Agulha e linha dançam entre os dedos das mulheres beduínas no deserto da Cisjordânia. Traçam pequenos sinais de luz com o bordado tradicional palestiniano: cartões de natal que contam a beleza e a fragilidade desta terra amada —a cabana aberta para o céu, as estrelas que guiam, as ovelhas, os camelos e os burros que acompanham o mistério do nascimento de Jesus.
O Natal aproxima-se, e nas pobres cabanas de zinco do deserto as mulheres bordam sem parar com mãos pacientes e corações cheios de esperança.
Na Cisjordânia, onde o conflito e a insegurança marcam o dia-a-dia, onde a ameaça de expulsão pesa sobre o único lugar a que chamam de casa, elas continuam a criar, acreditar e esperar.
Com dedicação, preparam também enfeites para a árvore de natal: não bolas metálicas, frias, mas criações vivas, tecidas com cor, paciência e dignidade.
Imagine uma árvore na sua casa ou na sua igreja, adornada com estes bordados! Sinais silenciosos de uma solidariedade que une os corações além de qualquer distância.
E enquanto preparam pequenos saquinhos, delicados como confetes, tornam-se mensageiras de paz e partilha.
Tudo está pronto...
Neste Natal, voltemos o nosso olhar para a Terra Santa e o seu povo: para fazer renascer a esperança, abrir o coração à solidariedade e reconhecer nas «manjedouras» de hoje os lugares onde Deus se faz próximo, na simplicidade e na ternura desarmada de quem vive nas margens da vida.
«Entrar em contacto com os pobres e os impotentes é uma forma fundamental de encontrar o Senhor da história», recorda o Papa Leão XIV.
Há alguns meses, levámos uma máquina de costura nova para a pequena aldeia beduína e eu disse, quase sem pensar: «E se eles os atacarem novamente, o que acontecerá à máquina?»
Uma das mulheres, mãe de seis filhos — três dos quais com menos de onze anos — respondeu-me com uma calma que partiu o meu coração: «Quando os virmos chegar, vou correr para a salvar».
Esta manhã, outro grupo de colonos chegou antes do amanhecer e destruiu com uma máquina escavadora a casa de uma família da aldeia.
«Esta noite não vamos conseguir dormir», dizem as mulheres, enquanto recebem linhas e tecidos para bordar.
Trabalham contra o tempo, entre o medo e a esperança, sabendo que qualquer dia pode ser a sua vez.
No entanto, continuam a bordar.
Decorações para as árvores de natal, postais com Maria, José e o Menino Jesus — que também nasceu aqui, nesta terra ferida, à noite, vulnerável.
A pergunta delas é urgente: «Podemos ficar, pelo menos, até ao Natal?»
Ir. Cecília Sierra
Missionária Comboniana no Deserto da Cisjordânia
Se quiseres celebrar um natal solidário e comprar alguns dos produtos bordados pelas beduínas do Deserto de Judá deixa o teu contacto nos comentários. Obrigado! Shukran!
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