1 de junho de 2016

MISSIONÁRIAS FICAM NOS MONTES NUBA APESAR DA GUERRA


Três missionárias combonianas escolheram ficar nos Montes Nuba, no sul do Sudão, apesar dos riscos de um ataque maciço iminente das forças do Governo ao condado de Heiban controlado pelos rebeldes.

A Agência de Auxílio e Reabilitação do Sudão, o braço humanitária dos rebeldes do SPLM-N que controlam os Montes Nuba e a área do Nilo Azul, escreveu a todos os estrangeiros para abandonarem a região até 1 de junho dada a eminência de um ataque maciço das forças de Cartum.

A força aérea bombardeou uma escola primária católica em Kauda a 25 de maio. Uma professora queniana ficou ferida no ataque.

A Troika (Estados Unidos, Reino Unido e Noroega) condenou o ataque e pediu às partes para pararem com a violência e permitirem o acesso de agentes humanitários na área.

As três irmãs combonianas da comunidade de Gidel, cidadãs do Uganda, México e dos Montes Nuba, decidiram ficar com a população e refugiar-se nas cavernas rochosas das montanhas juntamente com um médico americano que dirige o hospital católico local.

A superiora da comunidade escreveu que o pároco as aconselhou a viajarem para o campo de refugiados de Yida, no Sudão do Sul.

Depois de um discernimento comunitário, as missionárias decidiram ficar.

«Temos que deixar as pessoas quando a situação está assim ou permanecemos com elas durante este tempo doloroso», a superiora explicou à provincial numa mensagem electrónica.

«Não fizemos esta escolha apoiadas na nossa própria força. Confiámos-nos ao Senhor colocando toda a nossa confiança nele. Isto não quer dizer que não temos medo. Nós temos e a situação está má», revelou.

«Hoje foi muito mau. Permanecemos quase toda a manhã nas trincheiras. Três jatos MIG falharam o H mas lançaram quatro pedras. Agradecemos a Deus porque estamos ainda vivas», escreveu em código.

H representa o Hospital Mãe de Misericórdia e as pedras bombas.

Contou que no dia 28 as irmãs tinham feito a despedida a uma missionária que a partir deste mês pertence à província dos Estados Unidos. 

Mas ela decidiu permanecer em Gidel e não viajou para o Sudão do Sul a 1 de junho como estava previsto.

A provincial deixou uma nota de esperança na sua mensagem: «Eventualmente os Nuba vão acompanhar as irmãs para as cavernas nas montanhas onde sobreviveram outra ataque gigante de Cartum. Estarão seguros nas cavernas, mas as condições são muito difíceis no que diz respeito à água e comida.»

Lamentou que quanto mais rezam pela paz e pela ajuda de Deus, com mais força o Diabo trabalha.

«Rezemos pelo povo nuba e pelo fim desta guerra sem sentido com o sofrimento consequente para o povo», terminou.

Nuba Reportes contabilizou 4082 bombas lançadas pelo Governo sobre alvos civis nos Montes Nuba desde Abril de 2012, altura em que a guerra civil recomeçou na região.

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