UMA VACA JAPONESA!...»
Os subsídios para agricultores europeus e norte-americanos foram tema do encontro da Organização Mundial do Comércio, em Hong Kong. Parece um assunto para economistas. Não é. Tem que ver com todos nós.
Há décadas que somos confrontados com a produção subsidiada de vegetais e de carne dos agricultores europeus e dos EUA. Numa palavra: fomos aceitar a lógica do mercado livre, mas esse princípio só vale para uns. O proteccionismo continua a ser válido desde que beneficie os próprios países ricos.
Fiquemos com um primeiro facto: uma vaca europeia recebe dois euros diários por via dos referidos subsídios. Uma vaca japonesa recebe 5,7 euros. Milhões de pessoas, entretanto, vivem com 82 cêntimos de euro por dia.
Uma segunda questão: será que esses subsídios vão para o agricultor pobre da Europa? Admire-se o leitor incauto. O príncipe Alberto do Mónaco não será um camponês pobre. Mas ele juntamente com a rainha Isabel da Inglaterra, figura entre os 58 agricultores mais beneficiados pela chamada PAC (Política Agrícola Comum) da União Europeia.
A terceira questão é uma pergunta: o leitor sabe o que é o “dumping”? Pois eu não sabia. Aprendi o conceito quando seguia a intervenção da malawiana Irene Banda na referida reunião em Hong Kong. Pois o “dumping” consiste na fixação de preços abaixo dos custos de produção para liquidar a competição. Isso está sendo feito, por exemplo, para o algodão. Os produtores de algodão de África enfrentam esta gigantesca imoralidade. Vamos ver como.
Com uma primeira ressalva: ao falar de algodão não nos referimos a um produto. Falamos, sim, de 20 milhões de africanos que dependem da sua produção. Não é, como se pode ver, um assunto para economistas. O algodão é um bom exemplo de como as distorções comerciais e o tal “dumping” falsearam as normas do relacionamento entre os países.
Os reflexos desta injustiça mostram como podemos entender a chamada «ajuda» dos chamados “doadores”. Em cinco anos, 25 mil produtores dos Estados Unidos receberam 9,8 mil milhões de euros em subsídios. Ao mesmo tempo, devido a uma descida brutal dos preços internacionais do produto, mais de 10 milhões de agricultores africanos sofreram uma dramática queda de rendimentos. Em 2001, a ajuda financeira dos EUA ao Mali foi de 31 milhões de euros. O país perdeu por causa desta política proteccionista cerca de 35,4 milhões de euros. O «dumping» do milho nos EUA representa para países como as Honduras, Equador, Venezuela e Peru a perda de 3,3 mil milhões de euros por ano.
A conclusão pode ser apenas esta. Nós, pobres do Terceiro Mundo, pedimos aos ricos o seguinte: não nos dêem mais. Basta que não tirem mais.
Há décadas que somos confrontados com a produção subsidiada de vegetais e de carne dos agricultores europeus e dos EUA. Numa palavra: fomos aceitar a lógica do mercado livre, mas esse princípio só vale para uns. O proteccionismo continua a ser válido desde que beneficie os próprios países ricos.
Fiquemos com um primeiro facto: uma vaca europeia recebe dois euros diários por via dos referidos subsídios. Uma vaca japonesa recebe 5,7 euros. Milhões de pessoas, entretanto, vivem com 82 cêntimos de euro por dia.
Uma segunda questão: será que esses subsídios vão para o agricultor pobre da Europa? Admire-se o leitor incauto. O príncipe Alberto do Mónaco não será um camponês pobre. Mas ele juntamente com a rainha Isabel da Inglaterra, figura entre os 58 agricultores mais beneficiados pela chamada PAC (Política Agrícola Comum) da União Europeia.
A terceira questão é uma pergunta: o leitor sabe o que é o “dumping”? Pois eu não sabia. Aprendi o conceito quando seguia a intervenção da malawiana Irene Banda na referida reunião em Hong Kong. Pois o “dumping” consiste na fixação de preços abaixo dos custos de produção para liquidar a competição. Isso está sendo feito, por exemplo, para o algodão. Os produtores de algodão de África enfrentam esta gigantesca imoralidade. Vamos ver como.
Com uma primeira ressalva: ao falar de algodão não nos referimos a um produto. Falamos, sim, de 20 milhões de africanos que dependem da sua produção. Não é, como se pode ver, um assunto para economistas. O algodão é um bom exemplo de como as distorções comerciais e o tal “dumping” falsearam as normas do relacionamento entre os países.
Os reflexos desta injustiça mostram como podemos entender a chamada «ajuda» dos chamados “doadores”. Em cinco anos, 25 mil produtores dos Estados Unidos receberam 9,8 mil milhões de euros em subsídios. Ao mesmo tempo, devido a uma descida brutal dos preços internacionais do produto, mais de 10 milhões de agricultores africanos sofreram uma dramática queda de rendimentos. Em 2001, a ajuda financeira dos EUA ao Mali foi de 31 milhões de euros. O país perdeu por causa desta política proteccionista cerca de 35,4 milhões de euros. O «dumping» do milho nos EUA representa para países como as Honduras, Equador, Venezuela e Peru a perda de 3,3 mil milhões de euros por ano.
A conclusão pode ser apenas esta. Nós, pobres do Terceiro Mundo, pedimos aos ricos o seguinte: não nos dêem mais. Basta que não tirem mais.
(1200 milhões de pobres absolutos, segundo Relatório da ONU de 2002, mas a cifra sobe a 2800 milhões de fizermos a conta aos que têm um rendimento só um pouco acima de um dólar. Pobres absolutos são considerados os que têm um rendimento inferior a 365 dólares anuais).
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