Teodoro Obiang e Robert Mugabe
Na África mandam alguns dos presidentes de mais longa duração do presente.
O Congresso do MPLA, o Movimento Popular de Libertação de Angola, reconduziu José Eduardo dos Santos no leme do poder em Agosto durante o VII Congresso. Uma prenda de anos para um dos presidentes mais longevos da África e do mundo. Herdou a presidência do partido e do país à morte de Agostinho Neto em 1979.
Contudo, o título de mandatário mais longo vai para Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, que dirige a Guiné Equatorial com punho de ferro há 37 anos. Chegou ao poder por meio de um golpe de Estado em 1979. Na tabela da Liberdade no Mundo 2016 da Freedom House a Guiné Equatorial está entre os dez países menos livres do mundo. Três quartos da população vivem na pobreza apesar do petróleo.
José Eduardo dos Santos ocupa a segunda posição como estadista mais veterano, com 37 anos de governo. Anunciou que vai abdicar em 2018 depois de concorrer às eleições gerais de 2017. Alguns observadores dizem que querem ver para crer: o anúncio pode ter sido uma estratégia para desviar a atenção mundial da oposição ao regime. Angola é o maior produtor de petróleo da África, mas dois terços da população vivem com menos de dois euros por dia.
Robert Mugabe é o decano dos presidentes – tem 92 anos – e ganhou as primeiras eleições em 1980, depois da independência do Zimbabué. Está no poder há 36 anos e não dá sinais de cansaço político.
Outros presidentes africanos de longa duração são Paul Biya, a mandar nos Camarões desde 1982 por via constitucional; Yoweri Museveni, presidente do Uganda desde 1986 ao vencer a guerra civil; Omar al-Bashir usurpou a presidência do Sudão em 1989; Idriss Deby governa o Chade desde 1990 depois de um golpe de Estado; Isaias Afwerki chegou ao poder na Eritreia na sequência da independência e transformou o país num enorme campo de concentração; Yahya Jammeh tomou o poder na Gâmbia em Julho de 1994; Denis Sassou Nguesso governa a República do Congo há 19 anos depois de uma guerra civil que venceu com a ajuda de Angola em 1997. Já tinha sido presidente entre 1979 e 1992; e Paul Kagame, o rebelde que derrotou o Governo do Ruanda em 1994 e pôs fim ao genocídio; começou por ocupar a vice-presidência. É presidente desde 2000, mas pode ficar até 2034 com a legislação que fez passar.
Os líderes perpetuam-se no poder à custa do controlo apertado da segurança, do aparelho de Estado e da economia: distribuem benesses para comprar apoios, mudam as Constituições quando os limitam, alguns vencem eleições antes de as urnas abrirem.
Há quem passe o poder aos filhos numa sucessão dinástica republicana: o presidente Obiang nomeou o filho segundo vice-presidente da Guiné Equatorial; Museveni tentou preparar a sucessão do rebento, mas a oposição não deixou; Santos meteu dois filhos no Comité Central do MPLA durante o último congresso e entregou a empresa estatal do petróleo à filha Isabel. A Forbes diz que é a mulher mais rica da África, com uma fortuna avaliada em quase três mil milhões de euros.
Os 11 mandatários-dinossauros africanos somam juntos 307 anos no governo. O poder sem limites nem controlos corrompe e tende a perpetuar-se à falta de sistemas políticos sem mecanismos legais à prova de presidentes (quase) vitalícios.
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