6 de maio de 2020
África: DESAFIOS DA COVID-19
A prevenção é a arma africana contra o novo coronavírus.
Em África, o primeiro caso positivo de covid-19 foi registado a 14 de Fevereiro de 2020 no Egipto num estrangeiro assintomático. A 20 de Abril, o novo coronavírus tinha chegado à maioria dos países africanos – excepto Lesoto e Comores – com 22 313 casos confirmados e 1124 vítimas mortais (dados oficiais da OMS). A África do Sul era o país com mais casos registados (3158), enquanto a Argélia arrolava o maior número de óbitos (375).
A maioria dos Estados africanos tem serviços de saúde muito frágeis e estruturas sanitárias pobres. Há hospitais que nem electricidade têm quanto mais ventiladores e oxigénio. Depois, o continente regista uma incidência alta de malária, sida e tuberculose e tem problemas de nutrição. Por isso, a palavra de ordem dos governos tem sido, desde o princípio, prevenir e prevenir com medidas bastante agressivas, incluindo o recolher obrigatório, impostas muitas vezes à bastonada e mesmo à bala pelas forças de segurança.
O missionário comboniano P.e Francisco Machado vive em Acra, a capital do Gana. Escreve que o Governo «está a enfrentar esta emergência causada pela covid-19 com cuidado e firmeza», decretando o estado de emergência nas três zonas mais povoadas do país.
As campanhas de prevenção incluem a lavagem das mãos e a distância social, que é difícil de manter sobretudo em bairros pobres sobrelotados. Por outro lado, muitas famílias sobrevivem por meio de negócios informais nos passeios das ruas e das estradas.
A resposta à pandemia tem sido coordenada pelo Centro de Controlo de Doenças da União Africana – que oferece assistência técnica e aconselhamento aos governos – e pelos blocos regionais. China e Cuba ajudam com pessoal de saúde e os Chineses com meios. Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e Banco de Desenvolvimento Africano financiam fundos de emergência. Há governos que fecharam totalmente as fronteiras dos seus países; outros colocaram em cerca sanitária as zonas mais atingidas. As escolas e espaços públicos também fecharam, mas no Burundi ainda se disputa o campeonato de futebol.
A economia africana, que registava uma vitalidade saudável, está a ressentir-se com a pandemia. Com um terço da humanidade entre portas e aviões em terra, o consumo diminuiu bastante e as indústrias das flores, pescas, agricultura, mineração e turismo não têm mercado nem conseguem escoar a produção.
Os meios de comunicação social e sobretudo os telemóveis estão na linha da frente no combate do novo coronavírus com campanhas de prevenção e de informação contra notícias falsas. No Uganda, algumas vendedoras da capital usam o aplicativo Market Green para fornecer clientes de casa a casa para evitar contacto social. Na Nigéria, o ensino é feito via rádio.
Os dirigentes religiosos fecharam igrejas e mesquitas e organizam campanhas de jejum e oração em família, recorrendo às transmissões na Internet. Contudo, protestos violentos obrigaram o presidente da Tanzânia a manter as mesquitas abertas. Na Gâmbia e na Nigéria, os planos para a peregrinação a Meca estão suspensos.
A África tem uma população muito jovem e o clima geralmente é bastante quente. Espera-se que estes dois factores sirvam de travão ao novo coronavírus no continente.
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