Acontece não no primeiro dia da semana — como as outras que se deram durante a oração dominical da comunidade no contexto da celebração eucarística — mas nos dias úteis, em ambiente de trabalho, na ordinariedade do humano viver, na labuta suada e às vezes suja e sem grande sucesso do ganha-pão.
Simão Pedro disse: «Vou pescar» e os outros responderam: «Também nós vamos contigo». Foram e naquela noite não pescaram nada. Acontece!
O Ressuscitado aparece-lhes, anónimo, na madrugada de um trabalho mal sucedido.
E ajuda-os: «Lançai a rede para a parte direita do barco». Eles fizeram-no e apanharam 153 peixões.
Perante pescaria tão abundante e fora de horas, o discípulo amado reconhece o Senhor no estranho que lhes dá indicações preciosas.
Pedro faz o contrário do que habitualmente fazemos na praia: veste a túnica (andava nu no barco, qual padroeiro dos nudistas) para se atirar ao mar e faz uma prova de 100 metros braçadas para alcançar o Vivente.
João conta que quando desceram para a praia viram peixe a grelhar num braseiro com pão por cima.
Jesus prepara o mata-bicho e serve-os. Um gesto de cuidado cheio de ternura. A continuação do lava-pés.
Afinal, também podemos encontrar o Ressuscitado nas ocupações ordinárias e às vezes mal sucedidas do tempo que corre.
A narrativa também tem um significado alegórico: a barca representa a Igreja, a pesca é o serviço missionário — que tem noites de insucesso. Mas seguindo as instruções do Senhor, a pesca torna-se abundante, abarca todos os povos. E a rede não se rasga em a barca vai ao fundo. A Igreja não se auto-destrói com a sua expansão missionária.
Cada dia é dia de Páscoa, da manifestação do Senhor Ressuscitado, na vida da comunidade em geral e dos crentes individualmente.
Sem comentários:
Enviar um comentário