10 de dezembro de 2021

FÉRIAS FORÇADAS







Viajei para a Etiópia com um visto de turista, mas, para obter a licença de residência e a autorização de trabalho — oficialmente sou professor voluntário, preciso de um visto ONG. A Igreja Católica na Etiópia — o meu empregador legal — é classificada como organização não governamental.

No fim do mês de novembro viajei para Nairobi, Quénia com um colega da R. D. do Congo que estava nas mesmas circunstâncias para pedir um visto ONG.

O processo — que normalmente leva dois a três dias (no caso do colega) — demorou quase duas semanas para mim. O governo etíope acusa o Oeste de apoiar os rebeldes tigrinos no confronto com o governo federal e pode ser que tenham demorado a passar o visto em retaliação.

Fomos acolhidos em Nairobi — uma cidade em crescimento constante, verde e agradável — na sede provincial dos combonianos. Os colegas receberam-nos fazendo jus à proverbial hospitalidade africana.

Nas duas semanas que aqui passei tive oportunidade de visitar cinco comunidades na capital e inteirar-me de algumas iniciativas da província.

Há dez anos tinha visitado o início da nova missão de Embakasi, numa zona residencial a tomar forma na planície do aeroporto.

Hoje, a paróquia está a funcionar a todo o gas e abriu uma escola secundária em Utawala. A escola, iniciada há quatro anos, tem 125 estudantes divididos por quatro turmas do oitavo ao décimo segundo anos e oito professores. O complexo conta com laboratórios de informática, fisico-química e biologia e um refeitório.

Os missionários planeiam alargar a oferta ao ensino infantil e primário e querem melhorar as instalações desportivas.

O programa de reabilitação Napenda Kuisishi é outro desenvolvimento interessante. Iniciado em 2006, destina-se a tratar e reintegrar jovens dos 13 aos 19 anos com dependência de drogas provenientes do bairro de lata de Korogocho, Nairobi. O programa tem em Kibiko uma quinta para acolher até 26 rapazes que precisam de internamento para serem tratados e reintegrados na sociedade.

Os que estão em idade escolar, voltam para a escola. Em 2017, os combonianos abriram na quinta um centro de formação para garantir um futuro profissional aos jovens recuperados nas áreas de carpintaria, eletricidade, pichelaria, construção civil e serralharia. A formação dura um ano e é totalmente gratuita.

Também visitei a comunidade de Kariobangi onde missionárias e missionários combonianos desenvolvem diversos programas pastorais e sociais, tendo inclusive com um pequeno banco. A igreja paroquial foi alargada e os trabalhos de decoração estão a ser ultimados.

Durante estas duas semanas, tive oportunidade de visitar a Universidade de Tangaza — que nasceu como faculdade de teologia e cresceu noutras áreas do saber — e o centro de estudos de teologia dos combonianos na área. Além de reencontrar o P. Silvestre Hategek’Imana, comboniano ugandês com quem trabalhei largos anos na Etiópia, descobri com surpresa e muita alegria que Ababayo Garramu — um jovem de Haro Waro, a missão onde servi durante seis lindos anos — está no segundo ano de teologia!

Celebrei a solenidade da Imaculada Conceição na casa das combonianas que trabalham no Sudão do Sul, uma oportunidade para rever três missionárias que conheci em Juba. E visitei o Centro de Kivuli no bairro de Riruta, que promove muitas pessoas necessitadas através do ensino, da saúde e do artesanato.

Nestas ferias forçadas também encontrei algumas pessoas amigas que não via há muito e que o acaso nos juntou na capital do Quénia.

Sábado, 11 de dezembro, voo para Adis-Abeba para retomar o meu serviço missionário em Qillenso. Sem mais férias forçadas, espero!

2 comentários:

Unknown disse...

ZÉ MUITA FORÇA POIS POIS NÃO ESTA A SER FACIL FERIAS COM MUITO TRABALHO UM BEIJINHO E BOA VIAGEM PARA A MANHÃ PARA MAIS DESAFIOS

Tomás Gonçalves disse...

Férias com novas muito boas e agradáveis. Seja sempre assim. Abraço. Tomás