Hoje fui à missa da comunidade Zande.
Cruzei-me com este povo da África Central numa cadeira de antropologia durante o curso de missiologia que frequentei em Londres enquanto estudava teologia.
Fascinaram-me com a sua organização política e social. Eram chamados os romanos de África pelo modo como conquistaram outros povos e criaram um imenso império.
Vivem no Sudão, na RD Congo e na República da África Central.
Quando estudei os Zandes e a sua organização nunca imaginei que viria a viver com um deles. Desde há três semanas que o Irmão Paul vive connosco. É um zande de Yambio que terminou o noviciado e fez a primeira profissão em Maio. Está a dar os primeiros passos na Rádio Bakhita.
Hoje fui com ele à missa da sua comunidade. Mas primeiro tivemos que encontrar a capela. O que foi um caso sério. O Paul é novo em Juba e só tinha visitado a comunidade zande uma ou duas vezes com um irmão que trabalha para as Nações Unidas. Acabámos por entrar e nos sentar numa capela protestante. O Paul disse-me que não parecia bem a capela zande. A capela em que nos sentámos estava ao lado de outra de pentecostais que mais parecia uma discoteca pelo modo como as pessoas cantavam e dançavam.
Primeira nota: os Zandes são pessoas muito belas. Tês castanho-clara, corpos elegantes, cara longa e hamoniosa. O sorriso é lindérrimo!
Segunda nota: os cânticos são acompanhados por um xilofone artesanal gigante tocado por dois executantes. Um grupo de dez bailarinas pequenas dançava durante os cânticos. Também usam tambores, guisos e pandeiretas.
Terceira nota: A capela é grande, coberta de colmo e forrada por dentro a plástico. Para proteger os fiéis dos ratos que caíam do colmo e caminhavam sobre a protecção. A comunidade está a juntar dinheiro para fazer uma capela de blocos. Precisam de cerca de 50 mil euros.
Quarta nota: A missa foi uma autêntica babel de línguas: o padre celebrou em inglês, as pessoas respondiam em zande, as leituras foram também em zande, eu li o evangelho em inglês e o padre fez a homilia em árabe. Enfim, Deus é poliglota e lá se amanha com tanta língua junta!
Quinta nota: Adorei a experiência e prometi voltar! Infelizmente, esqueci-me da máquina fotográfica em casa. Fica para a próxima! Prometo... Aquele xilofone impressionou-me.
10 de agosto de 2008
ZANDES
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