16 de dezembro de 2014

ESPELHO OU ESPONJA?


Havia um homem que tinha dois filhos e uma vinha! E disse aos filhos para irem trabalhar para a vinha. 

Um disse que não ia, mas foi; o outro disse que ia mas não pôs lá os pés!

Jesus inventou esta estória que Mateus conta no capítulo 21, versículos 28 a 32, para dizer aos líderes judeus, os que disseram sim mas não foram, que os colectores de taxas e as prostitutas – os que disseram não, mas se arrependeram e foram para a vinha – é que fizeram a vontade do Pai da vinha.

Porque acolheram o convite de João Batista à conversão.

Esta estorinha diz que o primeiro trabalho na vinha do Senhor – de que todos somos humildes trabalhadores  – é a conversão. Ou, como escreve o Papa Francisco em A alegria do evangelho, «a Igreja não evangeliza, se não se deixar continuamente evangelizar» (Nº 174).

Como evangelizamos? Como o espelho ou como a esponja?

Explico: o espelho reflecte a luz do sol sem se deixar tocar por ela nem a tocar. A esponja embebe-se de água para depois a libertar ao mesmo tempo que fica encharcada!

Podemos espelhar  a Palavra para os outros ou podemos encharcar-nos dela para depois a partilharmos. Mesmo que tenhamos de ser espremidos...

A conversão em grego diz-se metanóia, que significa ir para além do conhecimento, de nós mesmos, passar da racionalidade que tudo justifica ao coração que a todos ama.

Vivemos numa sociedade ensimesmada. A moda dos selfies é um indicador do narcisismo que cultivamos, o euismo. 

A conversão tira-nos do centro e centra-nos nos outros. Outro modo de conjugar o verbo amar!

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