Desertos cheios de árvores carregadas de frutos foram das vistas mais espantosas que encontrei nas minhas andanças por aí.
Ligamos a palavra deserto a lugar morto, mas as vastidões áridas contêm um potencial enorme de vida se tiverem humidade. Em Israel e no Egipto, foi a rega gota-a-gota que veio resgatar a aridez e cumprir a profecia dos desertos que vão alegrar-se e florescer (Isaías 35: 12).
Esta imagem veio-me à mente enquanto rezava a primeira leitura de hoje: «Assim como a chuva e a neve descem do céu, e não voltam mais para lá, senão depois de empapar a terra, de a fecundar e fazer germinar, para que dê semente ao semeador e pão para comer, o mesmo sucede à palavra que sai da minha boca: não voltará para mim vazia, sem ter realizado a minha vontade e sem cumprir a sua missão» (Isaías 55:10-11).
O nosso coração pode parecer um deserto seco, árido mas está cheio de promessa à espera da humidade fecundadora, a Palavra de Deus. É essa a sua missão: fecundar-nos como fecundou o seio virgem de Maria. E Deus garante que ela cumpre a sua missão antes de voltar para Ele. Se nós deixarmos e abrirmos a nossa vida ao orvalho vitalizador do Espírito do Senhor a que também chamamos graça ou amor. Alguém traduziu «ó cheia de graça» (Lucas 1. 28) por «cheio do amor do amado.»
Daí que seja importante criar pequenos nichos quotidianos de silêncio para acolher a Palavra que «fecunda e faz germinar» a bondade imensa que Deus semeou no nosso coração. Sim, porque se a bondade do Senhor enche a terra inteira (Salmo 33:5), também enche o meu coração que é parte da terra. O desafio da Quaresma é deixar a bondade de Deus – e a sua beleza – germinar no nosso coração.
Uma sugestão: se queres rezar usando a internet – e porque não? – há um sítio muito interessante que te pode ajudar: chama-se Passo a rezar e oferece-te uma gravação áudio de 12 minutos com a Palavra de Deus, e a palavra e música dos homens que podes baixar para o MP3. Desfruta!
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