3 de abril de 2014

PÃO (RE)PARTIDO


Hoje, rezámos a Eucaristia como espaço/caminho para a Santidade Comboniana a partir do texto da multiplicação dos pães e peixes (Mateus 14:13-21), passando pelo quebrar do vaso de perfume caro de alabastro (Mateus 26:6-14) e terminando na narrativa da penúltima ceia (Mateus 26:26-30). Sim, porque a última ceia é o banquete eterno do Reino que Jesus está a celebrar.

A compaixão, o sofrer com (mais do que a pena ou a empatia) é o ponto de partida para os gestos eucarísticos de Jesus que têm sempre quatro momentos: 1) Jesus tomou o pão (e o cálice com vinho), 2) deu graças/abençoou-o, 3) partiu-o e 4) deu-o.

Com estes gestos Jesus deu de comer a uma multidão e instituiu a Eucaristia.

Os discípulos só tinham cinco pães e dois peixes, mas Jesus disse-lhes: «Trazei-os aqui!» (Mateus 14:18). Talvez este seja o versículo mais curto de toda a Bíblia – apenas três palavras – mas que encerra o segredo da abundância da comida para todos: a PARTILHA! O pouco com a bênção de Deus chega e sobra: 12 cestos de restos de pão e peixe…

A fome existe no mundo porque vivemos sem Deus. Em vez de tomar o produto da terra e dar graças, as grandes corporações que controlam a economia mundial tomam os bens produzidos e guardam-nos.

Dana-me e parte-me o coração ver que, de acordo com um relatório da UNEP sobre a crise mundial da alimentação, os produtores conseguem bens suficientes para fornecer a cada pessoa 4600 kilo-calorias por dia. E uma pessoa passa bem só com 2500 kilo-calorias como pão quotidiano. A fome vem do desperdício (30 por cento da comida é estragada nos Estados Unidos da América) e de tirar a comida d boca das pessoas para a dar aos motores através dos chamados biocombustíveis feitos com a cana-de-açúcar e outros alimentos… Ou usando-os para criar animais. A UNEP diz num relatório sobre a crise da comidaque para produzir um quilo de carne um animal tem que comer três quilos de cereal!...

O Papa Francisco escreve na Exortação Apostólica Evangelii Gaundium que «a Eucaristia não é um prémio para os perfeitos, mas um remédio generoso e um alimento para os fracos» (nº 47).

A Igreja católica necessita de rever a Teologia Sacramental que arreda muitos dos fiéis da mesa eucarística. Como rezamos antes da comunhão, nenhum de nós é feito de aço puro, com o coração e a alma «inoxidados» ao pecado. Somo antes indignos anfitriões que necessitamos da Palavra salvadora de Jesus.

Ámen!

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