11 de abril de 2019
E AL-BASHIR CAIU…
O Presidente do Sudão, Omar al-Bashir, caiu depois de quatro meses de protestos da sociedade civil a pedirem o fim do seu regime tirano de quase 30 anos.
O ministro da defesa e vice-presidente interino, General Awad Ibn Auf, anunciou esta tarde na TV em Cartum que os militares depuseram o presidente e assumiram o poder por dois anos em nome do povo para preparar eleições livres através do Alto Conselho das Forças Armadas que ele lidera.
O levantamento popular contra o regime de al-Bashir começou em Atbara a 19 de dezembro de 2018.
Manifestantes incendiaram a sede no NCP, o partido de al-Bashir, em protesto contra o aumento do preço do pão e a falta de combustíveis e de dinheiro em circulação.
As manifestações de rua a exigir a mudança de regime alastraram-se a outras áreas do país opondo manifestantes às forças de segurança que mataram 37 pessoas e prenderam centenas de civis.
Alaa Salah, a mulher-ícone do levantamento popular rebaptizada Rainha Kandaka, escreveu no Twitter que «só aceitamos um governo de transição civil composto por forças da Declaração de Liberdade e Mudança.»
A Associação de Profissionais Sudaneses – o motor do levantamento – disse que o que houve foi um golpe palaciano entre as forças armadas para reciclar o regime de al-Bashir e só aceitam um governo civil de quatro anos que prepare uma nova constituição e eleições livres.
O bispo auxiliar de Cartum, Daniel Adwok comentou numa mensagem que me enviou: «O diabo está nos detalhes.»
O golpe desta manhã em Cartum evoca memórias do que se passou no Cairo onde os militares tomaram conta do poder.
É difícil prever o que vai acontecer nas ruas do país. As pessoas cantam: «Removeram um ladrão e substituíram-no por outro ladrão!»
Por enquanto as fronteiros e o espaço aéreo sudanês mantêm-se encerrados.
O ex-presidente está «em lugar seguro», disse Ibn Auf.
O futuro de al-Bashir é uma incógnita: com dois mandados de captura passados pelo Tribunal Penal Internacional, o ex-presidente vai ter que encontrar algum amigo que lhe dê exílio e garanta protecção para não acabar no tribunal de Haia para prestar contas dos crimes de guerra e contra a humanidade cometidos no Darfur.
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