27 de abril de 2019

INTERCULTURALIDADE



O XVIII Capítulo Geral dos Missionários Combonianos tratou e aprofundou o tema da interculturalidade nos Documentos Capitulares 2015 (DC ’15, 33 e 47) e confiou ao Conselho Geral que «dedique pelo menos um ano de formação permanente ao tema da interculturalidade» (47.6).

O Conselho Geral destinou-lhe o ano de 2019.

A Carta para introduzir o ano de reflexão sobre a interculturalidade que o Conselho Geral escreveu com o Secretariado-Geral da Formação – e que foi publicada em separata na Família Comboniana de Janeiro – conclui assim:

«Graça e desafio: a interculturalidade é acima de tudo graça, carisma que tem a força de uma semente para se tornar árvore que dá fruto. E se torna projecto de vida que requer que nos tornemos pessoas “competentes” para o poder assumir e realizar, para rejubilar deste dom porque aqueles que o vivem, crescem em direcção à sua plenitude, pessoalmente, como comunidade e como missionários do Reino, “capazes” de assumir as fadigas, as renúncias, as tensões e os desafios deste dom.»

A interculturalidade afigura-se como ponto de chegada de um processo longo e complexo que começou com a internacionalização do Instituto, passou pela multiculturalidade e é uma das formas mais efetivas de presença missionária na Europa – e na Igreja – de hoje (DC ’15, 47.2).

Numa Europa xenófoba, medrosa, populista, é fundamental o testemunho comunitário da comunhão tranquila e vivificante de missionários de diferentes continentes e idades como um valor, um caminho para se ser feliz.

Uma comunidade intercultural é testemunho eloquente e palpável dos novos céus e da nova terra que alvorejam do Jardim da Ressurreição.

É sacramento do sonho de Deus para uma humanidade e criação renovadas, fruto do Pentecostes, a festa do fogo do Espírito Santo que faz com que gente de proveniências muito distintas ouça anunciar, nas suas línguas, as maravilhas de Deus (Actos 2, 11).

Esta nova humanidade, que nasce do coração aberto do Senhor ressuscitado, leva-nos a viver a interculturalidade como filhos da Ressurreição, e «torna-se profecia da nossa missão de construir uma humanidade nova» (DC ’15, 47.5).

A interculturalidade vivida em comunidade sem «ansiedade, frustração, indiferença ou superficialidade» é «uma graça para crescer quer na identidade de combonianos quer na qualidade das relações interpessoais e na profecia da missão» (DC ’15, 47.3).

Vai para lá de uma convivialidade tranquila e feliz – que inclui o intercâmbio dos modos de dizer e viver Deus, alimentos, bebidas, melodias e padrões – e enriquece o carisma comboniano com novas expressões, intuições e desafios.

Daí o desafio do Capítulo: «Somos chamados a valorizar, primeiro entre nós, a interculturalidade, a hospitalidade e “a convivialidade das diferenças”, convencidos de que o mundo tem imensa necessidade deste testemunho» (DC ’15, 33).

Agradeço à Comissão da Formação Permanente o programa pessoal, comunitário e zonal gizado para um Ano da Interculturalidade proveitoso, e a cada missionário e comunidade pelo empenho neste percurso que «nos torne “santos e capazes” de fazer frutificar o dom da interculturalidade» – como conclui a carta de Roma.

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