Querido Daniel Comboni, meu irmão, meu pai e meu fundador:
São 10h14. Mais ou menos a esta hora há 127 anos falecias em Cartum, a capital deste país enorme, a tua terra santa.
Tinhas só 50 anos. As canseiras, as desilusões e as febres acabaram com a tua fibra robusta. Morreste na África que amaste como o primeiro amor da tua juventude.
Deste-te incondicionalmente a estes povos que amaste como pai.
Hoje o Bispo de Wau, Rodolfo Deng, celebrou a missa na nossa capela. Fez memória de ti como o fundador desta igreja. Falou da tua doação incondicional e do exemplo dos missionários que marcaram a sua infância e juventude.
Hoje voltei a reler as tuas duas últimas cartas: descrevias a morte de (mais) um dos teus colaboradores e na outra a tua preocupação com a tua amiga Virgínia. Fiel aos teus missionários e à amizade até ao fim.
Nas duas cartas terminas com uma referência à cruz.
«Que aconteça tudo o quer Deus quiser. Deus nunca abandona quem nele confia. Ele é o protector da inocência e o vingador da justiça. Eu sou feliz na cruz, que levada de boa vontade por amor de Deus gera o triunfo e a vida eternal».
Estas são as tuas últimas palavras escritas que tesouro como inspiração para também eu poder viver a cruz não como um peso mas como triunfo e vida. Intercede por mim.
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