalidade organizada.

Apreciamos a coragem das tuas palavras na denúncia da camorra durante os funerais do menor Jenny, enésima vítima da violência criminal, e o teu convite à comunidade de Rione Sanità a não se resignar, a levantar a cabeça e olhar o futuro com esperança.

Conhecedores do delicado momento que estás a viver, asseguramos a nossa proximidade e a lembrança na oração para que o Senhor te acompanhe no «partilhar a sorte» com mulheres de homens de boa vontade para o renascimento do bairro da Sanità.

Um abraço fraterno.

A missiva foi assinada por 68 dos 78 participantes no XVIII Capítulo Geral que começou em Roma a 6 de setembro e termina a 4 de outubro.

O Capítulo é a assembleia magna do Instituto que reúne cada seis anos para avaliar o caminho feito, projetar o futuro e eleger o governo geral.

O P. Alex foi diretor de Nigrizia, uma revista comboniana italiana. Viveu em Korogocho, um bairro de lata em Nairobi, Quénia, antes de se mudar para o bairro de Sanità.

É das vozes mais proféticas e carismáticas da congregação e da igreja italiana.

15 de setembro de 2015

MISSÃO DE VIDA


Catarina Furtado escreveu O que vejo e não esqueço para partilhar a sua «missão de vida enquanto cidadã e voluntária.»

O livro entreabre imensas janelas sobre a sua vida, os valores fundacionais que a movem, o trabalho como embaixadora de boa vontade da UNFPA, o Fundo da ONU para a População, figura pública, apresentadora, documentarista e atriz.

«Já me perguntaram muitas vezes, ao longo destes quase 25 anos de carreira como comunicadora, de onde vem esta minha preocupação com os outros, esta inquietação. Costumo responder que terá nascido comigo e que cresceu por força das pessoas e dos momentos que mais me marcaram, alguns dos quais decidi agora partilhar convosco», diz na apresentação da obra.

E acrescenta: «Seja como for, a verdade é que estou absolutamente convencida de que a minha passagem por esta vida tem um propósito muito claro: apoiar quem mais precisa.»

«Tornei-me voluntária, desenvolvendo ações de solidariedade em Portugal e pelo mundo inteiro […] porque acredito, com muita força, no poder de cada um de nós para modificar o que está mal», explica.

Catarina narra a sua história e apresenta as pessoas que cosem a trama dos seus afetos e compromissos de cidadania. Conta quem é e quem conhece, a sua história e as histórias que a marcaram. Um depoimento motivador!

Participei no lançamento do livro a 8 de junho com uma intervenção via internet a partir de Roma onde me encontrava em trabalho.

Conheci a Catarina em Juba em 2012 através da terceira série Príncipes do Nada da RTP em que participei.

Com o Hugo e o Ricardo, operador de câmara e produtor, entregou-se com um entusiasmo contagiante e um profissionalismo impressionante ao trabalho num contexto pouco amigo.

Entrevistou o Irmão António Nunes, enfermeiro comboniano, Cathy Groenendijk, uma ugandesa que iniciou uma casa para meninas da rua e a mim. Visitou o hospital pediátrico de Juba, o bairro de onde vêm muitas das meninas da Confident Children out of Conflict e a paróquia Católica de Munuki. Manteve mitos contactos formais e informais.

Admiro o seu trabalho como embaixadora de boa vontade e documentarista de causas.

É importante que figuras públicas como a Catarina deem voz e vez a pessoas e situações que escapam ao radar da comunicação social porque são considerados assuntos menores para uma informação cada vez mais espetáculo estridente.

Li O que vejo e não esqueço durante as férias. Foi uma ótima companhia pela força da partilha de vida e de vidas e pelos ensinamentos para uma vida mais humana, mais solidária e menos autorreferencial.

Obrigado, Catarina! Que venha a quarta série de Príncipes do Nada.

13 de setembro de 2015

BISPOS COMBONIANOS REUNEM EM FÁTIMA


Dezassete bispos combonianos reuniram-se em Fátima de 24 a 31 de agosto num encontro bienal para trocar ideias e experiências pastorais.

Também estiveram presentes o P. Angel Lafita, em representação da direção geral dos Missionários Combonianos, e o P. Victor Dias, vice-provincial, que foi o anfitrião do encontro.

Apesar de algumas irregularidades nos voos e perda de malas todos os participantes chegaram bem.

Nos primeiros três dias, os participantes partilharam as realidades eclesial e social das dioceses que servem na África, América do Sul e Península Arábica.

Também prepararam o seu contributo para o XVIII Capítulo Geral que decorre em Roma de 6 de setembro a 4 de outubro.

Os prelados combonianos elegeram Dom José Franzelli, bispo de Lira, Uganda, como seu representante na assembleia magna do Instituto.

Os restantes dias foram divididos entre encontros sobre o «fenómeno Fátima» e a atualidade da sua mensagem para a Igreja de hoje.

Os encontros com o bispo da diocese, D. António Marto, e o reitor do Santuário, P. Carlos Cabecinhas, foram do agrado de todos.

Dom Odelir Magri, bispo de Chapecó, Brasil, foi o celebrante principal da missa dominical na esplanada a 30 de agosto. Durante a semana alguns bispos presidiram a atos religiosos diversos na Capelinha das Aparições.

Os bispos visitaram as casas dos três pastorinhos em Aljustrel, Viseu, a casa-mãe dos Combonianos em Portugal, e Santarém, o noviciado comboniano europeu.

O acolhimento no Santuário de Fátima foi maravilhoso e os participantes tratados «como bispos» com estada gratuita e autocarro do Santuário à disposição.

O reitor do Santuário esmerou-se para que todos se sentissem muito bem.

Ofereceu mais de 5000 terços que os bispos levaram para as respetivas dioceses e vicariatos apostólicos.

Os participantes partiram com a alegria no rosto e a vontade firme de voltarem a Fátima.

Os Missionários Combonianos contam com 20 bispos, incluindo cinco eméritos, entre os 1575 membros.

Três bispos servem a Igreja no Uganda e dois na República da África Central. Os outros dez estão na Etiópia, Eritreia, Sudão do Sul, Chade, África do Sul, Arábia do Norte, Peru, Brasil, Equador e Costa Rica.

Dois dos cinco bispos jubilados foram pastores no Sudão e os outros três na Etiópia, Chade e Brasil.

12 de setembro de 2015

SUDÃO DO SUL: MISSIONÁRIO ALVEJADO


P. Placide (E) com jovens de Mapuordit

Um missionário comboniano foi ferido a tiro por salteadores que atacaram a viatura em que viajava no estado de Lagos, Sudão do Sul.

O P. Palcide Majambo foi atingido nas costas por uma bala, mas encontra-se fora de perigo.

O ataque ocorreu na estrada entre Rumbek e Mapuordit pelas 18h00 de sexta-feira, 11 de setembro, a uma dezena de quilómetros da missão.

O missionário comboniano tinha ido às compras a Rumbek, a capital do estado de Lagos, com alguns colegas e funcionários do hospital da missão.

Regressavam a Mapurodit quando um homem armado com farda militar apareceu do capim e fez sinal para parar a viatura numa zona de floresta.

O condutor acelerou e passou os salteadores.

Um abriu fogo sobre o carro e estilhaçou a janela traseira.

O P. Placide foi atingido por uma bala na zona lombar.

O irmão comboniano Rosário Iannetti escreveu uma mensagem via correio eletrónico a dar conta do acidente.

O superior da missão, médico-cirurgião e diretor do hospital de Mapuordit relata que o P. Placide está fora de perigo mas com muitas dores.

Precisa de ser evacuado por avião para Nairobi, Quénia, para extração do projétil.

A bala está alojada numa área delicada perto da pleura.

O P. Placide é da República Democrática do Congo e tem 33 anos.

Está em Mapuordit há três anos onde fez o serviço missionário depois de terminar os estudos teológicos. Foi ordenado há 11 meses no Congo.

O Sudão do Sul vive em guerra civil há 18 meses. A segurança está cada vez mais deteriorada com a abundância de armas nas mãos de civis.

Os assaltos à mão armada nas estradas do país são cada vez mais frequentes, sobretudo nas rotas mais movimentadas.

11 de setembro de 2015

CAPÍTULO: TRÊS PRIMEIROS DIAS


O XVIII Capítulo Geral dos Missionários Combonianos, que está a decorrer em Roma, começou na manhã de segunda-feira com a apresentação do Estatuto do Capítulo pelo P. Pietro Ciuciulla, membro da Comissão Pré-capitular. Este documento é um instrumento que guia o desenvolvimento do Capítulo e é útil para a planificação das suas diversas fases. À tarde, o trabalho foi feito a nível de grupos continentais para ver e sugerir mudanças, emendas ou moções para o melhorar.

De volta à aula, os capitulares partilharam pontos de vista e cada grupo apresentou as respetivas propostas. No dia seguinte, continuou-se com a votação das diferentes emendas até o Estatuto ser finalmente aprovado. A mudança principal em relação ao Capítulo anterior é que se dá mais tempo à fase de discernimento feito em grupos e assim se consegue uma metodologia mais adequada ao fim pretendido. Evidenciou-se o desejo de que este Capítulo não caia na tentação de produzir um documento longo, mas que se concentre no conteúdo de um texto focado sobre algumas prioridades do Instituto.

Depois da aprovação do calendário dos trabalhos, a sessão da tarde de terça-feira, 8 de setembro, foi dedicada ao discernimento em grupos para encontrar as pessoas mais adequadas para cada um dos serviços do Capítulo.

O dia concluiu com a eleição dos quatro escrutinadores.

Na quarta-feira, 9 de setembro, a sessão começou com a eleição dos oficiais e continuou durante todo o dia.

Conselho da Presidência: P. Enrique Sánchez, presidente; P. Giuseppe Moschetta e P. Manuel Augusto Lopes Ferreira.

Secretário-geral: P. Pietro Ciuciulla.

Moderadores: P. Pedro Andrés Miguel, P. Joseph Mumbere Musanga, Ir. Alberto Degan e P. Rogelio Bustos.

Comissão especial: P. Rafael Ponce (coordenador), P. Dario Bossi e P. Jeremias dos Santos Martins.

A Comissão central é constituída pelo Secretário-geral, os quatro moderadores e o coordenador da Comissão especial. Coordenam o trabalho do Capítulo.

Escrutinadores: Ir. Matthias Adossi, Ir. Dessu Yisrashe, Ir. Humberto da Silva Rua e P. Felix Cabascango.

Comunicadores: Ir. Alberto Lamana (coordenador), P. Jean Claude Kobo e P. Efrem Tresoldi.

Comissão litúrgica: P. Roberto Turyiamureeba, Ir. Jean Marie Mwamba e P. Alcides Costa.

Comissão recreativa e cultural: P. Juan Armando Goicochea, P. Karl Peinhopf e P. Ramon Vargas.

O dia concluiu com a celebração de vésperas da solenidade de São Pedro Claver, patrono do Instituto.

5 de setembro de 2015

PRONTOS!





Os capitulares concluíram a semana de introdução e estão prontos para iniciar o Capítulo com a abertura solene na eucaristia de domingo, 6 de setembro.

A semana começou com a apresentação dos 67 capitulares, 10 observadores e facilitador presentes. Cada continente preparou uma passagem bíblica e um símbolo para o representar. Em grupos, os participantes partilharam sentimentos, medos e expectativas. Conversão, diálogo e simplicidade foram as palavras-chave mais repetidas.

O XVIII Capítulo Geral tem por tema «Discípulos missionários combonianos chamados a viver a alegria do Evangelho no mundo de hoje» inspirado em A alegria do Evangelho do Papa Francisco. Dom Marcelo Semeraro, bispo de Albano e secretário do grupo dos nove cardeais que assistem o Papa, explicou as linhas de força da exortação apostólica no segundo dia. No terceiro, orientou um retiro sobre o capítulo Evangelizadores com Espírito.

Nos últimos dois dias da semana de introdução, o facilitador, Irmão Enzo Biemmi, debruçou-se sobre as atitudes necessárias para um capítulo de discernimento e comunhão. A Comissão Pré-Capitular apresentou os esboços do Estatuto e do programa do Capítulo e o documento Síntese temática para o discernimento.

Dois detalhes: a DSP ofereceu um ícone de São Daniel Comboni do padre Sieger Köder para presidir ao Capítulo. As Irmãs Missionárias Combonianas enviaram uma vela que arde na Sala Capitular durante os trabalhos.

Algumas curiosidades: 52 por cento dos capitulares tomam parte no evento pela primeira vez. 34 capitulares são de origem europeia, 20 africanos e 13 das Américas (51% europeus e 49% não europeus).

3 de setembro de 2015

MALDIÇÃO DO MINÉRIO


A África é rica em recursos naturais, mas quase metade dos africanos vive abaixo da linha da pobreza.

A África é depósito de cerca de um terço dos recursos naturais do planeta: tem 80 por cento das reservas de platina, fornece mais de metade dos diamantes brutos comercializados, produz 40 por cento do ouro; um quinto do tântalo usado em telemóveis, computadores e outros produtos de tecnologia digital vem da República Democrática do Congo, que tem metade das reservas globais de cobalto, um mineral necessário para a produção de superligas usadas na aviação; a Guiné-Conacri possui uma das maiores reservas de bauxite, o minério com que se faz o alumínio, a liga que domina a indústria global; Nigéria e Angola extraem juntas mais de quatro milhões de barris de crude por dia...

Com tanta riqueza a jorrar das entranhas da África, como é possível haver tantos pobres na região?

Li o livro A Pilhagem de África de Tom Burgis para tentar perceber o que se passa no continente. Burgis é um jornalista de investigação que escreve sobre «senhores da guerra, oligarcas, multinacionais, contrabandistas e o roubo da riqueza africana». Analisou a indústria da extracção de recursos naturais em vários países – incluindo Angola, República Democrática do Congo, Nigéria, Guiné-Conacri e Níger – e encontrou um padrão que se repete: estrangeiros extraem riquezas imensas que as elites partilham para enriquecimento próprio. Chama-lhe «a maldição dos recursos».

Os governantes celebram contratos opacos com multinacionais ou investidores sem rosto em condições especiais a troco de favores pessoais. As mineradoras são isentas de impostos, pagam uma taxa mínima pelo que extraem e movem capitais por meio de engenharias financeiras que defraudam o erário púbico dos países produtores.

As populações locais sofrem as consequências da mineração: deslocações forçadas, poluição, empobrecimento. Os ganhos? Esses vão direitinhos para os bolsos dos investidores e dos detentores do poder, políticos e militares, e respectivas clientelas.

Governantes corruptos criam sistemas paralelos para gerir contratos através de esquemas nebulosos. A indústria extractiva mantém no poder «dinossauros da corrupção» como Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, da Guiné Equatorial, e José Eduardo dos Santos, de Angola, ambos no poder há 36 anos, e Robert Mugabe, do Zimbabué, presidente há 35 anos. O Banco Mundial documentou a existência de um saco azul de mais de 32 mil milhões de dólares da venda de petróleo angolano para o regime cuidar das clientelas.

A exportação de matérias-primas e a importação de bens de consumo também empobrece a economia africana: o processamento dos minerais chega a aumentar o seu valor até 400 vezes.

Depois há a violência por parte das autoridades ou de rebeldes para controlar as jazidas – como aconteceu com os diamantes de sangue em Angola e Serra Leoa e acontece no Zimbabué e no Leste da República Democrática do Congo. E de grupos que lutam para tentar aceder ao bolo das riquezas naturais ou para defender o direito a uma vida melhor.

Há também a constante chinesa: empresas estatais e privadas que oferecem crédito barato a regimes africanos párias, cobrando as dívidas em género: petróleo e minerais. A economia chinesa aumentou oito vezes entre 2000 e 2012 e devora quantidades enormes de crude e minerais para se alimentar. Durante o mesmo período o volume de negócios da China com a África cresceu de 13 mil milhões de dólares para 180 mil milhões. A China está a financiar dois terços das obras públicas africanas e empresta mais dinheiro ao continente que o Banco Mundial.

Esta situação tem de mudar! O cardeal ganês Peter Turkson disse ser «moralmente inaceitável, politicamente perigoso, ambientalmente insustentável e economicamente injustificável que os povos em vias de desenvolvimento continuem a alimentar o desenvolvimento dos países mais ricos à custa do seu presente e do seu futuro».