É um convite claro a aprender a conjugar o verbo acolher:
- Acolhê-lo como o primeiro e maior amor da nossa vida, a nascente do amor aos outros e de outros amores;
- Acolhê-lo na cruz de cada dia, na oferta da vida aos outros como caminho de salvação;
- Acolhê-lo naqueles com que Ele se identifica: os seus missionários, os profetas e os justos, os discípulos mais pequeninos.
Deus também toma a forma de hóspede, encarna nos forasteiros, nos migrantes, nos pobres.
No caldo cultural do individualismo narcisista globalizado em que vivemos urge recuperar a arte do acolher. Porque precisamos uns dos outros, pertencemo-nos uns aos outros.
A pandemia global prova como estamos tão interdependentes: um novo coronavírus que surgiu num remoto mercado chinês de animais selvagens vivos alastrou-se ao mundo inteiro e já contaminou dez milhões de pessoas e matou quinhentas mil.
Precisamos uns dos outros para nos protegermos e para nos cuidarmos: máscaras, álcool gel e distância social são parte da arte de acolher.
Finalmente, temos que reaprender a acolher Deus.
O Salmo 89 convida-nos a caminhar à luz do rosto do Senhor. Usa três substantivos para definir a Deus: misericórdia, fidelidade, bondade.
Temos muitas ideias feitas de Deus. São produto da educação e das experiências de vida – que temos de revisitar e converter para acolher o Deus da Vida.
Deus é bom e só nos abençoa com a sua bondade. O que acontece de maldade na nossa vida não vem de Deus, mas das circunstâncias do nosso quotidiano e do fundo do nosso coração.
O Senhor encheu-nos da sua bondade, porque «a terra está cheia da sua bondade» (Salmo 33, 5).
Aprender a conjugar o verbo acolher é também apropriar-se a bondade que está no nosso coração, reconhecê-la e cumpri-la através do serviço amoroso a quem precisa. Assim somos abençoados.
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